Capítulo 1

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T h o m á z

— Tenha um bom dia, rapaz! – o taxista diz assim que para o carro em frente ao prédio que hoje, se tornará a minha casa. Finalmente um espaço só meu, onde vou poder fazer o que quiser, trazer quem quiser, sem os olhares e repreensões da minha mãe, e a presença do meu irmão, mesmo amando os dois. Eu tenho 21 anos, precisava sair das asas da minha mãe uma hora ou outra, e essa hora chegou.

Respiro fundo antes de cumprimentá-lo de volta. Então, quando solto o ar, apoio a mão na maçaneta e encaro os olhos pequenos do senhor que me encara de volta, aguardando alguma reação minha de sair do carro. Abro um sorriso forçado na direção do retrovisor.

— Igualmente – coloco a mão no bolso de trás da calça jeans e tiro uma nota de 20 dólares amassada para ele, abro a porta, e saio do carro.

Assim que coloco os pés para fora do táxi, e o mesmo vai embora, olho para a faixada do prédio de cima a baixo. É simples, mas bem aconchegante. Quando vim pela primeira vez para olhar se queria mesmo o lugar, de cara, eu já gostei. Não ligo para essas merdas de decoração ou algo do tipo. Se tiver móveis pra eu guardar minhas coisas, um sofá, uma cama e coisas básicas em uma cozinha e banheiro, para mim já está ótimo. A casa perfeita. Gosto da minha bagunça, e mais ainda de que agora, não vou ter a minha mãe no meu encalço dizendo para eu arrumar o quarto. Para falar a verdade, eu estava cansado de ser tratado como a porra de um adolescente. Já tinha passado dessa fase. E finalmente tinha chegado o momento da minha vida que eu decidiria que rumo ela teria.

O sol bate no meu rosto e me cega por um momento quando olho para cima. A luz forte do sol bate nas grandes janelas e principalmente nas varandas de tamanho médio. Por um momento, me imagino fumando um cigarro, e bebendo uma cerveja à noite quando voltar de alguma luta. Realmente Bryan acertou quando me disse que tinha um amigo alugando o apartamento que era a minha cara, e que arrumaria ele para mim.

Sem mais aguentar o sol em cima de mim, dou os passos que faltavam para chegar ao portão, e o porteiro me ver. Passo pelo mesmo, e o fecho com um pequeno gesto. Atravesso a portaria, aceno com a cabeça para o porteiro e entro no elevador. Sinto o telefone vibrando no bolso e então o pego. Quem me ligaria justo nesse momento? Que porra. Quando olho na tela o nome B.C, já imagino o que seja. Aperto o botão e levo o celular a orelha no mesmo momento que saio do elevador.

— Fala, Bryan – digo em um tom notável de cansaço, já imaginando o que ele vai falar.

Quando chego no corredor do meu apartamento, vejo de longe uma garota loira e baixa, mexendo freneticamente na bolsa, e aparentemente com um celular entre o ombro direito e o ouvido, falando alto. Já comecei bem. Vizinhos histéricos e principalmente mulher. Talvez eu não tivesse tido tanta sorte assim...

E aí, cara. Já chegou no apartamento? – a voz de Bryan está mais animada que o normal.

— Estou tentando, mas você ligou justo no momento que estou finalmente chegando em casa – ouço a risada dele do outro lado da linha. Passo pela garota, e então olho para o número da porta ao lado dela. 606.

Puta que pariu. Meu apartamento é justo do lado do dela, e minha animação desceu alguns pontos. Olho para a garota. Pelo menos é bonita...

O quê!? Que babaca, como ele pôde? Se eu estivesse aí chutava o saco dele e dava um soco naquele cretino!

A garota fala enquanto abre a porta e entra no apartamento, batendo a mesma com força em seguida, sem nem reparar que eu estava ouvindo seu momento histérico com quem quer que estivesse do outro lado da linha.

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