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Quando Henrique fechou a porta, e a trancou, nos despedimos, senti o frio da noite bater em meu corpo e agradeci que tivesse a carona de Bernardo.

Nossa conversa tinha sido tão boa, tinha de alguma maneira acalmado o medo que eu sentia de estar perto dele. Eu sabia ser amiga, era no que eu me saía melhor. Melhor até do que no violão que era minha grande paixão.

Meus pés balançavam, eu não sabia para onde iríamos, nem qual era seu carro, ele tinha o jeito de ter um carro simples. Eu não sabia nada sobre ele, realmente, nunca tínhamos conversado sequer sobre seu tipo de carro favorito.

- Vamos? – senti suas mãos em minhas costas.

Segui o caminho que ele indicava, a rua estava vazia. Diferente dos meus pensamentos que pareciam um emaranhado de todas as coisas que vinham acontecendo nos últimos dias.

Encontrar com minha mãe parecia um mau presságio, fazia tanto tempo que não ouvia dela, que apenas a mensagem tinha me feito duvidar de tudo que eu tinha conseguido. Fugir da casa dos meus pais e começar uma nova vida era a única maneira possível de estar bem e ser feliz.Quando consegui, nada me faria voltar.

- Alissa, está tudo bem?

Virei para olhar para o rosto de Bernardo, ele estava falando comigo?

- Tudo, eu só... – encarei seus olhos escuros – Só muita coisa na cabeça.

- Se puder ajudar.

- Não se preocupe... – pedi, eram meus problemas para resolver.

Ele indicou o carro e eu quase tive um treco, era um jipe troller preto, era a coisa mais bonita que eu tinha visto na vida, parecia besteira ser tão apaixonada por carros quanto eu era, já que minha vida era andar de metrô para todos os lados.

- Um troller? Você tem um troller?

- Você gosta?

- Sempre adorei jipes. Eles sempre dão uma sensação de segurança e aventura na mesma quantidade e eu adoro isso.

- Não poderia descrever de maneira melhor. – Bernardo apertou o controle remoto. – Vamos?

- Claro.

Não podia esconder minha excitação, eu nunca tinha conseguido entrar em um troller, nenhum amigo na escola gostava o bastante, e nem meus pais tinham interesses em carros. Então era só eu e minha vontade de dirigir um.

O banco era confortável e o carro tinha aquecedor. Podia ouvir a risada de Bernardo, mas não ligava. Eu estava impressionada.

- Posso andar ou você quer conversar com o carro?

- Babaca.

- O que você disse? – perguntou, beliscando minha cintura.

- Que seu carro é incrível.

Passei o cinto e encostei no banco.

- Quer ouvir alguma música? Comprar algo ou só ir direto para sua casa?

- Acho que só ir...

Falei o endereço e Bernardo colocou no GPS, não era difícil de encontrar, apenas longe, do outro lado da cidade. A parte pobre. Era segura, pelo menos, mas a estética não era nem um pouco bonita.

Estava tão acostumada com o caminho de metrô que tinha esquecido como era a cidade a noite. As luzes brilhavam das janelas, e algumas pessoas ainda enfrentavam o vento gelado por algumas horas conversando. Carros passavam de um lado para o outro, e tudo isso fazia essa cidade tão viva.

Encontro ao Acaso - Série ao Acaso [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora