G i e n n a h
Eu poderia fazer de todo o caos que estava a minha vida, em um sentimento melancólico e filosófico. Mas eu havia chegado em um patamar, que frases motivacionais e nomes para sentimentos angustiantes no peito, não tinham mais relevância, até porque eu já tinha tirado a prova de que sentimentos não foram para ser entendidos, mas como o próprio nome, são para ser sentidos. Mas por outro lado, eu invejava quem os entendia. Eu os invejava, porque quem os entende, não faz merda, o que provavelmente foi o que eu fiz. Eu não deixei alguém chegar tão perto do meu coração como eu tinha deixado Kieran chegar, mas porque eu sinto que Thomáz não chegou, e sim atravessou toda e qualquer barreira que eu havia construído? Foi tão pouco tempo... Isso não seria possível, ou seria? Esse é o problema de começar a pensar nos problemas: você começa a ficar melancólica e a filosofar, coisa essa que eu não estava disposta a fazer.
Era domingo e eu estava encolhida no sofá da sala, lendo um livro qualquer que Liam trouxe para mim. Ele, Aby e Josh são os melhores amigos que uma pessoa pode ter. Liam morava na Califórnia, e veio passar uns dias em Woodland porque fazia um ano que ele estava fora. Eu e Aby o acusamos de abandono, e ele não perdeu tempo em vir passar um tempo com nós duas. Esse apartamento daqui a pouco vai se tornar pequeno demais, e isso me faz lembrar que na próxima semana vou começar a procurar o meu apartamento, porque finalmente consegui o dinheiro para dar entrada em algum mais simples, mas próximo do estágio e da faculdade. Saio dos meus pensamentos quando sinto o sofá se afundar bruscamente quando Liam se joga ao meu lado.
- Nós vamos sair, então comece a se arrumar – ele diz.
Olho para ele por cima do livro, encontrando seu olhar determinado me sondando. Volto minha atenção para o livro.
- Estou ocupada.
- Ocupada? Você tá lendo esse livro o dia todo.
Fecho o livro e pego o meu celular.
- De acordo com o Google, ocupado é um adjetivo, que significa estar entretido com alguma ação. – Largo o celular e abro o livro novamente. – Você não vai tentar contradizer o mestre Google, vai?
Ele resmunga. Sorrio por trás do livro.
- Pelo amor de Deus, Giennah, hoje é a minha segunda noite aqui, e a maior emoção que eu tive foi ver o seu vizinho gato sem camisa, todo nervosinho. Vamos, por favor? A Aby já está indo com o Josh e mais alguns amigos, vai que você conhece alguém?
Maldita hora que eu resolvi desabafar de uma vez com o meu amigo sobre o meu curto relacionamento com o vizinho. Liam não me deixou em paz na noite anterior quando Thomáz não parou de tocar guitarra. Eu já tinha notado que ele fazia isso para chamar a minha atenção, mas eu nunca falaria que sabia a sua intenção. Na verdade, não sei quando vamos voltar a nos falar normalmente, já que eu estraguei tudo.
- Não, Liam. Você não vai conseguir me convencer.
- E se eu te arrastar? – ele segura os meus pés e os puxa de repente, fazendo eu largar o livro.
- Não, nem se você me arrastar. Agora deixa eu ler, por favor?
- Não. Vamos, por favor, Gie. Vai ser bom pra você beber um pouco, esquecer os problemas por um momento, pôr a conversa em dia...
Eu não tinha a menor vontade de sair. Queria ficar em casa, afundar as mágoas em um livro, e depois dormir, até porque no dia seguinte, eu tinha que acordar cedo.
- E se eu te levar em uma livraria e deixar você comprar um livro? Por minha conta.
Merda, ele sabia como me ganhar.
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NEIGHBORS
RomanceThomáz se muda para um apartamento depois que a mãe vai morar com o marido. Queria independência, silêncio. Porém, sua paz é tirada quando uma garota se muda para o apartamento ao lado. Giennah Jones era sinônimo de problema. Quando termina com o n...