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Madeline Price

Vejo Daniel fechar o livro e em seguida me olhar e sorrir. Franzo o cenho e ele se aproxima mais.

- O que foi? - Pergunto enquanto rabisco algumas coisas numa folha de papel.

Ele não responde e eu continuo com a minha atenção no desenho bobo de uma árvore. Sinto sua mão parar em meu ombro e levanto o olhar para si, franzindo o cenho novamente.

- Tenho uma surpresa para você. - Ele fala sorrindo grande e pegando em minha mão.

- E qual é? - Pergunto curiosa e o encaro.

- Um piquenique. - Ele diz e eu o olho meio surpresa. - Imaginei que iria gostar.

- Okay. Eu estou bem surpresa. - Falo totalmente sincera e ele se levanta, me puxando para fazer o mesmo

- Eu fiz um bolo com a ajuda da minha mãe. - Ele diz e torce os lábios. - Não sei se ficou bom.

- Vamos ver agora mesmo. - Digo dando de ombros e nos sentamos no gramado.

- Você gosta de cerejas? - Ele pergunta me olhando e abrindo uma das cestas que tinham ali.

- Sim. - Respondo e olho para algum ponto atrás dele.

- Eu fiz um drink de cereja. - Ele fala reritando algo uma garrafa de vidro. - É especiaria dos Seavey.

- Você precisa me falar mais sobre você. - Digo olhando ao redor e notando que metros atrás dele, havia uma espécie de portão.

- O que você quer saber? - Ele pergunta e coloca um pouco daquele drink em um copo. - Seja mais específica com isso.

- Tudo. - Digo e aponto para o portão grande. - O que tem depois daquele portão?

- Fica a fazenda do meu avô. - Ele responde dando de ombros. - Por que o interesse?

- Só pra saber. - Falo e ele me entrega o copo com drink. - Obrigada.

- De nada. - Ele fala e toma um gole do seu, enquanto me olha. - Depois que beber, me diga o que achou.

Dou de ombros e experimento do drink, saboreando e vendo que era realmente bom.

- Eu gostei. - Falo e sorrio simples.

- Agora coma um pedaço do bolo. - Ele fala o retirando de lá e sorrindo para mim. - Eu juro que dei o meu melhor.

- Daniel, como anda a situação das pessoas lá fora? - Pergunto e pego o pedaço de bolo, o vendo me olhar.

- Por que quer saber sobre isso? - Ele pergunta me olhando e arqueando as sobrancelhas.

- Porque eu acho importante. - Digo sonsa e mastigo. - Estou sendo inconveniente?

- Não. De forma alguma. - Ele fala negando com a cabeça algumas vezes seguidas. - A situação lá fora está melhor do que nunca.

- Isso é bom. - Digo sem acreditar muito. - E o bolo está gostoso.

- Obrigado. - Ele responde dando de ombros e pegando um pedaço do bolo também. - Me esforcei muito para isso.

- Que fofo. - Falo e limpo as mãos. - Eu estava pensando...

- Pensando no que? - Ele volta a perguntar e me passa a me encarar.

- Eu acho que deveríamos ser mais abertos a qualquer tipo de coisa. - Falo e ele franze o cenho. - Tem coisas sobre você que eu não sei e vice versa.

- Mas eu não sei o que você deseja saber. - Ele diz como se fosse óbvio e nega com a cabeça. - Faça perguntas mais específicas.

- Eu também não sei, Daniel. - Falo e o vejo passar a mão no rosto. - Mas eu perdi a memória e sinto que não te conheço bem. Talvez se me dissesse algumas coisas, eu lembrasse.

- Mas eu não sei o que falar sobre mim. - Ele fala e o vejo bufar. - E você não me diz o que quer saber.

- Você prestou atenção no que eu acabei de dizer?! - Falo e bufo também. - Olha, esquece isso.

- Não pode ficar brava por isso. - Ele diz enquanto nega com a cabeça. - Não sou bom com esse tipo de coisa.

- Escute bem, Daniel, eu já...- Paro de falar quando vejo uma bolinha se movendo pelo gramado. Me levanto e corro atrás, vendo que era um esquilo.

- Ah mas agora pronto! Vai me ignorar por um causa de um esquilo? - Ele fala bufando e vindo a me seguir. - Um absurdo...

- Para de ser chato. - Digo pegando o animalzinho no colo. - Podemos ficar com ele?

- E vai adiantar eu negar?! - Ele diz bufando e cruzando os braços. - Até que é bonitinho...

- Você seria cruel a ponto de rejeitar um esquilinho? - Falo fazendo beicinho.

- Ele deve ter família, está gordo. - Ele diz apontando para o bichinho e eu rio.

- Que bobagem. - Falo e acaricio o mesmo. - Não é fofo?

- Sim. - Ele fala bufando e passando a mão no esquilinho. - Me dá ele um pouco, não seja egoísta.

- Pega com cuidado. - Digo e ele revira os olhos, me fazendo rir.

Tirano | Daniel SeaveyOnde histórias criam vida. Descubra agora