Capítulo 9

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G i e n n a h

Aby tinha chegado em casa assim que eu acordei e não parou de falar sobre a noite que tinha passado com o namorado. Eu já não aguentava mais ouvir a minha melhor amiga no meu ouvido dizendo as mesmas coisas de sempre: ‘’Amiga, mas ele chupa de uma forma que meu Deus, eu vi estrelas’’, ‘’Eu não sei como consegui andar depois daquela transa, de tão mole que eu fiquei’’. Ela já falava esse tipo de coisa, mas receber áudios e mensagens eu poderia ignorar facilmente, e dizer que estava ocupada, agora morando com Aby era pedir para morrer. Eu tinha resolvido passar o sábado em casa, vendo televisão, assistindo filmes policiais e comendo qualquer coisa. A semana foi cansativa demais para mim, ainda mais com algumas coisas que eu não esperava que acontecesse...

Pausei o filme que eu estava vendo, quando escutei duas batidas fortes na porta. Antes mesmo de abri-la, eu já pensei quem poderia ser, até porque existe uma campainha bem visível ao lado da porta e o único ogro que preferia bater ao apertar a campainha era o meu vizinho cafajeste. Levantei levemente irritada por sair do conforto do sofá para ouvir o que quer que ele quisesse dizer. Porém, assim que eu cheguei na frente da porta, tive outra ideia. Eu ainda não tinha certeza se era mesmo Thomáz, mas minhas suspeitas se confirmaram quando ouvi outras duas batidas na porta e sua voz alta e rouca atravessar a barreira que nos separava.

- Ninguém vai atender essa porra? – Tapei a boca assim que ouvi sua voz levemente irritada, prendendo o riso. Eram onze da manhã de um sábado, o que ele esperava? Eu mesma queria me matar por ter acordado tão cedo em um sábado, e agora queria matar Thomáz por bater cedo na minha porta.

Olhei pelo olho mágico e vi sua figura do outro lado. Ele estava com um braço apoiado no batente da porta e o outro ao lado do corpo, com a cabeça baixa, como se tentando ouvir qualquer barulho do lado de dentro. Seu cabelo loiro escuro estava na altura do olho mágico e me vi querendo passar os dedos por eles para ver se eram tão macios quanto aparentavam...

Thomáz deu mais uma batida na porta, me despertando, e quando levantou o punho para dar a segunda batida seguida, bufei e destranquei a porta, abrindo em um rompante, fazendo o meu vizinho levantar a cabeça imediatamente na minha direção. Ele não perdeu a oportunidade de abrir o seu sorriso com dentes na minha direção assim que se deparou comigo. Thomáz parecia muito animado com alguma coisa, o que me deixou um pouco desconfiada.

- Oi, vizinha – disse, ajeitando a postura para parecer o mais casual ou sexy ou qualquer coisa para tentar me impressionar. Pelo menos era isso que parecia.

Tentei parecer a mais desinteressada possível, revirando os olhos e ficando de frente para ele.

- Já viu que horas são? – perguntei, ignorando seu tom feliz logo de manhã.

Seu sorriso parecia congelado no rosto, e seus olhos tinham um brilho incomum de adrenalina. Peraí?

- Você usa drogas, seu doido? – Arregalei os olhos e botei a mão no coração, repentinamente assustada.

O sorriso no seu rosto vacilou por um momento até ele começar a rir histericamente, jogando a cabeça para trás, rindo da minha reação. Fiquei mais irritada ainda por ele achar graça em algo sério. Sua risada era alta e gostosa, rindo com vontade mesmo. Ameacei fechar a porta e ignora-lo completamente, mas o idiota foi mais rápido e segurou a mesma antes que eu a fechasse.

- Ei, calma, Jones. Foi mal, mas porra, olha a visão que você tem de mim! Você acha que eu sou o que, um drogado? Eu esperava tudo, menos isso – e riu mais uma vez.

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