Capítulo 14 - Boa mãe

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Abri meus olhos com certa dificuldade, alguém vulgo Alice, gritava "mamain" e pulava sobra a cama. Me virei de lado e finalmente abri meus olhos, encontrando Billie de lado com a cabeça apoiada na palma de sua mão. Ela abriu os olhos e se aproximou para selar os lábios nos meus.

-Bom dia.

-Bom dia. – Passei a mão no rosto, claramente pouco feliz em acordar. Billie colocou a mão em meu rosto e se aproximou para beijar-me, mas logo se afastou e começou a rir. Fiz uma careta, relutando em me levantar.

-Realmente, beijo assim de manhã só em filme. – Não consegui evitar uma ruidosa e desajeitada gargalhada. Alice se esgueirou na cama para me abraçar. A envolvi em um apertado e aconchegante abraço.

-Bom dia macaquinha. – Beijei o topo de sua cabeça, penteando seu cabelo com os dedos.

-Temos muito o que fazer... – Billie disse animada, abrindo as cortinas do meu quarto.

-Quer morrer logo de manhã – Rosnei, tapando meus olhos com a extrema claridade de Nova York. – Puta que pariu.

-Mamãe.... – Alice disse com tom de ameaça, muito fofo por sinal. Ela fez uma carinha brava. Rolei os olhos e tapei os ouvidos de Alice.

-Vadia. – Eu disse antes de tirar as mãos. Minha filha desceu da cama feito um foguete e correu até Billie, que a pegou no colo. Vê-la juntas sempre era fofo. Mordi o lábio inferior, apreciando o momento. Ouvi batidas ruidosas na porta e um Jayce apavorado entrar.

-Tribunal, cinco minutos. Estamos encrencados. – Ele já estava de terno.

-Saco. – Bufei. Em plena sexta? – Resmunguei saindo da cama e me dirigindo ao banheiro.

-Vou deixar Alice mais cedo na escola... – Jayce disse em um tom de voz triste.

-Não precisa, eu fico com ela. – Billie disse, ainda olhando e brincando com minha filha. Eu confiava plenamente nela, então não protestei.

Minhas pernas simplesmente pararam de funcionar. Encontrei seus olhos amendoados e seu cabelo, agora, curto. Soltei pesadamente o ar, sentindo minha cabeça doer instantaneamente. Ela esboçou um sorriso triste e logo se virou para frente. Tessa mal me olhava, me citava como "advogada". Sabiam do nosso histórico conturbado, por isso a mandaram como representante. Ela trabalhava para uma das empresas que "competiam" conosco, e não tinha muito tempo de casa. Manda-la para esse tipo de julgamento era arriscado e idiota. Fiquei orgulhosa em vê-la em ação, era incisiva e segura no que falava, mas não tinha chance. Foi dado, finalmente, o veredito. Ela parecia chateada e nervosa quando saímos. Ela caminhou até mim.

-Precisava me humilhar mais uma vez? – Ouvi sua voz ecoar nas minhas costas. Massageei minhas têmporas por alguns segundos e me virei. Jayce levou o cliente para longe, explicando o tramites legais restantes.

-Como é que é? – Cruzei os braços e cerrei os olhos.

-Você me humilhou lá.

-Tessa deixa eu te explicar uma coisa. Lá dentro não somo ex-namoradas, eu estou representando o meu cliente e não vou deixa-lo pagar milhões para te satisfazer. Não te humilhei, pelo contrário. Fui a mais sucinta e educada possível, por respeito à nossa história. – Humedeci os lábios. – Deveriam ter mandado outra pessoa, mas jogaram com você e tentaram jogar comigo. Conheço o associado principal de lá, ele tem uma grande e intensa rixa idiota comigo.

-Se tivessem me avisado eu teria falado que não funcionária, você não tem sentimentos. – Ela rosnou, colocando o dedo no meu rosto.

-Não por você. – Tessa cambaleou para trás e se virou, saindo.

-Não quero. – Alice gritou e se virou, emburrada.

-Alice vira aqui agora. – Eu rosnei.

-VOCÊ NÃO MANDA EM MIM. – Ela berrou e saiu correndo para o quarto. Fui atrás, querendo pega-la pelo cabelo e enfia-la na droga de meia calça. – Você é uma bruxa. – Seus olhos escorriam lágrimas. Respirei fundo e me aproximei, tirando os saltos e os chutando para o lado.

-Se eu tiver que dizer mais uma vez seu nome garota você não vai sentar por um mês. – Eu disse brava a fazendo fungar. – Você tem quatro anos, não é dona de si. Você tem que ir com a droga de meia calça.

-Eu odeio ballet, não quero fazer. – Ela disse, ainda com os braços cruzados.

-Você adora a droga do ballet. – Eu disse alto. – Você me colocou maluca para te matricular nessa merda. – Eu joguei a meia calça sobre a cama. – Você quer me deixar louca?

-Eu queria não te ter como mãe. – Ela berrou, com o rosto completamente molhado de lágrimas e tomado por um vermelho desesperador.

-Samanta... – Jayce apareceu na porta e Alice correu para abraça-lo.

-Papai... – Ela fungou em meio ao choro.

-Você não é uma pessoa ruim. – Billie acariciou meu cabelo, eu estava em seu colo. – Você só faz seu trabalho direito.... – Ela riu, então percebi a piada. Ri, por consideração e educação. – Nos esbarramos em LA, no supermercado. Aquele dia que você saiu pela janela da minha casa....

-Meu Deus, você sabia. – Cobri meu rosto, ouvindo-a rir.

-Seu irmão me contou há um tempo atrás. – Descobri meu rosto e me virei de lado, virada para sua barriga.

-Me lembra de mata-lo. – Eu disse ríspida, consumida pela vergonha. Levantei sua blusa, até aparecer sua barriga. – Você odeia tanto assim o sol? – Beijei o local, Billie começou a rir e afastou minha cabeça. Ela tinha muitas cócegas.

-Você toma muito sol por acaso né?

-Garota você praticamente brilha... Temos que ir à praia... – Me virei novamente para o teto. – Faz tanto tempo que não vou para LA na praia... Ou em qualquer praia...

-Tenho alguns shows essa semana, então quando eu voltar podemos viajar. – Ela se abaixou para selar nossos lábios. – Vamos para uma cabana na praia...

-Vai ser ótimo. – Mordi o lábio inferior. – Eu nunca tirei férias... Alice quer passar as férias com os avós em LA. – Fiz um beicinho. – Brigamos hoje mais cedo... Ela gritou comigo, eu parecia uma criança gritando com ela também. – Passei a mão pelo rosto. – Convenhamos, sou uma mãe de merda. – Ri sem humor.

-Você é uma ótima mãe. – Ela humedeceu os lábios e esboçou um breve e carinhoso sorriso.

-Ela disse que não queria me ter como mãe. – Me levantei, encarando-a. – Eu tento não ser como meus pais... Tento tirar o máximo de tempo que eu consigo... Achei que a fase de odiar os pais fosse a adolescência...

-Ela não te odeia. – Billie se aproximou e beijou minha testa.

-Eu queria tanto que ele estivesse aqui... – Meus olhos brotaram lágrimas, teimosas e doloridas. – Jhon saberia o que fazer, ele seria um ótimo pai...

-Então pensa... O que ele faria? – Ela limpou meu rosto delicadamente. – Só pensar no que ele faria bebê...

-Posso entrar? – Eu disse observando-a brincar emburrada próxima à sua cama. Ela assentiu. – Bebê...

Me sentei na sua frente, sem tirar os olhos de Alice.

-Me desculpa por ter gritado com você... Eu não sabia que você odiava o ballet...

-Não odeio... – Ela finalmente me olhou. – Eu só queria atenção mamain... – Meus olhos se encheram d'agua. – Você ficou falando que estava atrasada... Eu só quelia conversar com a senhola...

-Me desculpa macaquinha... – A puxei pelo braço para abraça-la. Alice logo cedeu e me envolveu em um abraço caloroso e aconchegante. Acariciei seu cabelo, sentindo o cheirinho de shampoo.

-Me desculpa mamain, não quelia gritar com a senhola. – Ela se virou. – Eu não quelia ter outra mamain...

-Eu sei bebê. – Beijei sua testa, observando-a. 


n/a: Minha viagem acabou, amém que eu vou conseguir postar pra caralho. Amo vocês <3

O azul dos teus olhos - pt. 2 - Billie EilishOnde histórias criam vida. Descubra agora