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O silêncio só era perturbado pelo som da televisão ligada em um filme de terror. Maite estava na cozinha, e minha cabeça continuava repetindo as palavras. "Eu também te amo, princesa.", primeiro que princesa era o apelido mais sacana que existia, quem em sã consciência chamava uma mulher de princesa?

Era o apelido mais ridículo da face da terra.

Segundo... eu sentia muito por ela. Enquanto, provavelmente, estava em casa, ele estava dando em cima de outra mulher. Era isso que ele vinha fazendo, dando em cima de mim. Eu, realmente, sentia muito pela mulher que estava no telefone.

Ele ainda queria me trazer para casa.

E isso me levava ao terceiro tópico, ele era um babaca, ninguém devia fazer isso, ainda bem que não o deixei entrar.

O filme continuava tentando chamar minha atenção, Cemitério Maldito, literalmente um clássico e nem ele me prendia em algo. Gage tinha acabado de voltar, e eu continuava pensando em matar um homem, um sorriso apareceu no meu rosto e então, voltei a me sentir mal pela "princesa".

Onde estava Maite quando eu precisava dela?

Merda.

Encostei a cabeça no sofá, tudo estava indo tão bem. Nunca tinha sentido essa vontade de me abrir para alguém, e então esse cara com dois encontros me faz sentir algo que eu não imaginava que fosse possível. Esperança. Tola, era isso que eu era. Esse tipo de sentimento não era para pessoas como eu. Eu estava bem, me sentia traída de alguma forma, não fazia sentido, não tínhamos nada.

- Toma. – a garrafa gelada em minhas mãos parecia ligar alguma parte do meu coração. – Cerveja.

Maite se sentou ao meu lado, mudou de canal, ela simplesmente detestava filmes de terror. Quando alguém começou a falar sobre amor, desliguei a TV, ela não podia pensar, realmente, que eu queria assistir algum filme romântico.

- Problemas?

- Nenhum – respondi, tirando a garrafa da boca.

- Fale comigo.

- Eu meio que o odeio.

- Imaginei.

Estávamos as duas com a cabeça no encosto do sofá, tínhamos juntado muito dinheiro até conseguirmos comprar esse velhinho, era confortável e era nosso. Antes a sala tinha um colchão que servia de minha cama, éramos felizes desde aquele tempo. Não fazia muito tempo, as coisas começaram a melhorar e logo minha melhor amiga poderia fazer a faculdade de culinária que ela tanto sonhava.

- Vocês...

- Nos beijamos? – ela confirmou – Não, você me conhece melhor, mas eu quis. Ma, eu quis tanto. Ainda posso sentir sua proximidade.

- Como nunca quis com ninguém?

- Exatamente. Me sinto estúpida, não podia existir um aplicativo que mostrasse quando o cara fosse um babaca?

Nossas risadas começaram e não conseguimos parar, talvez fosse o álcool, ou o fato de estarmos cansadas do dia. Não me levantaria da cama para o parque nem que me oferecessem um milhão de dólares, dólares é a moeda mais cara? Não sei, se não fosse, mesmo que me oferecessem um milhão na moeda mais cara.

- Você não é estúpida, ele merece os xingamentos.

- Escroto.

- Babaca.

- Traidor.

- Ridículo.

- Feio.

- Não, isso é algo que você não pode dizer, Alissa, o cara é muito bonito.

Encontro ao Acaso - Série ao Acaso [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora