Capítulo 8

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"Eterno é tudo aquilo que dura uma fração de segundos, com tamanha intensidade que se petrifica e nenhuma força jamais o resgata.”

Eu ouvia Eduarda falar e parece que ainda não tinha terminado aquele beijo, minha boca ainda estava dormente e formigando de vontade da dela. Adelaide foi discreta e não tocou no assunto, somente se mantinha quieta e atenciosa com a garota. Nos serviu café e pediu licença pra pegar as crianças na escolinha, eu dei um dinheiro para que ela trouxesse medicamentos e coisas necessárias para curativos.

- Eu não sei por onde começar...

- Bem, eu não sou advogada e entendo pouco de leis referentes a vara de família, mas eu tenho uns contatos que podem me informar. Em primeiro lugar você vai ter de arrumar um emprego decente e morar em um lugar melhor que esse.

- Eu não tenho condições disso agora, eu to atolada devendo a Deus e o mundo. Além disso, aonde eu for o Jorjão irá atrás de mim, ele tá me marcando... Você viu...

- Se você quiser ter sua filha de volta vai ter de mudar seu modo de vida. Você não acha que ela merece isso de você?

A garota ficou pensando por um tempo calada.

- Eu não tenho grana pra pagar um advogado.

- E o dinheiro que você falou que economiza?

- Tá em aplicação... Um amigo meu me indicou umas aplicações bancárias e eu não posso mexer no dinheiro agora. Não sei o que fazer...

- Escute, eu posso te arrumar o advogado e a gente depois acerta, isso é o de menos. Tudo bem pra você!?

- Ok... Eu posso pagar com sexo! - E deu um risinho safado - ...é pegar ou largar...

- Você está querendo me comprar com sexo mocinha!?

- Não... Se você preferir eu posso te pagar com algo mais valioso... Você merece...

Eu decidi entrar na brincadeira pra ver até onde iria.

- E... O que seria essa coisa tão valiosa?? – Disse passando a língua nos dentes inconscientemente.

- Meu coração!

Eu soltei uma risada estridente como há muito tempo não fazia, jogando a cabeça pra trás.

- Mas em troca eu iria querer o seu... – Afirmou com uma resolução diferente na voz.

Parei de rir e fiquei olhando praquela menina abusada a minha frente com ar sério. Essa conversa já estava começando a me incomodar e eu não sabia o porquê.

- Eu não entrego meu coração a ninguém... Sinto muito.

- Ok, dona durona... Se você está dizendo... Vou fingir que acredito que meu beijo não te faz vibrar.

- Podemos voltar ao nosso objetivo principal?

Combinamos qual seria o nosso próximo passo. Adelaide chegou com as crianças e eu me despedi pra voltar ao escritório.

- Tia Fernanda, quando você vai voltá aqui? - Falou empolgada se agarrando na minha calça.

Eu abaixei e dei um beijo em suas bochechas rosa.

- Logo amorzinho... Logo que puder eu venho te ver e trago um pirulitão colorido pra você.

- Eu quero uma boneca toda branquinha...

- Thaís! - gritou a mãe do corredor - Para de aperriar a madame, que coisa! Olha dona Fernanda, a sinhora desculpa ela, ela tem mania de ficar pedindo boneca a todo mundo que aparece aqui na pensão.

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