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Nossos olhos se encontraram, os cabelos estavam bem arrumados, seu sorriso bem desenhado. Seu corpo bloqueava o sol, me impedindo de ficar cega pela luz. O silêncio reinava entre nós dois. Coral continuava em cima de mim, pedindo atenção, cachorros, com certeza seriam a salvação do mundo.

Eu não sabia o quanto precisava ver seu rosto, até que estava olhando para ele, um sentimento de estar no lugar certo, como se meu coração soubesse que precisava olhar para ele mais uma vez.

- Alissa. – Tinha como uma voz tirar seus pés do chão?

- Bernardo. – me arrumei, tentando parecer normal.

- Tudo bem? Achei que nunca mais ia te ver.

Eu também, também achei que nunca mais ia encontrar com ele, que nunca mais ia ver esse homem que em dois segundos mexeu com meu coração. Não, ninguém mexeria com meu coração. Era só um sopro estranho.

- Eu sempre venho aqui, sempre.

Coral tenta chamar minha atenção, mordendo meus dedos e batendo suas patas em minhas pernas.

- Ela gosta de você. – Ele diz se sentando ao meu lado.

- Eu também gosto dela, não é Coral? Não é? – fiquei fazendo carinho em seu pelo, até ela se deitar ao meu lado. – Ela está cansada.

- Estamos andando desde cedo... Caminhando pelo parque.

Ele passa a mão pelo corpo de Coral que se entrega ainda mais ao carinho do dono.

- Você vem sempre aqui? – assim que a pergunta saí da minha boca, percebo que parece uma cantada ruim. – Não, não desse jeito.

- Sim, eu sempre venho aqui. – Bernardo ri da minha confusão. – E sua amiga?

- Deve estar correndo por aí, eu fico me reconectando com a natureza e esperando...

- Parece uma boa maneira de passar as manhãs.

- Sim, é.

Sua voz era doce, calma, diferente da minha que era estridente e animada. Nossas mãos corriam por Coral, que aproveitava a sombra e nossos corpos perto dela. Sabia que de fora parecíamos um casal aproveitando a manhã no parque.

Mas éramos apenas dois conhecidos desconhecidos que se encontraram, apenas isso. Com os olhos conectados, nunca tinha sentido aquele tipo de ligação com alguém, como algo assim podia acontecer?

Nossas mãos se tocaram, os dedos entrelaçados.

Pulei em pé, precisando sair, andar, isso não estava bem.

- Eu preciso ir. Preciso.

- Tudo bem.

- Boa sorte com a vida.

- Obrigado, Alissa.

Virei desesperada para ir embora, com medo disso que estava sentindo, nunca senti tanto medo de algo. Eu não fugia de relacionamento, não fugia de pessoas, por mais que já tenha sido machucada. Isso não era normal, isso não era comigo.

Parei em seco, seguindo um instinto, isso era estranho, tudo isso.

Voltei para trás, isso era ridículo, não devia ter medo desse tipo de coisas.

- Se você quiser, eu trabalho em um café, Flores e Café, você pode aparecer por lá.

- Eu estarei lá. – Podia ouvir o sorriso em sua voz.

- Até lá.

Saí caminhando pelo parque, o lago cercado pelo verde da grama. Encarei as famílias aproveitando o dia de sol, lembrava de quando eu imaginava que aquilo era para todo mundo, que ainda tinha sonhos infantis que o amor era uma fórmula mágica que todos recebiam e a usavam quando bem entendesse.

Encontro ao Acaso - Série ao Acaso [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora