Capítulo 38

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T h o m á z

- Caleb, as mesas. Junta em uma só. – Instruo meu amigo enquanto carrego uma pilha de cadeiras até o centro do galpão.

O pessoal está a todo vapor para a organização da festa de fim de ano. Cada um iria para a sua casa, os pedreiros iriam para as suas famílias, muitos não tinham nem um pernil para comemorar. A minha solução foi organizar uma festa de Ano Novo para todo mundo, inclusive suas famílias, no galpão, que já estava pronto. Hoje havia sido o último dia de trabalho, então tudo favoreceu para uma festa de comemoração pelo fim dos trabalhos e começo de uma nova etapa.

O galpão estava cheio, com pessoas se movimentando, crianças correndo, outras colocando enfeites no teto e nas paredes. Lony já estava firme e forte, e estava ajudando também. Já que ele conhece tudo sobre eletricidade e coisas manuais, e ainda tem contatos, organizou tudo para uma queima de fogos particular. Seriam quatro equipamentos dos quais um deles eu iria acionar.

- Lembre-se, garoto, no momento em que o ‘’zumbido’’ sair desse tubo, faça um pedido. É uma tradição de família. Torna tudo mais especial.

Eu estava com essa instrução de Lony na cabeça, pensando no que eu pediria, mas preferi deixar para o momento. O que vier na minha cabeça, vai ser o que é de mais importante para mim. A montagem dos equipamentos prossegue e só termina quando algumas pessoas vão para a cozinha fazer a comida.

O galpão está com algumas luzes acesas, deixando a iluminação principal apenas para quando tudo estiver pronto. Outras pessoas vão trazer alguns pratos de comida de casa, e eu já estava indo para casa fazer o meu. Caleb, Lony e mais algumas pessoas ficaram no galpão tomando conta de tudo. Acelerando a moto, pilotei pelas ruas de Los Angeles. Várias casas estavam acesas com luzes especiais para a comemoração de mais tarde. A praia estava começando a encher, com pessoas esperando o espetáculo de luzes.

Estaciono a moto na garagem de casa e passo pela porta. A primeira coisa que faço é tomar um banho quente. Passo as mãos pelo cabelo, e volto com o movimento, deixando os fios arrepiados. Ergo o rosto para o jato de água quente, deixando ela levar todo o cansaço do dia. Quando saio, me enxugo e coloco uma bermuda qualquer só para cozinhar. Desço e vou direto para a cozinha. Ligando a caixa de som da casa, deixo uma música animada tocar enquanto arrumo tudo para começar a fazer o que eu tenho que fazer.

Primeiro eu pego a caixa de leite, depois a farinha, os ovos, a manteiga, e quando deposito o resto na bancada, começo a fazer a minha especialidade. Um cheesecake de limão. Sem deixar brecha para pensar em quem me ensinou essa receita e que comeu comigo por várias madrugadas, continuo preparando a sobremesa.

Passado os minutos, começo a me arrumar. Coloco uma camisa branca de botões e enquanto os fecho um por um, a minha mente vagueia para uma pessoa específica. Penso novamente em uma coisa que não sai da minha cabeça. Uma pergunta constante. Ela abriu a carta? Ela recebeu? Ou será que rasgou? Jogou fora? Viu a mensagem que eu deixei no verso? E se... e se ela sente aquilo e leu? Fecho os olhos com força tentando não pensar mais nisso, mas a pergunta ronda meus pensamentos como uma maldição. Desvio meus pensamentos para outra coisa. Só que acabo caindo nela de novo. Nesse momento ela deve estar se arrumando também. Será que ela vai passar o Ano novo com alguém? Pelo menos conheceu alguém? Seguiu em frente? Mas um pensamento maior me dominava, como se fosse a resposta, afinal. Ela ainda sente a minha falta tanto quanto eu sinto a dela? Ela pensa em mim? Ou... tem planos para vir para cá?

- Para, Thomáz! Essas perguntas ainda vão te matar – falo para mim mesmo.

Depois de vestir uma calça jeans e tênis, vou na cozinha e tiro o cheesecake da geladeira. Ligo para Caleb vir buscar com o carro dele, porque seria impossível a sobremesa sobreviver comigo na moto. Dez minutos depois ele chega e voltamos para o galpão. Já passa das onze horas e percebo que me atrasei mais do que o normal. Com um pouco mais de pressa, coloco a sobremesa junto com as outras e me reúno com o pessoal. Conversamos animadamente, com taças de champanhe circulando para todos, esperando a hora mais aguardada.

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