Capítulo 17

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Que comece a maratona!!!

G i e n n a h

Eu ainda não acreditava que tinha deixado Aby fazer isso. No caminho, eu passei mentalmente o que ela tinha que simplesmente me olhava de um jeito pidão e eu cedia qualquer coisa. Eu era capaz de dar o mundo para a minha melhor amiga se ela simplesmente juntasse as mãos em súplica e projetasse o lábio inferior. Eu tinha que começar a aprender. Ela estava tão animada que iríamos passar o dia juntas que não tinha parado de cantar músicas antigas e nesse momento, ela estava colocando a das Branquelas.

- Vai, Gie! Quando chegar no refrão eu canto e você completa!

Ela não deu tempo para eu responder porque aumentou o volume assim que a música começou.

- Making my way downtown, walking fast, faces pass...! – Nesse momento, Aby simplesmente abriu a janela do carro e começou a cantar alto, sem se importar com nada, como se realmente estivesse em um clipe.

- And I need you...! – Seus olhos voaram na minha direção para continuar a cantar a letra.

- And I miss y...

- And now I wonder...! – Me interrompe antes mesmo de terminar o verso da música.

Reviro os olhos, mas não consigo evitar rir das expressões exageradas da minha amiga.

O caminho até a pista de patinação no gelo leva mais ou menos uma hora. Os sessenta minutos mais torturantes da minha vida, que só tiveram fim quando ela parou o carro no estacionamento. O vento gelado bateu no meu rosto quando eu saí do carro, fazendo eu puxar mais o gorro de lã para baixo, tapando minhas orelhas. Sim, um frio do caralho e Aby me faz sair de casa em pleno feriado para patinar no gelo. Eu realmente não penso quando ela me pede alguma coisa. Isso é chantagem!

Quando percorremos o caminho do estacionamento até a entrada do rinque de patinação e passamos pelas portas de vidro, o barulho de risadas e música preenchem todo o ambiente ao meu redor. Luzes de led indicam bares situados a direita, e uma seta brilhante na parede aponta para a bancada onde se aluga os patins. Um cheiro de cachorro quente chama a minha atenção, mas quando me viro, Aby já está pegando na minha mão e me arrastando para pegar os patins. A senhora que aparenta não ter menos de 60 anos, sorri para nós duas com o batom rosa fluorescente borrado levemente no lado esquerdo do lábio inferior e pergunta nossos tamanhos. Quando temos nossos patins em mãos, nos sentamos nos banquinhos em frente ao rinque cheio de crianças e casais se divertindo e o calçamos. Eu adorava patinar. Já tinha patinado várias vezes com os meu pais em Portland, no Oregon, e eu tinha aprendido na marra mesmo, caindo, ficando com vários roxos no corpo até ter firmeza, e então virou um hobby de fim de semana em família, mas nós paramos assim que eu precisei usar os fins de semana para estudar e não tinha mais tempo para praticar. Então, com o medo do tamanho do mundo de não lembrar mais de como manter o equilíbrio, fico em pé, e imediatamente me seguro em Aby.

- Eu juro por Deus que se você me fizer cair, eu corto o seu corpo em pedacinhos e jogo os seus restos no mar, pra virar petisco pra crocodilo. – Ela me ameaça enquanto eu agarro na manga do seu casaco.

- O mínimo que você pode fazer é cair junto comigo, sua vaca. Você que me arrastou pra cá nesse frio do capeta.

- Óbvio! Você queria vir patinar o que, no verão? Essa é a época certa, Giennah.

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