Capítulo 29

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G i e n n a h

Casamento.

Essa palavra estava martelando na minha cabeça. Nas últimas duas horas, Aby não parava de repeti-la e no final de cada frase, dizia que não acreditava que finalmente Josh a pedira em casamento. Ela estava tão animada e feliz, que parte da sua animação e felicidade, me contagiava. Minha melhor amiga iria se casar com o cara que ama. Eu estava feliz. Até ela jogar a bomba no meu colo:

- Josh vai convidar Kieran.

Como, em um momento, uma pessoa pode estar animada pela felicidade da amiga, e no outro, querer sumir? Eu não estava pronta para isso ainda.

- Eu falei com Josh sobre não fazer isso, e ele entenderia, mas...

- Não é necessário não chama-lo, Aby. O casamento não é meu, é de vocês! Não se preocupe comigo. Aliás, Josh e Kieran são melhores amigos. Seria egoísmo meu.

A questão não era não estar preparada para vê-lo novamente, e estar como ex de Kieran. O problema era que, o conhecendo, ele usaria o casamento como pretexto para tentar conversar comigo sobre algo que já estava superado e no passado. Desde o dia em que nos encontramos no dia de prova da faculdade, não nos vimos mais. Eu não queria pensar no que ele tinha para me dizer, até porque não adiantaria de nada. Assim como eu aprendi, corações quebrados não voltam ao que eram antes tão facilmente, e muito menos a confiança. Eu não confiava nele, nem para conversar. Não saberia se estava dizendo a verdade ou não, ou se tudo o que tinha prometido para mim, um dia, fora verdade.

A última coisa que eu quero dele, são palavras meia-boca. Que ele se foda e se engasgue com suas desculpas esfarrapadas.

Aby, não convencida, suspira e foca os olhos em mim.

- Você tem certeza disso?

- Eu não preciso ter certeza de nada, Aby. O casamento é de vocês. Eu não quero ser um empecilho. Eu vou ficar bem, juro.

Ela me olha por mais alguns segundos, e então concorda com a cabeça.

- Se você está dizendo...

- Sim, eu estou dizendo. E agora eu preciso ir para a faculdade. Essas provas parecem que nunca acabam.

Aby solta mais um suspiro, e sorri.

- Está chegando o grande dia! Faltam o que? Dois meses para você se formar?

- Dois meses e meio, para ser mais exata. Eu estou tão ansiosa, Aby. Essas provas finais estão contribuindo para que eu morra de vez de ansiedade.

- Pense que depois disso, você vai poder focar no que você realmente quer. Ser juíza não vai ser fácil.

- É, eu estou ciente. A prova de hoje também não vai ser fácil. Inclusive, é a penúltima. O TCC também já está pronto.

- Você vai precisar de muita bebida depois que passar na faculdade. Nos últimos dias você não fez nada a não ser ler igual uma condenada no quarto, e não sai por nada.

- Pequenos sacrifícios... – digo, colocando a bolsa no ombro, e indo para a saída do apartamento dela.

Ela revira os olhos, mas sorri.

- Grandes sucessos. – Completa.

- Isso aí, garota.

Depois que saio do apartamento, ando até a faculdade. Não encontro Kieran dessa vez. Não sei o motivo, e não faço questão de saber. Me concentro em cada palavra da prova, e depois de feita, saio com o pressentimento de sempre: menos uma. O Natal se aproxima, e pela primeira vez, não sei o que fazer. Não sei se vou para Portland, passar com os meus pais, ou ficar e passar com Aby e Josh, como no ano passado. Mas o problema, é que eu fiquei muito tempo longe deles, e o Natal sempre foi um momento especial para nossa família, e agora tínhamos ganho outro membro: Matt. Eu não tinha certeza de mais nada.

Eu estava sem cabeça para isso, quando enfim, cheguei em casa, depois de um dia cansativo. De manhã, escritório, no almoço, tive que aguentar umas gracinhas de George, e no fim do dia, a ligação desesperada de Aby, com a voz animada, querendo me contar uma coisa muito importante. Rio sozinha, lembrando como ela me ligou:

- Giennah, você precisa vir para cá agora! Eu tenho uma notícia incrível, e ai, meu Deus! É surpresa! Mas vem logo, preciso contar sobre o casamento do ano!

Tamanha foi a minha surpresa quando a notícia era do seu casamento com Josh, que estava para vir. Já estava na hora dos dois oficializarem oficialmente, o que tinham. Era lindo ver os dois juntos, e eu não tinha dúvidas de que eles eram para sempre. Pensar nisso me faz sorrir, porque Aby tinha certeza que eu seria, de nós duas, a que casaria primeiro. O destino prega peças às vezes. Não tem como controlar.

Casamento era algo que eu planejava com Kieran, e ver que ele jogou tudo fora, me faz pensar se tudo aquilo não foi uma perda de tempo. Se todas as vezes que nos amamos, valeu a pena, se as brigas foram necessárias, e se os segredos, não diminuíram o seu amor por mim. Isso não importava mais, porque eu já não o amava. Eu sentia pena de mim mesma, por ter aguentado até mais do que eu poderia suportar.


11 MESES ATRÁS

Eu estava na cozinha do nosso novo apartamento, preparando o café, quando escuto a porta da frente do apartamento, sendo aberta e fechada abruptamente. O relógio marca duas e meia da manhã. Largo o café que eu tinha feito para me manter acordada, e corro para a porta, me deparando com Kieran. A primeira coisa que noto, é o roxo ao redor do seu olho esquerdo. Um roxo claro, mas que com certeza vai ficar pior. Seu lábio inferior estava banhado de sangue, e a maçã do seu rosto, inchada. Levo a mão à boca, assustada, incapaz de falar alguma coisa. Ele só olha para mim por um breve momento, antes de largar a chave na mesinha de entrada, e olhar para o chão, travando o maxilar, como se estivesse envergonhado do seu estado horrível. Eu estava assustada, mas não surpresa.


Finalmente tiro a mão da boca, e com a voz fraca, quebro o silêncio:

- Essa é a segunda vez, Kieran. Segunda, que você chega com algum machucado. O que está acontecendo?

Ele não olha para mim quando caminha até o banheiro, e tranca a porta. Fecho os olhos, meio preocupada, meio assustada, e parte de mim quer sacudi-lo e força-lo para que diga alguma coisa. Para que me conte o que está acontecendo. Da primeira vez não foi diferente. Ele chegou com o lábio cortado, dizendo que se cortou, mas não me explicou mais do que isso. Agora, seu rosto está completamente machucado, e ele não diz nada.

Volto para a cozinha, e olho para o café esfriando. Rio em ironia, porque de alguma forma, a nossa relação também estava ficando cada vez mais fria.

Capítulo curtinho, eu sei, eu sei

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Capítulo curtinho, eu sei, eu sei. Isso é uma judiação com vocês, mass, foi necessário, e nos próximos, espero que estejam maiores, mas dessa vez, foi preciso ;)

 Isso é uma judiação com vocês, mass, foi necessário, e nos próximos, espero que estejam maiores, mas dessa vez, foi preciso ;)

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