Capítulo 19

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T h o m á z

- Anda, Giennah, esse ficou bom.

- Mas não tá curto demais? O que eles vão pensar? É a sua família!

- Pelo amor de Deus, você já vestiu oito vestidos e não gostou de nenhum. Eu dou a minha opinião e você não aceita.

- Mas é claro! Você diz para todos – engrossa a voz – Você ficou muito gostosa nesse. Esse é o problema: eu não quero ficar gostosa. Eu quero estar apresentável.

Ela se analisa na frente do espelho, com o nono vestido e vira de costas, olhando para a bunda. Ela franze o cenho para o que vê, e solta um suspiro. Olho para o celular, vendo as horas. Estamos atrasados e conhecendo a minha mãe, vai me encher o saco quando chegarmos lá. Eu já estou mofando na cama dela, com uma calça jeans, camisa verde musgo e botas, querendo desistir desse jantar em família.

- Não que a minha opinião tenha valido muito nesses 50 minutos em que você tenta escolher uma roupa, mas eu odeio quando você usa vestidos. Prefiro você fora deles. – Meu tom sai casual, despreocupado, mas por dentro eu estou louco para que ela pare de se forçar e apenas seja ela mesma.

- Ah, é? E o que você sugere? Lingerie? Ou melhor, pelada? Realmente, você calado é um poeta.

Reviro os olhos, mesmo que ela não esteja vendo, porque sua atenção está toda no espelho.

- Óbvio que não. Eles confundiriam você com a comida.

E no segundo seguinte, ela está voando sobre mim, e batendo no meu peito.

- Para, Giennah! – eu não sabia se continuava rindo ou se ficava preocupado com a minha vida. Essa mulher batia forte.

- Você tá me chamando de porca, seu ogro?- ela grita entre os dentes a cada tapa desferido em mim.

Nessa manhã, quando liguei para confirmar para a minha mãe que eu levaria uma acompanhante, ela me perguntou se a Giennah tinha alergia a carne de porco, que seria o prato principal da noite. Então eu perguntei para a minha vizinha e ela disse que a única alergia que ela tinha, era de estar com fome e não ter comida. E nesse momento, ela tinha entendido a piada.

Consegui prender os punhos dela, mas não adianta, porque ela começa a me chutar não sei como. Em um movimento brusco, ouço um som de rasgo. Ah, não, puta que pariu.

Ela para de se mexer, alguns fios de cabelo na frente do rosto, os punhos presos nas minhas mãos. Devagar, ela olha para o vestido vermelho (que deixava ela gostosa, mas não tanto quanto calças apertadas), e para o olhar em um ponto específico.

- Eu. Não. Acredito. Nisso. – diz pausadamente. Pois é, vizinha, eu também não. – Eu já estava satisfeita com esse e por sua causa, a porra do vestido rasgou, Thomáz!

- Minha causa? Eu tô te esperando há quase uma hora para finalmente sairmos, já que você não se decide, e fica brava por causa de uma piada.

- Óbvio, seu cretino! Nenhuma mulher quer ser comparada com um porco.

Com um movimento brusco, ela se solta de mim e anda até o armário. Quando ela se vira de lado, vejo o tamanho do estrago. O vestido um pouco justo que quase bate nos joelhos, faltando uns dois dedos, tem um rasgo bem no meio da coxa esquerda.

- Quer saber? Foda-se. Nem sei porque quero impressionar tanto. Eu deveria pensar mais nisso quando estiver indo conhecer a família do meu namorado, e não do meu amigo.

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