G i e n n a h
Não duvido que minha expressão no momento seja de pura surpresa. Fecho a boca assim que percebo que fiquei tempo demais com ela aberta, e endireito a minha postura, olhando para as demais pessoas ao meu redor, como se elas estivessem mesmo reparando em mim. Volto meus olhos para os dois homens novamente. O ogro do meu vizinho aparenta estar tão relaxado quanto alguém que acabou de acordar de um sono de 24h, diferente do homem gigante que aparenta exaustão. O meu vizinho soca o outro no queixo com o punho direto, e lança o outro punho no maxilar, sem esperar que o cara se recuperasse. Deus, que agressivo! Seus punhos estão vermelhos de sangue que não é possível identificar de quem é, já que o rosto do seu oponente está praticamente desfigurado. Então, com um último soco na costela do homem já cansado, o ogro consegue fazer com que o cara caia duro no chão, desacordado. Seu sorriso de lado é o único ato que ele faz em direção ao homem, antes de virar para a platéia e erguendo os punhos, e berrando em vitória. Não havia reparado até então que Aby e Josh estavam do meu lado quando o namorado da minha amiga grita para o meu vizinho.
Patético.
O ogro, diga-se de passagem, que dá pro gasto, passa por todas as pessoas que estão na frente, depois do limite, que é a porra de uma corda pendida por duas hastes, como aquelas cordinhas do Oscar, só que bem vagabunda, e é apalpado por eles. E principalmente por mulheres. Cruzo os braços na frente do peito, observando sua figura ensanguentada próxima de onde eu estou.
Não tenho certeza se ele vai me reconhecer, mas também, não ligo. Pra que eu ia querer isso? Desnecessário.
O vizinho logo chega na frente de Josh, e o mesmo faz um aperto de mão nele e dizendo algo como “você é foda, serpente!”
Não aguentei e soltei uma risada mais parecida com um ganido do fundo da garganta, alto o bastante para o ogro me notar. Coloquei a mão na frente da boca, e olhei para o lado, fingindo indiferença.
Serpente? Jura? Que merda de nome. Se esse pseudônimo for referente ao que a minha mente suja criou, eu pagaria pra ver e rir da ironia. Ele não era isso tudo. Não mesmo. Estava na cara dele.
O cara parou na minha frente, e como estava olhando para o lado por motivos de não querer encara-lo, apenas me mantive segurando o riso com a mão, esperando que ele saísse dali. O que não aconteceu. Ele continuou parado na minha frente, e a curiosidade me tomou. Virei o rosto na sua direção.
Wow.
Ele era alto e grande e musculoso e sério e tatuado e suado e forte e...
Merda! Ele era bonito pra caralho!
Eu não havia parado para reparar na sua beleza quando ele apareceu na porta do meu mais novo apartamento temporário, e então, ali estava ele. Próximo demais. Sério demais.Continuei com os braços cruzados e não deixei minha expressão se abalar pela sua carranca. A luz fraca iluminava o suficiente para eu notar que seu cabelo era loiro escuro e suas sobrancelhas eram grossas e bem desenhadas. Seus olhos azuis brilhavam na minha direção, impenetráveis.
Ergui uma sobrancelha na sua direção, começando a ficar desconfortável com aquela situação.
— Perdeu alguma coisa aqui? – quebrei o silêncio, encarando seus olhos.
Ele se mantinha inabalável quando respondeu:
— Do que você está rindo? – sua voz era baixa, quase controlada, e reparei rapidamente que seus punhos estavam fechados.
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NEIGHBORS
RomanceThomáz se muda para um apartamento depois que a mãe vai morar com o marido. Queria independência, silêncio. Porém, sua paz é tirada quando uma garota se muda para o apartamento ao lado. Giennah Jones era sinônimo de problema. Quando termina com o n...