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Madeline Price

Venho a colher alguns morangos com a minha irmã mais nova, Luce, e a vejo rir enquanto come alguns.

- Não vai sobrar nenhum desse jeito. - Falo e rio também. - Você me parece bem feliz.

- Eu estou. - Fala e coloca mais alguns morangos na cesta. - Você vai cozinhar hoje. E eu gosto da sua comida.

Nego com a cabeça e nós duas rimos, começando a andar para sair de onde estávamos. Nossa casa ficava perto das nossas plantações, então não havia problemas nisso.

A comunidade era pacífica, quase não havia roubos, afinal a punição para isso e qualquer tipo de coisa era terrível. O poder era concentrado totalmente na mão de apenas uma pessoa, um garoto praticamente. Não duvidava que ele tivesse mais do que 19 anos. Um tirano que acabara de herdar as fortunas do pai, que havia falecido. Daniel Seavey dominava a comunidade nas palmas das mãos e ninguém ousava lhe dizer um simples "a".

Rumores corriam por toda extensão de terra de que ele era cruel. Eu não duvidava. As regras que ele tinha criado após a morte do pai eram ridículas.

- O que está havendo ali?! - Minha irmã questiona ao ver alguns caras de preto ali perto.

- Algum morador deve ter feito algo errado. - Digo ao notar que se tratava dos caras que eram responsáveis por acompanhar o tirano ridículo.  - Vamos entrar. Não queremos encrenca e nem testemunhar nada.

Luce dá de ombros e entramos em casa. Já que mamãe e papai chegavam um pouco mais tarde, eu faria o jantar.

...

Saio da casa de banho e prendo o cabelo com uma fitinha azul, seguindo para a sala e logo vendo minha mãe sorrir para mim.

- Olá, querida. - Ela fala enquanto sorri e eu acabo fazendo o mesmo. - Como foi seu dia?

- Foi muito bom. - Falo e vejo Luce chegar também junto ao papai e Thomas, meu irmão menor de 5 anos.

- Que fome. - Ele fala rindo e passando a mão na barriga.

- Você já fez o jantar? - Luce questiona me olhando e fazendo um beicinho até que fofo.

- Estou faminto. - Papai fala dando uma risada e fazendo o mesmo ato do meu irmão mais novo.

- Eu fiz. - Falo e rio. - A gente pode comer depois de...

Sou interrompida quando ouço batidas fortes na porta de casa. Meus pais se olham de forma estranha e eu franzo o cenho. Ninguém saía de casa na hora do jantar.

- Mas quem será nesse horário? - Minha mãe fala totalmente confusa e caminha em direção a porta, com meu pai.

- Estou mesmo é com fome. - Thomas reclama fazendo uma careta e revirando os olhos.

- Que droga...- Luce fala bufando e se senta no sofá.

As batidas ficam mais frequentes e mais fortes e logo meus pais abrem a porta.

Vejo os mesmos caras de mais cedo adentrarem sem permissão e pisco algumas vezes.

- Mas o que está acontecendo aqui?! - Papai fala parecendo incrédulo e eu arregalo os olhos.

- Seu único direito é de permanecer calado. - O homem fala e eu logo vejo que ele tinha os símbolos do tirano em sua roupa.

- Não se deve entrar na casa dos outros desse jeito. - Falo e em seguida vejo o tirano entrar acompanhado de outro cara atrás de si. - O que é isso?! Invasão de propriedade?!

- Minha nossa...- Luce fala e segura minha mão.

- Façam silêncio! Eu preciso me concentrar para a escolha. - O tirano fala e eu arqueio as sobrancelhas.

- Escolha? Mas que escolha? - Mamãe vem a perguntar o que provavelmente todos queriam saber.

- Aposto que seu lar tem espaço o suficiente para que suas escolhas sejam feitas lá. - Falo e ele passa a me encarar.

- Não queremos encrenca. - Papai fala e o tirano faz um sinal para um dos caras, que se aproxima.

- Eu quero ela. - Ele fala apontando para mim enquanto parece me analisar de cima a baixo.

- Como assim você quer ela?! - Mamãe fala incrédula enquanto arqueia as suas sobrancelhas.

- O que acham que estão fazendo?! - Falo quando os dois caras seguram meus braços. - Me larguem! Eu estou mandando!

- O que vão fazer com ela? - Meu pai questiona e tenta me puxar. - Não podem levá-la.

- Quem dá as ordens aqui sou eu. - Seavey vem a falar e da uma risada irônica. - E agora ela é minha.

- Mas você só pode estar bufando louco... - Luce fala piscando algumas vezes seguidas e tentando me puxar pelo braço.

- Não sou sua! - Falo e eles me imobilizam. - Eu vou denunciar!

- Ah é mesmo?! E vai me denunciar para mim mesmo? - Daniel fala e logo revira os olhos. - Criados...

- Podemos levar, senhor?! - O homem questiona e aperta sua mão no meu braço.

- MADELINE! - Luce grita e meu corpo é puxado para fora de casa.

- Me larga! Seu bando de abutres nojentos! - Exclamo me debatendo.

- Faça ela ficar quieta. - Daniel fala e vejo que minha família vinha atrás de mim. - A voz dela me irrita.

- Não pode leva-la assim! - Mamãe exclama e tenta me puxar pela mão.

- Mamãe! - Falo tentando voltar para segurar firme sua mão, porém sou jogada no ombro de um deles. - ME LARGUEM!

- DEIXEM A MINHA FILHA EM PAZ! - Papai grita e eu ouço sua voz mais longe.

Tirano | Daniel SeaveyOnde histórias criam vida. Descubra agora