Capítulo 45

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T h o m á z

Cerrei os olhos na direção de Nicholas ao mesmo tempo em que quicava a bola de basquete na minha mão direita. Ele estava inclinado para a frente, pronto para toma-la de mim, coisa essa que ele tentava fazer na última meia hora desde que começamos a jogar no campo de basquete atrás da casa da nossa mãe. Avancei na direção da cesta, driblando meu irmão rapidamente e mirando a bola com as duas mãos, na cesta. Ri alto quando a bola acertou e enterrou certeiramente. Nicholas xingou baixo e pegou a bola novamente. Fazia tempo que eu não passava um tempo com ele, então aqui estávamos, depois de jogar uma partida de vídeo game. Com o calor que fazia, o suor já encontrava seu caminho por todo o meu corpo e escorria pelas minhas costas. Tirei a camisa e a joguei no banco próximo da quadra e aproveitei para beber um gole de água e jogar uma boa quantidade na cabeça. Juro que eu poderia derreter e me esparramar pelo chão em questão de segundos se continuasse embaixo desse sol.

- Eu já te disse para focar apenas no quadrado vermelho e colocar mais força no braço direito, Nicholas. – Falei, de costas para ele ainda, antes de beber mais um gole de água.

- E eu já disse que esse é o máximo de força que eu consigo fazer. – Retrucou ele com a voz entediada.

Me virei para olhar para Nicholas, mas percebi no mesmo momento que não estávamos sozinhos. Me perguntei, dessa vez sem qualquer tom de brincadeira ou exagero, se era mesmo possível uma pessoa derreter depois de sentir uma corrente de calor pelo corpo com apenas um olhar. Giennah estava parada do lado de fora do campo cercado de basquete. Não sabia mais se minha respiração estava começando a ficar mais ofegante pelo calor ou pelo simples fato de ver a figura dela ali, bem na minha frente. Ela estava vestida de forma informal dessa vez, com calças jeans e uma blusa fina, carregando uma bolsa aparentemente pesada no braço. Ergui a mão em formato de concha acima dos olhos e sorri na sua direção. Ela sorriu de volta e acenou. Olhei novamente para Nicholas que não conseguia acertar uma cesta sequer. Voltei o meu olhar para Giennah e corri na sua direção, atravessando a quadra.

Assim que parei na sua frente, ela engoliu em seco e olhou rapidamente para o meu peito exposto. Eu não queria me vangloriar naquele momento, mas sabia que ela tinha me visto tirar a camisa e jogar água na cabeça. Ela voltou a olhar para o meu rosto e sorriu novamente.

- Olá – começou. – Vim buscar alguns documentos com a sua mãe e ela me disse que você estaria aqui atrás. Vim apenas... dizer um oi.

Eu sentia o meu rosto erguendo um sorriso idiota, mas não me importei. Ela estava ali, e isso era motivo suficiente para o meu coração palpitar.

- Parece que você disse mais do que um oi, agora.

Ela riu sutilmente, provocando de forma automática uma vibração na boca do meu estômago. Às vezes eu me repreendia por parecer tanto um adolescente perto dela, mas eu não podia fazer nada se é essa a reação que se tinha diante de um primeiro amor. Pelo menos foi o que eu aprendi no filme ABC do amor.

- Bom, então eu disse mais do que deveria. Eu preciso ir agora, o dever me chama.

Assenti, querendo falar algo, mas sem saber precisamente o quê. Na verdade, eu tinha uma pequena frase para dizer, que estava presa na minha garganta e que continha apenas três palavras e nove letras. O problema era que eu não tinha mais tanta certeza de tudo como eu tinha há dois anos. Eu precisava de um momento, eu queria cantar para ela novamente, dar a ela a sensação de estarmos em um lugar cheio de pessoas, mas que a única que me importava, que eu olhava e sentia, era ela. Talvez seja isso que eu precise fazer no momento.

- Eu sei que você quase não tem tempo e que sua vida é uma correria, mas você teria um tempo para sair comigo?

Ela piscou, surpresa, e abriu a boca tentando formular uma frase, uma resposta.

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