Capítulo 12 - Minha

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N/a: Gente me desculpa a demora e o sumiço. Eu estou viajando, então tá meio complicado para escrever. Já me perdoem os erros, se eu fosse revisar demoraria ainda mais


Ela segurava minha mão, ouvindo cada palavra. Clara e eu nos conhecemos em um grupo de apoio, ela entrou um tempo depois que eu. Sempre fui desconfiada quanto a aproximações repentinas, mas dessa vez foi algo natural. Ela sempre conversava e me dava apoio, um apoio que nenhuma das pessoas à minha volta conseguiria. Ela entendia minha situação, havia passado pela mesma coisa.

-Você precisa respirar fundo... – Ela sorriu de lado. – Não devia ter se afastado... Sabe que precisamos ficar juntas...

-Eu sei, me desculpa. – Funguei.

Ela colocou o cabelo atrás da orelha. Um tom claro e natural de loiro, que contrastava com seus olhos azuis tão claros quanto os de Alice. Seus lábios estavam avermelhados e sua bochecha corada.

-Ontem à noite sonhei com pai. – Ela desviou brevemente. – Ele me dizia para continuar sendo forte, esperta e inteligente. – Clara abriu um sorriso. – Depois de semanas de intensos e longos pesadelos.

-Sabe que pode me ligar. – Eu disse firme. – Não hesite...

-Você é muito ocupada Samanta, não te atrapalharia. – Ela sorriu. – Os seus são iguais, sempre?

-Sim... – Fechei brevemente os olhos, sentindo meu peito arder e minha cabeça doer. – Ele está em cima de mim, mas dessa vez eu não conseguia me mover, não consegui impedi-lo. – Engoli em seco. – A voz dele fica ecoando no meu ouvido... As vezes eu ainda me sinto culpada.

-Pelo que?

-Se eu não tivesse o impedido ele não teria ido até Sophie, eu era o alvo... – Fiz uma pausa. –Fiquei trancada sozinha naquele lugar por horas... – Limpei meu rosto, encontrando seu olhar. – Quando eu consegui sair do lugar, encontrei Sophie devastada do lado de fora. – Balancei a cabeça negativamente. – Eu não sabia o que havia acontecido, ela não falava ou expressava alguma reação. – Clara apertou minhas mãos, sustentando meu triste olhar.

-Não é culpa sua... – Ela soltou uma de minhas mãos e a levou até o rosto, limpando as teimosas lágrimas. – Você fez o que podia. – Eu podia sentir a raiva em sua voz. Clara me envolveu em um forte abraço. – Ele se matou, não foi? – Me afastei e desviei o olhar.

-Sim... – Engoli em seco e confirmei.

-Ele não deveria estuprar alunas... – Clara segurou em meu queixo e encontrou meu olhar. – Não é culpa sua...

-Você pode falar comigo. – Billie parecia incomodada. – Não entendo, você não confia em mim?

-É que você não entende... – Eu estava estressada. Alice havia dado a maior birra de manhã, começando meu dia daquele jeito.

-Eu posso tentar. – Ela estava sentada frente à minha mesa, nas cadeiras. Suspirei furiosamente.

-Você não entende e espero que não entenda. Você não foi estuprada, ninguém tentou fazer isso com você. – Me levantei de uma vez. – Tenho uma reunião, depois conversamos.

Nem sequer olhei para trás, apenas segui fazendo barulhos com os saltos por toda empresa. Me sentei na cadeira do lado dos projetos, que estava em uma das pontas refletindo para a outra. Slides me davam sono e raiva, seria uma longa reunião. Todos começaram a entrar, então percebi de qual reunião se tratava, mas antes que eu pudesse me levantar Billie entrou. Mandei uma mensagem furiosa para Jayce que não demorou para responder.

O azul dos teus olhos - pt. 2 - Billie EilishOnde histórias criam vida. Descubra agora