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Madeline Price

Vejo o tirano entrar na sala onde eu estava e em seguida vir até mim, me estendendo a mão.

- Vamos? - Pergunta e eu a seguro, me levantando. - O que você costumava fazer nas horas vagas, Madeline?

- Eu costumava ler. - Digo e ele me olha por segundos. - Fui educada em casa.

- É raro encontrar pessoas que saibam ler. - Ele fala e eu franzo o cenho. - A escola para a população não ensina o suficiente.

Não evito uma revirada de olhos. É claro que não ensinava o suficiente. A educação boa ficava para quem tinha condições. Os outros sempre tinham que se virar para aprender, e quase nunca aprendiam.

- Quem sabe se o foco da educação passasse a ser a população num todo e não somente a minoria. - Disparo e ele me encara, arqueando as sobrancelhas. - Minorias não mudam o mundo, nunca irão poder.

- O que está dizendo?! - Fala e eu nego com a cabeça.

- Deixa pra lá. - Murmuro e evito bufar.

Continuo a ser guiada por ele e paramos em algum lugar da casa, parecia um porão.

- Aqui é onde estão escondidas as minhas armas. - Fala e eu arqueio as sobrancelhas. - Também os livros da minha família e mais algumas coisas.

- Você sabe que corre o risco de que eu faça algo contra, não sabe?! Eu poderia bem fugir e pegar armas desse lugar. E esses livros da sua família...Eu poderia expor a todos. - Digo e ele dá uma risada.

- Mas você não vai fazer isso. - Ele fala e arqueia as suas sobrancelhas. - É quase impossível sair daqui...E se saísse, não hesitaria em exilar você e toda sua família.

Me calo e acabo piscando algumas vezes ao ver que não poderia sair de qualquer jeito. Teria que planejar melhor e talvez levasse tempo.

- Por que você precisa de servos? - Pergunto mudando de assunto. - Você tem seus empregados aqui...

- Gosto de servos para me mimar e enaltecer meu ego. - Ele fala como se fosse óbvio e evito revirar os olhos.

- Você deve precisar mesmo de alguém para te enaltecer, já que a maioria da população te odeia. - Falo cínica e ele para de andar, me olhando. - Só estou dizendo, não é nada demais.

- Todos me amam! Eu sou a autoridade suprema daqui. - Ele fala me olhando feio e negando com a cabeça. - Sua mal agradecida.

- Por que eu sou mal agradecida? Eu estou apenas te mantendo informado do que costumava ouvir quando estava junto às pessoas. - Digo sonsa.

- Mas agora não está mais junto a essas pessoas ingratas! Seu dever é me amar. - Ele fala enquanto me olha e eu seguro minha risada irônica.

- Peço desculpas. - Falo achando graça daquela situação.

- Desculpas aceitas. - Ele diz enquanto me olha e acaba sorrindo. - É bom ver que está agindo conforme as regras.

- Eu aprendo rápido. - Digo e ele põe a mão nas minhas costas, me guiando para outro cômodo. - Você não tem irmãos?

- Todos morreram. - Ele fala fazendo pouco caso da situação e eu arregalo os olhos. - Sabe, a vida nem sempre é doce para todos.

- Que horror...- Murmuro e ele arqueia as sobrancelhas. - Não imagino minha vida sem meus irmãos.

- Eles poderiam já estar todos mortos e você não saber. - Ele fala dando de ombros e eu arqueio as sobrancelhas.

- Você me diria se estivessem...Não diria?! - Pergunto e ele me encara, o que me faz entrar em pânico e me perguntar várias coisas dentro de mim. - O que você fez com eles?

- Eu?! Eu não fiz nada. Foi apenas uma suposição. - Ele fala como se fosse óbvio e dá de ombros. - Mas se você tentar algo, talvez a vida seja doce para eles.

Abro a boca várias vezes e nego com a cabeça, me sentindo indignada, e me segurando para não socar aquele ridículo.

- Podemos continuar? - Sugiro e ele me encara.

- Como você quiser. - Ele fala voltando a me estender sua mão. - O que está achando de morar aqui?

- Eu acho que estou gostando. - Minto descaradamente e ele passa o braço por meu ombro. - Você tem biblioteca aqui?

- Tenho. - Ele fala e me encara por breves segundos. - O que você gosta de ler?

- Só não gosto de livros do romantismo. - Falo dando de ombros.

- Eu tenho livros de todos os tipos. - Ele fala torcendo os lábios e dando de ombros. - Fica em uma partitura secreta do meu quarto.

- Interessante. - Digo e ele me guia para um lugar que eu diria ser uma sala de música.

Tirano | Daniel SeaveyOnde histórias criam vida. Descubra agora