Ou ela ou eu 2

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Assim que as duas foram embora, fechei a porta. Me afundei no sofá da sala, geralmente era lá que eu ficava pensando na vida. Foi assim que eu estava antes de ter a bendita ideia de entrar no quarto da minha prima.
Depois de passar longas horas pensando e relembrando os olhares que troquei com a talvez namorada da minha prima, adormeci ali mesmo. Estava tão cansada que não tive energias para esperar ela chegar.
Acordei com batidas na porta. Batidas fortes como se alguém estivesse desesperada para entrar. Apesar do receio abri mesmo assim.
-Onde ela está? -Quis saber uma mulher ruiva de cabelos curtos que aparentemente estava nervosa por está ali.
-Quem é você? -Perguntei assustada.
-Onde está a Júlia? -Falou.
-Ela saiu. Não está aqui. Quem é você? -Perguntei novamente.
-Eu sou a namorada da infeliz da sua prima. - Falou a mulher enfurecida.
"Namorada?" pensei e foi inevitável não me assustar com aquela notícia, minha prima nunca havia falado que tinha namorada. E não fazia sentido ela ter namorada. Ela estava transando com outra mulher horas antes. Como assim ela tinha namorada? Apesar da minha surpresa. Tentei disfarçar e ajudar a moça que estava bastante alterada e nervosa.
-Senta. Vou pegar um copo de água para você. -Falei indo em direção a cozinha.
Após pegar o copo de água, levei para a moça que estava batendo os pés no chão demonstrando nervosismo. Ela tomou a água em um gole só.
-Desculpe não poder ajudar. Não sei que horas ela volta. -Falei.
-Ela saiu com outra não foi? Me diz ? -Perguntou firme.
E claro que eu não sabia o que dizer. Dedurar minha prima assim, do nada? Para uma desconhecida? Não me parecia uma boa ideia.
-Eu não sei. Ela apenas saiu. -Respondi, já que tudo que eu menos queria era causar confusão.
-Olha isso. -Falou a menina me mostrando seu celular. Para ser mais exata, era a última mensagem trocada com minha prima. Na mensagem, Júlia dizia que estava com dor de cabeça e ficaria em casa, finalizou com um "eu te amo" e quatro corações. Pelo visto, minha prima havia mentido na cara dura para a ruiva.
-Como ela teve coragem de fazer isso comigo? Por favor. Me diga a verdade. Ela saiu com ela, não saiu? -Me perguntou, só que dessa vez mostrou a foto de Ana, a mulher que estava com minha prima horas antes. Eu odiava a ideia de mentir, mas também odiava saber que aquela menina estava sendo enganada por Júlia. Apenas engoli em seco e ela, claro, percebeu que a resposta seria sim.
-Desgraçada. -Disse colocando as mãos sobre os olhos e iniciando uma crise de choro. Ver alguém chorando era de partir meu coração. Mas eu não sabia o que fazer com uma ruiva que acabou de saber que estava sendo traída pela namorada sentada no meu sofá.
-Posso fazer alguma coisa para te ajudar? -Perguntei na tentativa de saber o que fazer. Porém ela não me respondeu, apenas chorava. Então apenas me calei, fiquei ali ao seu lado vendo-a se debulhar em lágrimas.
Passada meia hora, minha prima finalmente chegou. E é claro que já imaginava a briga que iria rolar naquele apartamento. Assim que Júlia viu a ruiva que eu ainda não sabia o nome, elas se entreolharam. Minha prima aparentemente pareceu assustada ao vê-la ali. Ana apareceu logo atrás.
-Pegas no flagra. -pensei ao ver aquela cena.
A ruiva se levantou e mostrou o celular para Júlia que ainda permanecia calada.
-Me ama? Tem certeza disso? -Disse e em seguida enfiou a tela do telefone na cara da Júlia, nisso Ana tentou intervir.
-O assunto não é com você. -Falou a ruiva firme, apesar de pequena, ela era autoritária.
-Vamos conversar. -Falou Júlia séria.
-Agora você quer conversar? Justo agora que descobri que você tem uma amante?
-Por favor. Sem escândalos. Eu posso te explicar. -Disse minha prima séria.
A ruiva se controlou, se conteve e concordou.
Júlia olhou pra mim e eu entendi seu olhar, era um pedido para que eu saísse e deixasse-as a sós. Então apenas sai, Ana veio logo atrás. Fui em direção ao parquinho do condomínio. Apesar de pequeno era um lugar calmo e tranquilo e já era quase uma da manhã, não haveria ninguém. Fui em silêncio e fiquei surpresa quando percebi que Ana estava me seguindo.
-Você deve está me achando uma mal caráter, não é mesmo? -Falou ela me olhando, dessa vez olhava de um jeito sério e não sedutor como horas antes.
-Eu não te conheço. Não acho nada. -Falei séria também. Em seguida me sentei no banco, ela parou de frente pra mim e me encarou. Após alguns minutos de silêncio, sentou-se ao meu lado.
-Sua prima é um espetáculo. -comentou.
-Se você não me dissesse eu não saberia. -Falei um pouco sarcástica. Ela sorriu.
-Mas ela não faz muito meu tipo.
-Como não? -Perguntei instintivamente.
-Ela é linda. Mas não é o tipo de mulher que me atrai.
-E existe isso? -Perguntei olhando firme eu seus olhos.
-Claro que existe. -confirmou me fitando.
-Se existe. E se ela é uma menina que não faz o seu tipo. Porque ficou com ela? -Perguntei.
-Ela deu encima de mim durante meses. Sou solteira, por que resistir a uma mulher como ela?
-Talvez porque ela não faça seu tipo - insisti mais uma vez. Ela riu.
-Até parece se uma mulher bonita não desse encima de você, você iria resistir por muito tempo.
-Claro que eu resistiria. -Afirmei, o que era mentira. O problema é que nenhum tipo de mulher dava encima de mim, quem diria as bonitas.
Ela apenas me fitou. Deu uma passada de língua nos lábios e me encarou com seu olhar penetrante. Minha respiração ficou ofegante em milésimos de segundo e lá estava eu, nervosa com aquela situação.
-E eu, faço o seu tipo? -Perguntou ela quebrando o silêncio que havia se instaurando entre nós.
Meu coração quase saiu pela boca, porém antes de responder, fomos interrompidas por minha prima que apareceu chamando por ela.

ManuJade ~ versão antiga! Onde histórias criam vida. Descubra agora