Viciados em Drama - Livro 1

Espiral Emocional

Terça-feira, 10 de junho. 16h00.

Todos os alunos estão de saída da escola Bartolomeu Lemes. Douglas e Nicolas conversam enquanto caminham para a saída da escola.
Douglas está com estilo schoolboy e Nicolas com seu estilo Nicolas.

_ Douglas, a gente vai ter que ser rápido hoje. Eu tenho que me encontrar com o Hans em Santa Teresa. Ele vai passar cedo pra me buscar lá no seu prédio.

_ Vocês vão se mudar da Lapa?
_ Não, só eu e o Hans. O Hans vai receber a minha pensão e vai complementar com o dinheiro do trabalho dele. Vai ser um apartamento pequeno, mas a gente quer é sossego. Não dá mais pra morar com minha mãe.

_ Beleza, cara. Mas a gente vai ter que ser rápido mesmo, porque a Valerie vai dividir o trabalho de geografia pra gente estudar.
 _ Ela vai? Vou outro dia.

_ Vocês brigaram ou alguma coisa?
_ Na. Eu só tenho que tá na hora lá com Hans, eu vou ligar pra ele não ir me buscar lá na sua casa. Vou esperar ele aqui.

Valerie se aproxima dos dois.
 _ Vamos, mocitos?

Ela está de calça jeans, uniforme e brincos triangulares de ouro e sandálias rasteira rosa.
 _ Oi, Valerie. Tchau, Valerie. _ Diz Nicolas.
_ Você não ia dar reforço pro Douglas? É só vocês serem rápidos, mocito, tipo...

_ Tenho que encontrar o Hans cedo hoje. Bons estudos pra vocês dois.
Valerie nem responde nada. Apenas vê Nicolas se distanciar. Não apenas fisicamente, mas emocionalmente também. Ele parece evitar querer ficar do lado dela. Evitar qualquer oportunidade em que eles possam ficar juntos. Isso a fere, isso dói, mas ela não quer deixar que ninguém veja, ela prefere fingir que está tudo bem.
Valerie vai pra casa de Douglas com ele. E lá eles fazem um pouco de trabalho e conversam:

 _ Valerie, eu não consigo entender isso, não adianta. Quando o Nicolas me explica parece tão fácil. Eu entendo.

_ Ui, ui, papá. Desculpa, mocito. Não é minha culpa se ele não podia te dar aula de reforço hoje, mas a gente vai ter que explicar a União Europeia pra sala inteira na aula de geografia.
_ Eu sei.
_ Mas e você e a Emma?
_ Bem, eu acho. Vamos sair mais tarde.
_ Você merece ser feliz e ser amado. Você é muito especial.

_ Especialmente feio.
Douglas olha para o chão, Valerie levanta a cabeça dele com suas mãos. Eles se olham intensamente um nos olhos dos outros, olhos castanhos e olhos verdes se cruzam intensamente. Um momento de silêncio paira no ar, Valerie quebra o silêncio:

_ Quem te disse que você é feio, mocito. Se você fosse feio não seria um dos únicos na sala a ter namorada.
_ Sinto que não sou tão bonito assim pra Emma e que jamais seria bonito pra você.
_ Ui, ui, papá. Nada a ver. Se você ficar solteiro de novo, vou ser a primeira na fila pra tomar o lugar do seu lado, mocito. Para com isso.

Douglas ri.
_ Agora vamos continuar a estudar, antes que você tenha que sair pro seu encontro romântico, mocito.
Douglas e Valerie estudam, terminam seus trabalhos e cada um deles toma seus caminhos. Douglas em direção de Emma e Valerie em direção de sua casa.
Douglas e Emma se encontram no Cine Conde Mendonça, em Ipanema, pois eles julgaram que seria o justo, não se encontrariam nem na Gávea e nem Copacabana, encontrariam em um bairro, meio que no meio do caminho de seus bairros. Ele chega lá, Emma já havia chegado, ele chegou um pouco atrasado: