Capítulo 5 - Julgamento

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-Eles querem fazer um acordo. – Jayce sentou-se próximo a nós. – Eles vão reduzir a pena de Billie se ela se declarar culpada, pode até ser regime aberto.

-Ela não é culpada. – Estávamos cansados e em busca de provas inabaláveis para contestar a acusação, mas estávamos rodando em círculos.

-Se perdermos, ela vai ficar presa por cinquenta anos Samanta, eles colocaram vinte anos como a pena.

-Eu não perco Jayce. – Eu disse firme. – Não vamos aceitar. – Olhei para Billie que piscou algumas vezes.

-Você acha que pode me tirar disso? Tem certeza? – Talvez eu estivesse agindo pelo ego, mas eu não a deixaria levar a culpa por algo que não fez.

-Tenho. – Respondi firme. – Diz para eles que vamos à julgamento. Eles têm um furo na acusação, ou não ofereceriam a droga de um acordo.

-Confio em você. – Ela sorriu fraco.

-A senhorita era amiga do rapper – Tenner, o promotor, fez aspas. – "xxxtentacion" – Rolei os olhos, levantando-me.

-Protesto, irrelevante para o caso. – Eu disse como se fosse obvio, e era.

-Protesto mantido. – O Juiz Ruiz bateu o martelo. Apesar de Tenner ser um pé no saco Ruiz era um amor, sempre nos dávamos bem.

-Vou reformular... – Ele andou em círculos, voltando a apontar para Billie, que me olhou. Eu podia sentir seu nervosismo. – A senhorita teve amigos acusados de agressão, acha que pode ter tido exemplos agressivos?

-Protesto, o que isso tem haver com o saco. Se passaram anos dês da morte do cantor. – Cruzei os braços. Ruiz olhou irritado para Tenner. Eu conseguiria ser mais pé no saco que esse burguês arrogante.

-Protesto mantido. Advogado, faça perguntas com relação ao caso. – Ruiz erguei as sobrancelhas, reforçando seu aviso.

-Senhoritas O'Connell você teve acesso direto à localização da vítima, certo?

-Certo. – Billie respondeu com acidez no tom de voz.

-Vocês mantinham contato com a vitima minutos antes de sua morte?

-Se você chama receber ameaças de contato, sim. – Ela encarou Tenner.

-Você tinha motivos, as ameaças, e a localização da vítima... Eu vejo como meios e motivo. – Me levantei novamente.

-Protesto, isso nem foi uma pergunta. – Ruiz parecia manteve novamente o protesto, pedindo para que júri desconsiderasse.

Era incontável as vezes em que eu protestei e rolei os olhos. Era finalmente a hora da defesa, próximo da hora do veredito. Eu estava nervosa, coisa que nunca acontecia. O tribunal era um dos lugares que eu mais me sentia confortável, mesmo quase nunca tendo que ir à julgamento. Eu sempre encerrei o caso antes que fosse necessário todo esse alvoroço.

-Vamos começar com a falsa acusação de estupro, Jessica estava...

-Não é justo acusar alguém que não pode se defender. – Me virei para Tenner.

-O senhor vai me interromper sem nem sequer protestar? Está desesperado ou só está mantendo o costume por eu ser mulher? – Tenner cerrou os olhos e apertou o maxilar. Sorri de lado. Ele sempre interrompia mulheres no tribunal, ele se divertia as fazendo se perder, mas eu não era assim.

-Ordem! Prossiga advogada. – Ruiz disse batendo o martelo. Eu assenti.

-Jessica estava desesperada atrás de dinheiro, achou que extorquindo minha cliente ela conseguiria. – Coloquei no slide das mensagens que ela havia mandado. O júri se entreolhou, me fazendo sentir uma satisfação. – Nas mensagens de seu celular, coletada pelos policiais, havia vários números desconhecidos com mensagens de ameaças. Os policiais presumiram serem da minha cliente. – Mudei o slide para as mensagens do telefone de Jessica. – Os horários das ameaças batem com horários dos shows em que minha cliente cantava. Algumas das ameaças foram antes do envolvimento da vítima com Billie. – A chamei pelo primeiro nome, gerando uma aproximação entre júri e réu. A arma do crime, que foi claramente, plantada no carro da minha cliente. – Mudei a foto para a traseira do carro de Billie, com marcas de arrombamento. – O carro de Billie estava estacionado na rua, já que ela estava até às 20:00 em um local de provável show. O Horário da morte foi determinado entre as 19:00 e às 21:00. As gravações do local do show comprovam a permanência das 18:00 até as 20:00 no local. Ao receber as ameaças Billie decidiu por me procurar, indo direto para minha casa. Do outro lado da cidade, o que lhe daria menos de dois minutos para cometer o crime e sair do local. Já que calculamos e o trajeto que Billie percorreu fica em 55:00 minutos, assim dizendo que pegaria todos os sinais abertos e percorrendo quase na velocidade limite. Ela saiu as 20:00 em ponto do local, entrando direto no carro. As gravações da entrada do meu prédio mostram sua chegada às 20:57. – Eu caminhava, falando diretamente com o júri e juiz. – Além de que a força para o traumatismo em sua cabeça exigiria uma força muito maior do que minha cliente poderia.

-Eu admiro você, nasceu com o poder da persuasão. – Ele, apesar de um carrasco, sempre fora cordial fora das batalhas de um julgamento. Ele sorriu de lado, desabotoando um dos botões de seu terno. Me apoiei na mesa que estávamos e fiquei com a cabeça de lado.

-Eu batalhei muito para aprimorar, não é simplesmente dom Tenner. – Eu disse pausadamente. – E em casos como esse eu não preciso de persuasão, minha cliente é inocente. Os fatos e as provas estão a nosso favor, é ridículo essa acusação sem base. Você foi na onda da Katarina e agora está ficando feio para você.

-Katarina tem um ótimo senso crítico.

-Menos quando esta cega pelo ciúme. – Eu disse entre dentes. – Ela está gastando o meu tempo e o seu. – Fiz uma pausa dramática, mas prosseguindo. – Se minha cliente. – Levantei um dedo. – Estou dizendo "SE" for presa, injustamente é claro, isso vai ficar nas suas costas Tenner.

-Acusar é meu trabalho senhorita Becker. – Ele deu um passo para frente. – E eu faço isso muito bem.

-Defender é o meu trabalho Tenner, e eu faço muito bem.

-Você quer dizer que tirar criminosos de seu devido lugar é seu trabalho, não é?

-Deixou seu ego e sua paixonite atrapalhar seu senso crítico, que patético. – Sorri de lado. – Ou só quer me ofender mesmo?

Meu estomago estava se revirando. Billie estava ansiosa, suas pernas não paravam quietas e seus tiques estavam visíveis. Estávamos aguardando a decisão do júri. Ela olhava o tempo inteiro para os pais e irmão que estavam ali. O Juiz retornou, fazendo com que todos se levantassem. Ele foi anunciado e voltou para o lugar. Uma das pessoas do júri se levantou com um papel em mãos.

-O Júri chegou à uma decisão. – Meu coração palpitou. Havia sido bem rápido, eu estava esperando mais alguns dias de julgamento. Billie segurou em minha mão com força, estávamos esperando o veredito. Toda aquela reaproximação havia me deixado ligeiramente apegada em sua presença, mesmo sendo apenas como amiga. Era bom tê-la por perto e poder apoia-la. Respirei fundo e sorri fraco, dando-lhe um pouco de confiança. Eu estava preocupada por ter sido uma decisão rápida... 

O azul dos teus olhos - pt. 2 - Billie EilishOnde histórias criam vida. Descubra agora