Capítulo 10

156 9 4
                                    

“O gosto das lágrimas é mais doce com um sorriso...”

Decidi passar no escritório do doutor Guilherme para dar pessoalmente as satisfações devidas. Ele entendeu bem e não criou problemas. Depois segui direto pro escritório pra pegar alguns papéis que eu deveria analisar pro dia seguinte e fui direto pra casa, no caminho Cecília me ligou confirmando o encontro, eu não estava com muita vontade de ir, mas resolvi ceder, afinal, há muito tempo não saía com ela.

Cheguei ao apartamento e fiquei de molho um pouco na banheira, ouvindo Elton John. Depois fui até o closet e escolhi uma calça jeans colada no corpo e joguei uma bata por cima com um cinto largo que servia como acessório mais que qualquer coisa, coloquei uma bota de cano longo, afinal, a noite estava com jeito de que iria ser bem fria. Maquiei-me de forma suave e soltei meus cabelos negros até a cintura em forma de cachos, dei uns retoques finais e saí. Já na rua percebi que a noite prometia, mas que me encantaria mais ficar olhando as estrelas do terraço do que ir àquele clube barulhento com pessoas estranhas. Eu esperava no íntimo que meu final de noite não fosse tão frustrante quanto aqueles coquetéis chatos que a firma realizava em que eu tinha de ficar fazendo sala pra pessoas arrogantes e esnobes. Apesar de a minha família ter origem abastada, eu nunca fui o tipo de pessoa de me engrandecer por isso, mas sabia o meu valor.

Cheguei à boate por volta das 21 horas, decidida a ficar tempo suficiente para Cecília se sentir satisfeita, não animava pretensões com minha companhia, além de querer chegar cedo em casa para descansar. Encontrei Ceci e Carlos em frente a mesma com os ingressos na mão, entramos e fomos para uma mesa reservada perto da pista e dali podíamos ver a maior parte das pessoas que se sacudiam loucamente sozinhas ou em pares. Depois de pedirmos nossas bebidas, o amigo de Carlos chegou e depois de se apresentar se sentou ao meu lado. Disse se chamar Henrique e ficamos conversando banalidades, já que eu não estava muito interessada em alongar a conversa até coisas mais íntimas de minha vida. Ficamos conversando por um tempo de forma animada à medida que a bebida que ingeri ia fazendo efeito. Ele era um homem muito interessante e cheio de estilo, educado e atencioso comigo nos mínimos detalhes.

A pista estava cheia e Carlos e Ceci decidiram ir dançar. O rapaz me convidou logo em seguida e eu não pude recusar, minha cabeça doía com a batida, mas decidi arriscar e me divertir um pouco, afinal não era tão ruim estar nos braços fortes daquele homem. Como eu já esperava ele tentava enlaçar minha cintura me apertando mais pro seu corpo, apesar de ser uma batida pra se dançar individualmente. Não me senti confortável, mas me deixei levar, pelo contagiante estímulo daquela pista quente. Seu corpo escorregava no meu como sabão e ele tentava me estimular com palavras sensuais e elogiosas.

Em dado momento meus amigos decidiram se retirar pra um lugar mais íntimo, me deixando estrategicamente sozinha com Henrique. Eu, apesar de não estar achando ruim sua presença, não me sentia confortável estando com um completo estranho no meio de uma confusão infernal de corpos com uma dor de cabeça terrível, por causa dos coquetéis que eu havia tomado. Ficamos mais um tempo conversando. Fiz menção de me despedir dele pra ir embora, quando ele pegou minha mão e me puxou mais pra perto do seu corpo; sem eu esperar me deu um beijo profundo, daqueles de gelar qualquer alma, só eu que não deveria estar sentindo a mesma excitação dele, mas, achei que não tinha nada a perder revivendo um pouco os velhos tempos. E tentar desviar um pouco minha atenção de uns olhos castanhos que perseguiam minha alma.

Decidi segui-lo de carro até um motelzinho próximo, bastante luxuoso e discreto no Alto da Boa Vista. Sem muitas palavras acabamos nus na cama e mesmo depois de tanto tempo sem estar com um homem, não havia esquecido como dar e receber prazer. Fizemos sexo como loucos. Ele era um homem fogoso e incansável. Muito atencioso, atendia aos meus mais recônditos desejos, quase como os adivinhando, apreciei imensamente sua habilidade. Pediu champanhe e nos entretemos ambos durante muito tempo na banheira, cobertos de espumas por todos os lados e perdidos em carícias ousadas. Depois me dei conta do avançar das horas e sem muitas delongas, resolvi me despedir de meu amante de uma noite. Ele a contragosto e apesar de muita resistência, me seguiu até a garagem, abrindo  a porta do carro pra mim, se baixando depois na minha janela pra me roubar um beijo quente.

CoquetelOnde histórias criam vida. Descubra agora