Uma vida na ponta.

Isso não é real.

Emma Swan
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-Então, Dr, o que explica isso?

-Regina, você fez algo anormal hoje?

-Não.

-Fez sim, Dr Whale, ela começou a tocar o piano e aí apagou.
A Ingrid disse segurando a mão da Regina.

Confesso que a aproximação delas duas está me deixando desconfortável. Me senti incomodada, um sentimento de tristeza me corrompeu, e de muita raiva também, diga-se de passagem. Passei dois anos cuidando da minha saúde mental, eu voltei a ter sessões com psicólogos, eu me curei da dependência que eu tinha pela Regina, mas parece que agora todo o meu progresso se escorreu por entre os meus dedos. Eu achava já ter superado a porcaria do caos que a Regina faz na minha vida, sempre, mas eu só tinha colocado um band-aid por cima, e ela ter voltado agora, desse jeito, foi como ter arrancado com tudo esse band-aid. E aí aquela sensação voltou a me atormentar, o coração batendo mais rápido, as mãos soando e uma única certeza: "Eu sou completamente dependente de Regina Mills. Eu ainda a amo."

-Bem, eu julgaria ser impossível, mas aconteceu... Sabe, a mente humana depende de alguns mecanismos para se recuperar. A questão é, a mente da Regina, que já estava com suas memórias morrendo, recuperou todas elas por meio de gatilhos. O gatilho de memória nada mais é que uma associação de uma informação a alguma lembrança. A mente da Regina associou o piano a uma lembrança antiga. Eu só estranho uma coisa... um único gatilho? Você viu os flashs mais alguma vez, Regina? Porque acho que seria necessário mais de um gatilho pra recuperar tudo.

-O que você tocou?
Perguntei.

-Mariage d'Amour.
Hope respondeu antes dela, já sabendo a resposta.

-Isso. E também teve mais... os flashs não começaram no piano. Foi na escada, quando eu coloquei a aliança.

Quando ela falou isso, a Ingrid a olhou de um jeito estranho, quase a fuzilando com os olhos.

-Porque você está usando a aliança?
Eu e Ingrid acabamos perguntando ao mesmo tempo.

-Regina, você não é mais casada com ela.

-Colocar a aliança foi decisão sua, então quer dizer que mesmo sem lembrar de nós, o sentimento ainda existe.

-Claro que não existe! Ela está noiva, nós vamos nos casar, não invente coisas.

-Existem sim! Você não simplesmente colocaria ela se não houvesse o sentimento verdadeiro.

-Diga a ela que é mentira, que nós nos amamos, Regina.

-Isso não é real, você ainda me ama, e sei que você quer voltar a nossa família, não é?

-Não, não é isso que ela quer!

-CALEM A BOCA E SAIAM DAQUI AGORA!
Ela gritou nervosa, quebrando o seu silêncio, enquanto passava a mão no rosto, no cabelo, nos braços, quase entrando em choque.

O Dr Whale saiu primeiro, logo em seguida a Ingrid, depois a Hope, e antes de eu sair, balbuciei um "Eu amo você!" sem som algum. Ela olhou nos meus olhos e pude ver uma lágrima escorrer em seu rosto, e senti uma única lavar o meu rosto também.

Saí do quarto e do hospital também, comecei a andar sem um rumo, sem um destino, eu estava só andando. Andei por horas, até que cheguei no píer, o Sol está se pondo... sentei na beirada e fiquei com os meus pés dentro d'água, até as canelas.
Tirei meu celular do bolso, que estava vibrando, e olhei quem estava me mandando mensagens.