Capítulo 14

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CAPÍTULO 14

“O que sai de mim vem do prazer de querer sentir o que eu não posso ter. O que faz de mim ser o que sou é gostar de ir por onde ninguém for...”

Sonho de Ícaro

- Alô!?

- Desculpe senhorita Fernanda, mas eu havia  prometido mantê-la a par do andamento do caso assim que pudesse. Lamento o inconveniente da hora.

Olhei pro relógio no meu pulso e marcavam 01:17 horas e me lembrei que os advogados nunca dormem. Papai  passava noites inteiras sem dormir debruçado em seus processos.

- Não há problemas Doutor  Machado. Quais as novidades?

- Vou ser direto. A situação de sua amiga não é nada boa. Há muitas acusações sobre ela e creio que as coisas serão mais complicadas do que imaginei.

- Não há problemas quanto aos honorários Doutor Machado, confio em sua competência. O senhor foi muito bem recomendado. Apenas faça o que estiver ao seu alcance para poder tirá-la de lá o mais rápido possível.

- Não se trata de dinheiro ou tempo senhorita Fernanda. O caso é que a própria acusada se recusa a ser ajudada, mas há alguns detalhes que quero discutir pessoalmente com a senhorita. Poderia passar em meu escritório amanhã à tarde?

- Sim. A que horas?

- Às três da tarde está bem para a senhorita?

- Ok. Passarei aí na hora combinada. Agradeço desde já a dedicação.

- É meu trabalho. A esperarei então. Uma boa noite.

Desliguei o telefone e olhei o recinto à minha volta. Eu tinha adormecido no sofá de frente pro janelão de vidro através do qual dava pra ver os pontinhos de luzes pela Baía de Guanabara. As luzes da sala estavam apagadas e o contraste era ainda maior lá fora. Tinha secado quase uma garrafa de vinho e minha cabeça estava pesada. “Deve ser a ressaca”. Levantei e tentei tatear até o interruptor, entre não tropeçar em minhas próprias pernas e me equilibrar. Resmunguei alguns palavrões e decidi que seria melhor chegar a minha própria cama, onde desmaiei logo em seguida, acompanhada por um par de olhos castanhos que não saíam da minha mente. “Droga”.

Me encontrei com João Carlos na sala de reunião logo pela manhã, onde a equipe já estava reunida em caráter emergencial, à minha espera. Discutimos alguns pontos obscuros do contrato e o famigerado item rejeitado pelos norte-americanos. Refiz algumas cláusulas auxiliada pelo advogado que havia redigido o contrato. Perderíamos em alguns pontos e ganharíamos em outros, mas o essencial era manter o contrato e o bom nome da firma. João Carlos titubeou, mas acabei convencendo-o a ponderar, lembrando a ele que sua cabeça estaria a prêmio se o contrato fosse recusado novamente. Pedi pro advogado redigir o novo contrato e marcamos a reunião com os americanos pro dia seguinte.

- Você é muito boa mesmo Fernanda, com todo respeito é claro!

- Deixe seus agradecimentos pra depois da reunião com os gringos. A batalha ainda não terminou.

- Você tem razão.

- João!? Eu preciso da tarde de folga, pode ser?

- Claro, mas é algum problema em que eu possa ajudar? Você não está com a cara muito boa. Parece que teve uma noite de vigília.

- Quase isso. Só preciso de uma aspirina e estarei nova em folha.

- Sei... É melhor dosar a quantidade  de sexo que você está tendo Fernanda. Nós não queremos correr o risco de perder nossa melhor executiva por estafa sexual. kkkkkkkk

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