Capítulo 15

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G i e n n a h

Eu não tinha notado ainda aonde a gente estava porque eu tinha duas mãos ásperas o suficiente tapando a minha visão. Mas assim como dizem, quando perdemos ou estamos incapacitados de algum sentido, os outros se sobressaem. Eu conseguia ouvir barulhos de máquinas, mas não sabia quais, também conseguia escutar gritos de crianças em diversas direções. O cheiro de pipoca também era muito presente, junto com o cheiro de churros. Eu não sabia se, enquanto ele me guiava devagar, com as mãos nos meus olhos, a sua ideia era estacionar a moto longe para eu não adivinhar ou se eu era cega demais para não ter notado onde estávamos.

- Pelo amor de Deus, Thomáz, não me diz que você vai se revelar ser um psicopata esse tempo todo e vai me jogar em uma roda que vai me cortar em pedacinhos e que essas crianças gritando na verdade são as suas vítimas? - digo assim que noto os barulhos cada vez mais altos conforme ele me guiava. Eu estava toda tensa, com medo de bater a cara em algum poste. Meus braços estavam estendidos na minha frente, tateando o ar, em precaução. Ouvi a risada de Thomáz atrás de mim.

- Claro, sempre foi a minha intenção me aproximar de você para depois te matar, Jones. Me impressiona a sua capacidade de só notar isso agora.

Bufo.

- Babaca - digo.

- Não se esqueça que quem está te controlando aqui sou eu, e posso muito bem me revelar um psicopata e te jogar em um penhasco.

- Você não teria coragem. É presunçoso demais. Os policiais notariam de primeira que foi você.

- Como assim?

Reviro os olhos, mesmo que ele não possa ver.

- Eu senti você revirar os olhos, Giennah - diz - e a sua ideia sobre mim me assusta.

- Querido, eu só quis dizer que você ia se achar demais pelo crime que você cometeu e eles notariam esse brilho sarcástico nos olhos, que você tem.

Sinto ele parar atrás de mim, e os barulhos se tornam mais audíveis, e me forço a parar também.

- Tudo bem, essa conversa foi bem estranha e sem sentido nenhum - ele diz, e então tira as mãos do meu rosto. Cerro os olhos, tentando acostumar a minha visão novamente á claridade, já que de repente, vejo diversos pontos de luz na minha frente - E, bem-vinda ao lugar onde tem uma roda que pode te matar do coração, mas não em pedacinhos.

Ele ri pela própria piada, mas não olho para ele, porque estou impressionada demais com o que estou vendo ao meu redor. Giro em 360 graus, olhando para cima, vendl todas as luzes. Um parque de diversões. A roda gigante gira com várias crianças nos bancos coloridos, fazendo elas gritarem a cada giro completo. Olho para o outro lado do parque e vejo um carrossel, também com crianças, adultos, e adolescentes rindo para nada específico. Na outra direção, carrinhos de bate-bate colidem, e ao lado, no alto, um carrinho da montanha russa leva as pessoas a loucura com a queda repentina.

Meu Deus.

A última vez que eu tinha ido em um parque de diversões, pelo que eu me lembre, eu tinha oito anos. A sensação de leveza e a vontade de ser criança de novo me invadem, me fazendo alargar o sorriso que eu nem sabia que tinha no rosto. Por fim, paro de girar e olhar para tudo, assim que paro os olhos em Thomáz. Ele enfiou as mãos nos bolsos frontais da calça e tinha um ar relaxado, enquanto me encarava.

- Como você achou esse lugar, Thomáz? - pergunto, me aproximado dele, até parar na sua frente.

Ele dá de ombros, e desvia os olhos dos meus, olhando para todas as pequenas luzes que cobrem o parque.

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