Parece uma maldição.

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Emma Swan
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Meu coração está despedaçado.
Novamente, eu perdi a pessoa que amo de forma dura e dolorosa, às vezes eu me pergunto, todos que amei/amo/amarei estão destinados a serem arrancados de mim? Parece uma maldição, das poucas pessoas que amei, todas partiram. Apesar de já ter passado por isso, eu estou sofrendo como se fosse a primeira vez. Tem algo triste em mim agora, no meu coração. Uma mágoa, uma raiva da vida, e vontade de desistir da mesma. Eu não sei o que fazer, estou sentada nessa poltrona a umas duas horas sem mover sequer um músculo, não tenho forças pra isso. Já chorei, já vi a Zelena chorar, já vi a mulher de cabelos negros chorar, por pouquíssimas vezes, mas vi.

O corpo já sem vida da minha mãe de coração, já foi retirado do quarto. A Zelena está sentada no chão abraçando seus joelhos, e a possivelmente sua irmã, está ao seu lado alisando seus cabelos.
Ninguém tinha coragem de falar ou fazer nada, apenas ficamos alí tentando nos recuperar. Até que a ruiva se levantou, deu alguns passos e parou na minha frente.

-Emma... Vem, vamos. Você vai vir pra casa conosco.
Disse se abaixando um pouco e alisando meu rosto inchado.

-N-não precisa, eu vou pro meu apartamento.

-Não, Emma. Você virá conosco, não quero deixá-la sozinha, certo?

-Está bem.

-Agora vem, levanta.
Disse me puxando, já que antes segurava minhas mãos.

Me levantei devagar e nós saímos dali, passos lentos...
A mulher de cabelos negros, cujo não sei o nome, assinou uns papéis e fomos todas para o carro da Zelena.
Me sentei atrás, não sozinha, estava com uma mulher loira ao meu lado, na qual se dizia assistente da Srta Mills. Mas será possível? Ninguém pronuncia o nome dessa mulher não?
A viagem foi silenciosa e triste. Até chegarmos a casa da Cora... É uma enorme casa!
A Zelena estacionou o carro e nós descemos, ao entrar, pude ver uma sala enorme, bem espaçosa com uma porta de vidro que dava a cozinha e ao lado uma sala vazia, com o chão sujo de tinta e vários quadros na parede.

A mulher de cabelos negros exitou muito em entrar, pude perceber a tensão sobre suas costas. Se ela é filha da Cora, porque ela nunca mencionou uma segunda filha? Bem, ela não é uma pessoa muito legal, ela me emprestou seu terno, okay, mas todo o tempo ela me tratou como um verme, um ser desprezível. Ela tem uma postura imponente, em seus olhos pude ver um brilho ofuscado, do tipo que um dia já brilhou como um raio de Sol, mas não brilha mais. Ela é mandona, vez ou outra atendia o telefone e foi super grossa com quem quer que seja que estava do outro lado da linha. A Tinker parece não ter medo dela, ela disse que todos temem a sua chefe, mas eu também não vi nada demais. Apenas uma pessoa arrogante que trata as pessoas como se ela fosse uma deusa, e todos em sua volta estivessem abaixo de seus pés.

-Emma, vou te levar pra um quarto e você toma um banho, troca essa roupa e tenta dormir um pouco.

-Okay.

Eu sabia que não conseguiria dormir, mas tentaria.
Subi com ela. Enquanto ainda subia as escadas, pude ver a outra mulher tocar nos móveis, nós quadros... Como se estivesse decorando algo, não sei, tem muita coisa por trás dessa pequena rachadura, e não sei se quero descobrir ou não.
Entrei no quarto que a Zelena tinha me direcionado, sentei na beira da cama, respirei fundo, soltei meus cabelos, peguei meu celular na bolsa e liguei. Observei as horas, 00:00, e lembrei das diversas noites em que eu e a Cora ficávamos ensaiando até essa hora, das vezes que eu ficava ensaiando a essa hora e ela aparecia na minha sala pra dizer que eu precisava descansar... E nisso, uma lágrima involuntária traçou rota por meu rosto.

Levantei, fui no banheiro, tirei a pouca roupa que vestia devagar, entrei na banheira e senti meu corpo se arrepiar ao entrar por completo na água fria. Me deitei alí e fui descendo cada vez mais, até que meu corpo já se encontrava completamente submerso, inclusive o meu rosto. Passei quase um minuto ali dentro, até que me levantei num movimento brusco em busca de ar, sentei, abracei meus joelhos e fiquei ali por um bom tempo.

Saí e já são quase 01:00, minhas mãos estão engilhadas. Vesti um pijama que a Zelena tinha me emprestado e comecei a pentear meus cabelos.
Deitei na cama e fiquei uns vinte minutos na cama olhando pro teto tentando dormir, mas quando percebi que não conseguiria, me levantei e desci. Sentei numa cadeira da cozinha e comecei a beber um copo d'água que tinha pego.

Regina Mills
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Entrei na casa com uma pequena dificuldade, afinal, se passaram 10 anos... Fiquei reparando em tudo, está tudo exatamente igual, alguns móveis diferentes, mas todos nas mesmas posições de quando fui embora.
O estúdio da Zelena, sempre com a maçaneta suja de tinta, os seus quadros... Eu senti tanta saudade de vê-la pintar. Esse lugar agora tem uma energia negativa, de tristeza. Subi pro meu antigo quarto, tomei um banho, resolvi algumas coisas no notebook e quando vi já eram quase uma e meia, então resolvi descer pra tomar um café, tenho várias coisas pra terminar e não posso dormir agora.

Desci as escadas devagar, na tentativa de não acordar ninguém, até que vi a luz da cozinha acesa. Com certeza não é a Zelena, ela não consegue ficar acordada até uma hora dessas, então supus que fosse a Emma. Fui andando até que me deparei com ela, uma mulher loira, de corpo esbelto e com pernas bem amostra, cabelos longos e molhados cobrindo toda as suas costas. Não é possível, essa garota não sabe se vestir? Sempre está com a roupa extremamente curta, não que ela não fique bem nela, na verdade, fica divino, mas ela não deveria usar roupas dessa maneira. Ela estava sentada numa cadeira bebendo algo em um copo, fui até a cafeteira e enchi uma xícara de café. Passei um tempo ali, de pé, apenas observando o vapor saindo da xícara, e Emma nada dizia ou fazia, seus únicos movimentos eram o de levar o copo a boca e depois de volta a mesa.

O que ela tem demais? Por que a Cora gostava dessa menininha sem sal?
Minha vontade no momento era de descontar toda minha raiva nela, eu só não sei porque, a inveja e o ódio estão tomando conta de mim, por Deus!

-Emma, como você encontrou a Cora?
Ousei perguntar.

-Encontrei com ela por acaso.
Disse seca.

Ok, essa mulher é completamente arrogante! Não vou insistir, então só me levantei, coloquei a xícara na pia e quando fui até a mesma, pude ver que a Emma batia com as unhas na mesa, uma por uma, numa ordem sincronizada, seus olhos estavam vermelhos e o copo já estava vazio. Voltei e quando estava quase saindo da cozinha ouvi uma voz rouca me fazer uma pergunta.

-Como você se chama, Srta Mills?

-Eu me chamo Regina, Srta Swan.

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