Capítulo 25

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CAPÍTULO 25

“DEIXA SER, PELO CORAÇÃO, SE É LOUCURA, ENTÃO, MELHOR NÃO TER RAZÃO...”

Feita as apresentações Adelaide foi nos mostrar o quarto onde ficaríamos. Era um quarto relativamente pequeno, mas confortável. No meio, apenas uma grande cama de casal (meu coração acelerou!) e um armário embutido no canto da parede com um banheiro anexo. Era visivelmente uma suíte de casal. Meu constrangimento foi logo percebido por Adelaide que disfarçando tentou explicar.

- Espero que não se importem em dividi o quarto. Foi o único que sobrou. Os outros quartos da pensão já tão lotados, por causa da época de natal. A sinhôra sabe...  – Fez uma pausa inocente, enquanto Eduarda olhou pra mim dando de ombros e jogando a mochila no chão. Caiu na cama de braços abertos.

- Aiii, que delícia! Há quanto tempo não durmo num colchão tão macio...

Cruzei os braços querendo rir daquela situação estúpida, mas me mantive séria.

- Já que você gostou tanto pode ficar com ela todinha pra você. – Disse com desdém.

Adelaide pigarreou meio sem-graça e pediu licença, alegando ter muitos afazeres na cozinha.

- Vô deixá vocês então... devem tá cansadas da viagem e querendo um banho. Vou preparar um lanche pra vocês enquanto isso.

- Hã... não precisa não Dê. A Fernanda já me alimentou muito bem no caminho. – Cruzou os braços atrás da cabeça, olhando pra mim com um sorriso cínico. – Não é? – Piscou.

- É. Nós já comemos alguma coisa no caminho Adelaide, mas mesmo assim agradeço sua atenção.

A jovem senhora riu do meu jeito encabulado.

- Ei Dona Fernanda, não precisa dessas cirimônias cumigo não. A gente tá em família hoje. Dá licença procês. – Encostou a porta devagar.

Eu podia jurar que a reserva daquele quarto com aquela cama de casal tinha sido algo proposital da parte de Adelaide.

“Alcoviteira!!!”

Comecei a arrumar minha parca bagagem enquanto escolhia uma roupa mais confortável . Como previra, começou a cair uma chuva fina lá fora e um ventinho frio entrava pela janela aberta. Fui fechar e ainda de costas ouvi a voz melosa de Eduarda me chamar de um jeito insinuante.

- Vem aqui experimentar a cama comigo, vem...

Meu coração acelerou com a dualidade daquelas palavras e eu me virei como se não tivesse prestado atenção ao que disse.

- Vou tomar um banho! – Fui até a bolsa e peguei o primeiro par de short e camiseta que vi, indo em direção ao pequeno banheiro.

- Você falou sério sobre a cama? – Escutei sua voz ao longe antes de fechar a porta.

- Uhum! Pode ficar com ela todinha pra você. – Coloquei minha cabeça pra fora da porta. - Não vou morrer se dormir uma noite no chão.

Pra minha surpresa ela se levantou correndo a tempo de me impedir de fechar a porta e me encarou debochada.

- Você tem medo de mim?

- Não. Porque teria!?

- Então, qual é o problema de dormirmos na mesma cama? Não vou te agarrar a força e nem fazer nada que você também não queira. Aliás, eu nunca forcei ninguém a ficar comigo. Pelo contrário. As pessoas que pagavam pra me ter.

- Pagavam?? – Disse debochada. – Ou ainda pagam?

- O-o que?

Abri a porta do banheiro completamente e me encostei-me a ela.

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