Ela me encontrou.

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Emma Swan
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Acho que o certo seria eu começar me apresentando, né?
Bem... Meu nome é Emma Swan, tenho 25 anos, moro em New York e acabei de terminar a faculdade. Meus pais morreram num acidente de carro quando eu tinha dois anos de idade, fui adotada por uma família ruim, que me machucava muito, tanto físicamente quanto psicologicamente. Quando terminei o ensino médio, aos 17, saí de casa e mudei pra cá, comecei a fazer faculdade mas o que eu realmente amo, é a dança. Encontrei nela o auxílio que precisava para sobreviver aos altos e baixos da vida, principalmente os baixos. Sou bailarina a oito anos, e trabalho com a bailarina mais famosa da América latina, Cora Mills. Ela me ajuda desde o meu primeiro dia na faculdade, me deu abrigo, um ombro pra chorar, e uma sala espelhada só pra mim, para quando precisasse ficar só na companhia da dança.

Tive uma infância e adolescência meio conturbada. Eu não me lembro dos meus pais, só tenho uma foto com eles bem antiga. Não tinha tios, avós ou nenhum outro familiar, e no dia do acidente, a Dra Fiona, médica pediatra, me salvou. Ela e seu marido me adotaram, ambos médicos. Eles exigiam muito de mim, e por nunca ser suficiente para eles, aprendi a não ser suficiente para mim. Sei falar inglês, francês, português, espanhol e italiano, sei tocar piano, violino, aprendi a ler com 3 anos, bem antes de muitos outros. Fui a melhor da turma em todos os anos de escola que cursei. Quando eu não conseguia fazer algo, era humilhada e reprimida, mas nunca deixei que eles mudassem quem sou.

Cresci sendo boa, gentil e humilde, apesar do berço de ouro em que vivi por muitos anos da minha vida. Desde pequena eu tenho ajudado quem precisa, sem esperar nada em troca. Na adolescência, meus amigos foram minha base pra tudo. Sempre tive uma vida corrida, com todas as aulas fora e em casa que eu fazia. Tive minha primeira experiência daquela dor que faz você clamar pela morte, aos 13 anos. Se eu pudesse falar com a minha eu do passado, eu diria a ela que ela conseguiu, ela sobreviveu.

Na única foto que tenho com meus pais biológicos, tem uma frase atrás escrita a mão.
"Pra quem não ouve a melodia, acha maluco quem dança"
Pelo pouco que sei deles, ambos são dançarinos, mesmo não me lembrando muito, tenho a certeza que eles eram os melhores dançarinos que um dia tive a sorte de conhecer. Eu nunca tinha entendido aquela frase, mais quando eu tinha uns quinze anos eu visitei pela primeira vez em muito tempo a casa dos meus pais. Pude ver fotos de apresentações de ambos, figurinos guardados em caixas... E foi daí que nasceu a chama dentro de mim que é alimentada todo dia pela dança.

Os meus pais adotivos não permitiam que eu dançasse, eles diziam que eu tinha que estudar, estudar e estudar pra ser alguém importante. Tenho 100% de certeza que eles não iriam permitir a minha faculdade e a minha carreira na dança. Assim que terminei o ensino médio, providenciei a minha viagem, aluguei um apartamento aqui e comecei a procurar lugares para dançar até que encontrei a Cora.
Esbarrei com ela nas ruas daqui e nesse dia, eu estava com ambas as sapatilhas penduradas no ombro, como uma bolsa. Quando nos esbarramos, minhas sapatilhas caíram no chão e ela que pegou.

8 anos atrás, ruas de New York, 23:35 PM

-Me desculpe, eu não quis... Foi um acidente.

Falei ao ver que tinha esbarrado com uma mulher, todas as minhas coisas caíram no chão.

-Tudo bem, menina.

-Não precisa e-eu pego.

-Você dança?
Perguntou ao ver minhas sapatilhas.

Uma vida na ponta.Onde histórias criam vida. Descubra agora