Capítulo 11 - Papai?

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-Mamãe? – Alice estava brincando um pouco mais à frente. Eu estava imersa em meu trabalho, que havia acumulado e quase me emergido, levantei meu olhar para encara-la. Jayce continuou jogado no chão, lendo algumas partes de um processo complicado. – O titio Jayce é meu papai? – Engasguei, sentindo um aperto forte em meu peito. Eu sabia que esse momento chegaria, principalmente por conta da escola. Jayce colocou os papeis no chão e se sentou. Senti lágrimas brotar em meus olhos e um aperto forte em meu peito.

-Vou pegar uma fruta para você. – Me levantei ligeiramente e caminhei até a geladeira, praticamente me escondendo. Senti as mãos de Jayce em meu ombro. Minha respiração estava ofegante. Ela não havia parado de colorir o desenho. Me virei para Jayce, que sorriu de lado.

-Podemos dizer que sim, um pai de coração. – Ele sorriu de lado.

-Não posso pedir isso a você. – Ele beijou minha bochecha.

-Você não pediu. Eu amo essa menina, como se fosse minha. Eu a vi nascer e crescer. Participei de todas as fases até agora. – Ele cruzou os braços. – Podemos dizer que foi produção independente quando ela entender...

-O titio é meu papai também? – Alice já estava do nosso lado, puxando a barra da bermuda de Jayce. Ela piscou seus olhinhos e sorriu. – Ele pode ser meu papai? – Me abaixei, ficando com o rosto próximo ao seu.

-Você gostaria que ele fosse? – Coloquei seu cabelo atrás da orelha. Ela assentiu.

-Achei que ele já ela mamain. – Ela sentou em cima da minha perna, envolvendo meu pescoço. Alice beijou minha bochecha. – Mamãe você não pegou minha futinha...

-Verdade meu amor. – Me levantei com ela nos braços. – O que você vai querer?

-Abacate. – Ela levantou os braços e gritou animada, me fazendo rir.

-Você acha que me engana? – Jayce me fez pular de susto. Ele havia ido colocar Alice para dormir, não achei que seria tão rápido. Ele se jogou ao meu lado no sofá, pulando seu encosto.

-Você tem que parar de usar drogas... – Fingi demência, lendo linhas daquele relatório terrível.

-Você e a cantora... Eu sinto cheiro de couro daqui... – Não aguentei e comecei a rir, esticando minha perna para chuta-lo.

-Você é ridículo. – Coloquei os papeis de volta na pasta.

-Eu queria não te conhecer tanto Samanta, sério. – Ele bufou. – Você chegou super tarde ontem, ficou igual uma idiota na cozinha se entupindo de suco de laranja.

-Eu gosto de suco... – A sonsa né?

-Garota eu vou dar na sua cara. – Joguei a cabeça para trás, tentando não rir alto. – Desembucha, o que aconteceu? – Suspirei pesadamente. – Fora que você estava com o perfume...

-Eu fiz besteira. – Admiti, tapando o rosto que mais parecia um tomate. – Eu acho que estraguei nossa amizade...

-Disserte... – Ele cruzou os braços.

-Eu meio que... – Engoli em seco. Fiz movimentos obscenos com as mãos, provocando uma reação de nojo em Jayce. – No terraço... – Soltei o ar ruidosamente pela boca. – Eu queria que ela não fosse tão... Nós estávamos nos dando bem na amizade...

-Eu também dedo alguns amigos meus, é normal... – Ele fez uma cara perversa, me fazendo gargalhar.

-Samanta, nós somos amigos... Você e ela estão mais para: Se tiver uma faísca faz um incêndio. – Ele se arrastou até ficar ao meu lado. – Talvez você esteja apegada, e não seja isso tudo...

O azul dos teus olhos - pt. 2 - Billie EilishOnde histórias criam vida. Descubra agora