Viciados em Drama - Livro 1

Uma festinha?

Quinta-feira, dia 5 de junho.  18h 23. 

Jean está em sua casa, de bermuda roxa, camiseta azul e sandálias. É apenas uma quinta-feira à noite, ou seria, mas Jean recebe uma ligação. É Carmem.
_ Amigo, bora pra festa mais tarde na casa do Breno.

_ Esse cara não tem pais, não?
_ Só mãe e ela mora fora do país, mas manda dinheiro lá da Argentina, ela vem de vez em quando no Brasil. O irmão dele, que não presta igual ele, que fica tomando conta da casa. Ou seja, festa sempre.

_ Não tô afim, Carmem.
_ Pensa aí, a festa começa 20h00, você já sabe o local.

_ Tá certo, tchau.

São 20h 25. Carmem já está na festa. Das cinco pessoas que iriam, apenas Carmem foi. Jonathan foi sair com seus amigos nessa noite. Carmem foi de saia vermelha curta, blusa azul longa de algodão e salto alto. Carmem decidiu que irá apenas beber dessa vez, mas ela é abordada por Breno, enquanto fala com William.
_ Carmem, deixa de besteira. A viagem do extasy nem se compara com essa viagem fraca do álcool.

_ Só quero beber hoje, Breno.
_ Mas você não gostou?
_ Sim, mas eu tô sem grana também.

_ Eu não sou traficante, Carmem. Aqui em casa é de graça, e aí? Topa?
_ Sim.
_ Mas vem comigo que eu vou te mostrar uma parada bem melhor que extasy.

Enquanto isso, Nicolas está na Lapa, tendo seu primeiro encontro no AA desde sua recaída. Todos fazem um discurso se apresentando e falando de seus problemas, como eles estão lidando com o vício no seu dia a dia. Agora é a hora de Nicolas dar o seu discurso:

_ Eu sou Nicolas e eu sou alcoólatra. Eu estava limpo por sete meses, mas eu tive uma recaída e quase morri. Meus amigos não desistiram de mim e eu decidi que eu também não vou. Eu comecei a beber como brincadeira, quando eu tinha 11 anos. Eu roubava as bebidas dos meus pais, dos amigos deles e bebia. Com o passar dos anos, sempre que algo que eu não gostava acontecia comigo, eu bebia. Quando eu tinha 15 anos, algo muito foda aconteceu comigo e isso fez com que eu quisesse beber mais ainda. Eu fui para um centro de reabilitação, aprendi a ficar limpo e fiquei por sete meses, até que em uma festa colocaram vodca na minha bebida. Eu tenho 16 anos agora e quero viver minha vida e não viver sobrevivendo desastres e quase mortes.

O AA será um lugar que ajudará muito Nicolas nessa luta. Não importa o tempo que ele passe sem beber, ele sempre será um alcoólatra e isso é algo que ele sempre terá que lembrar e manter-se forte para nunca mais beber.
Enquanto isso, no Humaitá, Carmem toma algumas decisões muito questionáveis e decepcionantes. Breno mostra para ela uma mesa cheia de pó branco e diz que ela vai ter a "experiência " de sua vida.

_ Cocaína, Breno? Acho melhor não.
_ Carmem, deixa de ser careta. Caraca, tô te falando, você vai ter uma viagem.
_ Mas sério mesmo?
_ Lembra da extasy, isso vai ser bem melhor. _ William diz, incentivando a moça a tomar uma péssima decisão.

Carmem, então, influenciada por seus "amigos" começa a usar cocaína. Alguns minutos se passam, e eles continuam empurrando bebida e drogas em sua direção e ela começa a perder seus sentidos.
_ O Jonathan não tá aqui hoje, William. Dos convidados, só a Carmem veio. Vamos aproveitar essa oportunidade. Essa puta bêbada e drogada aqui na nossa frente é sorte pura. 

_ Bora tirar a roupa dela.
Eles começam a tirar a roupa de Carmem e pegam seus celulares e colocam em direção para que grave tudo o que eles vão fazer com ela, ela diz não e não, mas eles não se importam. Eles riem da maneira como ela está bêbada e inábil a se defender. Eles riem e riem, ela começa a tentar gritar, mas não consegue, ela está completamente a mercê desses monstros. Então, Jean chega na casa de Breno. Ele escuta risadas ecoando do quarto, mas a casa vazia, ele corre para o quarto para ver o que está acontecendo e ele encontra uma cena deplorável, Breno e William nus prestes a tirar o sutiã e calcinha de Carmem, celulares gravando, enquanto ela fala em baixa voz as palavras "não" e "para". Jean entra no quarto, dá socos em Breno e William que tentam se explicar, ele pega Carmem da cama, pega as roupas dela do chão e sai do local aonde aconteceria um crime.
 

Na sala da casa antes de saírem, Jean veste Carmem e de lá do Humaitá, decide que vai em Copacabana na casa de Emma. Ao chegar no prédio de Emma, o porteiro interfona a casa de Emma e diz que Jean quer vê-la. O que poderia ele querer com ela? Eles nem são amigos! Emma desce do terceiro andar e vê na portaria Jean e uma Carmem quase desmaiando e sem conseguir se manter de pé.

 _ O que você tá fazendo aqui, Jean? Ainda mais com a Carmem. Até imagino que quer que ela durma aqui em casa. Não vai rolar, colega. Na real, meu pai tá em casa e eu não vou subir com uma garota drogada pra ele achar que eu me misturo com esse tipo de gente.

_ Não quero que ela durma aqui, vou levar ela pra minha casa, mas eu preciso de sua ajuda.
_ Tô escutando.
_ Sei que seu pai é delegado e ele pode usar a influência dele pra colocar dois malditos na cadeia.
Jean conta o que aconteceu.
_ Vamos subir.

Jean e Emma explicam o que aconteceu a Henry Gatti, que fica enfurecido e liga para a diretora de Bartolomeu Lemes imediatamente. Já são 22h00, mas ela decide que é melhor eles conversarem e ele vai na casa dela. Mas antes de sair, ele diz para Jean deixar os celulares que ele vai tomar conta da situação. Ele diz, então, para Carmem e Jean irem embora, pois já está tarde e eles não podem dormir ali. Os dois vão embora e Henry Gatti vai se encontrar com a diretora da escola, Leslie Santos.

Leslie Santos fica horrorizada e não quer um escândalo. Henry Gatti quer que os dois alunos sejam expulsos e não estudem no mesmo estabelecimento que sua filha Emma, ela concorda. O caso será abafado, Henry Gatti fica com celulares de garantia e na sexta-feira, famílias serão chamadas e os dois serão expulsos. É justo? É certo? Quantos crimes como esse não são impedidos e quantas vezes as mulheres não têm a justiça que elas merecem?
Na sexta-feira, Jonathan é chamado na escola, assim como os familiares de William. Os dois são 

expulsos da escola e não deverão protestar a não ser que queiram responder um processo e possivelmente até mesmo ir parar em um centro de detenção de menores. Carmem dormiu na casa de Jean, ninguém em sua casa sabe o ocorrido. Ele ligou para o pai dela, avisando que ela dormiria na sua casa.

Jean não acha justo como os dois monstros se safaram, e reclama com Emma. Ela disse que não gostou também e discutiu com seu pai, mas que pelo menos eles não teriam mais que conviver com aqueles dois. Douglas e Valerie ficam sabendo do acontecido por Emma. Douglas conta para Nicolas que conta para Anderson. Alguns colegas escutam Anderson e Nicolas conversando e a história se espalha pela escola. Felizmente, Carmem não foi para a escola, mas na segunda-feira, ela terá que retornar e encarar os olhares e as conversas escondidas, que terão ela como protagonista.