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Madeline Price

Aproveito que Daniel ainda não tinha voltado e começo a andar até o portão que ficava a alguns metros de onde estávamos "acampando" no gramado do "quintal".

Aumento os passos e antes de mais nada, ouço meu nome ser chamado de forma mais firme que nunca.

- Onde vai? - Daniel questiona e eu engulo em seco.

- Eu só estava esticando as pernas. - Falo me virando e voltando a andar para perto dele. - Bom dia, dormiu bem?

- Perfeitamente, e você? - Ele pergunta enquanto me olha e me oferece um sorriso.

- Muito bem. - Digo e molho os lábios. - Onde está o esquilinho?

- Está lá dentro. Estão cuidando dele antes de tudo. - Fala e eu assinto. - Posso te pedir uma coisa?

- Claro. - Falo o olhando por segundos.

- Não ande para perto daquele portão. - Diz e aponta para o mesmo, me fazendo engolir em seco. - Se algum rebelde entrar e você estiver ali perto, pode acabar morrendo.

- Entendi. - Falo torcendo os lábios e olho para a macieira ali perto. - Você sabe subir em árvores?

Ele franze o cenho e eu o olho incrédula, pegando em sua mão e começando a puxá-lo.

- Uma pessoa como eu não deve subir em árvores. - Ele diz negando com a cabeça e fazendo uma careta.

- Não seja fresco. - Falo e aponto para a macieira. - Vem. Eu te ensino. Sempre fazia isso quando era menor.

- Não posso, Madeline. - Ele fala voltando a negar com a cabeça algumas vezes seguidas. - E nem você deveria.

- Se você não subir, eu nunca mais beijo você. - Falo cruzando os braços. - Vai logo!

- Vai você primeiro para que eu veja como é. - Ele fala me olhando e cruzando os braços.

Rio e começo a subir, logo alcançando um ponto mais alto e me sentando.

- Venha. - Falo olhando para baixo. - É divertido.

- Sabe, estou com uma dor nas costas horrível. - Ele diz se sentando no chão e o olho meio incrédula. - Eu deixo para uma próxima.

- Daniel! - Exclamo e solto um grunhido.

- Não quero subir. - Ele fala pegando uma maçã e a mordendo. - Mas admiro sua força.

- Grande bobo. - Resmungo e vejo um esquilo ali perto.

Aproximo minha mão e pego aquela praguinha fofa, rindo e acariciando o mesmo.

- Pode jogar uma maçã madura para mim? - Ele questiona me olhando e eu bufo.

O esquilo sobe em meu ombro e eu pego uma maçã, jogando para Daniel e em seguida começando a descer.

Quando coloco os pés no chão, ele me olha incrédulo e nega com a cabeça, apontando para o esquilo.

- Ele é bonzinho. - Falo e o mesmo puxa meu cabelo. - Ai...

- Eu acho que ele não é nada bonzinho. - Ele resmunga mordendo sua maçã e negando com a cabeça. - Larga esse bicho selvagem.

- Você é cheio de frescura. - Falo revirando os olhos e devolvendo o esquilinho à árvore.

- Eu sou sincero, é diferente. - Ele fala revirando os olhos e negando com a cabeça.

- Até parece. - Falo e me viro para ele, o encarando por segundos. - Daniel, você deixa eu ler um dos livros da sua família?

- Por que está me pedindo isso tão de repente?! - Ele questiona me olhando meio desconfiado e arqueando as sobrancelhas.

- Porque eu...Eu me lembro de que você me disse onde ficavam. - Falo atrapalhada e coço a nuca. - E eu gosto de ler.

-  Então leia livros de literatura. - Ele fala como se fosse óbvio e evito bufar. - Tem vários na biblioteca do sótão.

- Mas por que?! - Falo e cruzo os braços. - Não confia em mim?

- Ainda não é a hora. - Ele fala negando com a cabeça e torcendo os lábios. - Quem sabe um dia.

Bufo frustrada e cruzo os braços. Eu precisava daqueles livros para tentar saber mais sobre o passado dele e usar isso em alguma situação futura.

- Vamos para dentro. - Ele fala fazendo sinal para que eu levante. - Estou cansado.

- Só se for de não fazer nada. - Resmungo baixo e ando para dentro.

Tirano | Daniel SeaveyOnde histórias criam vida. Descubra agora