Capítulo 16 - Burn

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Abri meus olhos rapidamente, sentindo algo muito forte em minha boca. Esperneei, sentindo meu corpo sair do macio colchão de uma vez e colidir com o chão. Minha cabeça doía por conta da colisão com o chão e a quantidade de vinho ingerida.

-Mas que....

-Calada. – Sua voz histérica soou, fazendo-me quase vomitar. Era ela. Jessica estava parada na minha frente. Pisquei Algumas vezes, por conta da dificuldade de enxergar. Estava tudo escuro. – Levanta, vadia. – Ela estava com uma arma apontada em minha direção. Quase engasguei vendo aquele material duro e prateado apontado em minha direção. – Agora. – Eu o fiz, olhando para o lado. – Ela não está aí, só eu e você... – Cambaleei para trás, encontrando a mesinha de canto com um abajur em cima. – Eu fiquei tentada em te acertar tantas vezes... – Ela suspirou. – Você pegou algo que é meu, não pode ficar assim... – Ela se aproximou e segurou em meu cabelo, por conta do comprimento, ela conseguiu me arrastar até a escada. – Desce, ou vou ter que te empurrar... – Fiquei estática ali, olhando para baixo. Minhas pernas e mãos tremiam, mais pelo susto do que medo em si. Senti uma enorme pressão bem no meio das costas. Meu corpo se impulsionou para frente, rolando escada abaixo. Meu corpo inteiro doía. Uma dor aguda e terrível. Gemi no pé da escada. – Você sabe nadar?

-O que você quer? – Eu rosnei, levantando-me. Ela estava no topo da escada, tranquila e alegre. Cambaleei para o lado, dedilhando o aparador. Havia uma peça de cristal bem ali, solida o bastante para abrir o crânio de alguém. O segurei com força e a observei descer degrau por degrau.

-Sua cabeça rolando. – Ela disse com humor. Dei um passo para trás, segurando o cristal nas minhas costas de maneira discreta. – Sabe, o aviso do chocolate para sua amada criatura não foi o suficiente? – Ela balançou a cabeça em reprovação. – Você tirou alguém que eu amo, eu iria fazer o mesmo.

-Você é doente. – Eu disse, limpando o sangue que escorria da lateral da minha cabeça, bem no começo do couro cabeludo.

-Você que é. – Ela sentou-se no final do corrimão e me observou. – Matou aquele professor que te estuprou... – Ela balançou a cabeça negativamente. – É incrível o que se acha quando se procura bem...

-Eu não fiz nada. – Eu gaguejei, sentindo meu estomago doer fortemente. – Você precisa de ajuda.

-Quem precisa de ajuda é você... – Ela destravou a arma, se aproximando de mim. – Quando Billie te ver bem no meio da sala, depois de cometer suicídio, ela vai ficar devastada. – Ela suspirou. – Então vou entrar na vida dela, de novo, e acalma-la.

-Você matou sua irmã gêmea... – Eu gaguejei. – Para reconquista-la?

-Era um plano perfeito, mas você se meter nele. – Ela disse entre dentes. Ela deu um passo para frente e eu outro para trás. – Ela seria eu, eu estaria morta. Então no meu enterro nos encontraríamos... A irmã certinha, que tem uma vida estável e legal, mas ela nem sequer apareceu no funeral... – Seus olhos estavam cheios de lagrimas. – Graças a você, sua vadia maluca. – Ela se aproximou de uma vez e acertou em cheio meu rosto. O que me fez cambalear para trás e gemer de dor.

-Samanta? – A voz de Billie soou da porta da cozinha, Jessica se virou de uma vez para encara-la, então eu a acertei em cheio com o cristal a fazendo cair no chão. Meu coração estava acelerado. Absolutamente tudo doía. Lágrimas grossas saíam livremente do meu rosto. Billie estava indignada. – Samanta. – Atravessei o cômodo, indo de encontro ao seu abraço. Fechei meus olhos e me aconcheguei, sentindo uma segurança absurda ali. – O que aconteceu?

-Onde você estava? – Eu disse em meio ao choro. Billie me aconchegou por mais alguns segundos, até sermos interrompidas.

Abri meus olhos com certa dificuldade. Estava assustadoramente claro e quente. Eu não conseguia me mexer.

-Samanta. – Eu podia ouvi-la gritar meu nome, mas parecia longe. – Samanta, acorda. – Sentia meu corpo mexendo para frente e para trás. – Por favor... Não consigo te levar... – Abri meus olhos e observei Billie bem na minha frente, segurando em meu rosto. Minha cabeça doía de uma maneira assustadora. Pisquei algumas vezes e observei ao nosso redor. A casa estava tomada por... Fogo?!

-O que aconteceu? – Eu indaguei com dificuldade. Billie arrancou dolorosamente uma fita que me segurava à cadeira. Eu sentia uma dor absurda em minha perna. O fogo ainda não estava tão alto. Encarei o local da dor, vendo minha perna ensanguentada.

-Ela atirou. – Seu rosto estava vermelho, pelo calor e por estar chorando. – Me desculpa... – Ela tirou a larga camiseta que usava e a colocou sobre o ferimento em minha perna, prensando, fazendo-me gemer de dor.

-Minha vida é uma droga... – Comecei a rir, de nervoso. – Puta merda, como isso doí... – Suspirei e a observei se levantar.

-Precisamos sair, vamos virar churrasquinho. – Ela mordeu o lábio inferior e me ajudou a levantar. Me arrastei junto à ela, em direção à saída que o fogo não havia tapado completamente. Eu me sentia tonta, uma vertigem estava me tomando. – Você está bem? – Billie me ajudou a descer as escadas até a parte de areia. Gemi ao quase tropeçar e ter que me apoiar na perna ferida.

-Puta que pariu. – Eu praticamente gritei.

-Ela furou os pneus do carro... – Billie disse triste. – Acha que consegue andar até o posto?

-Não sei... – Suspirei, sentindo a brisa refrescar meu rosto. Observei o carro e uma cadeira na areia tombada, com fitas presas no apoio de braço. A cadeira estava virada bem de frente para a grande porta de vidro, onde eu estava presa. Me desvencilhei rapidamente de Billie e praticamente me joguei no chão, vomitando um liquido amargo e doloroso. Ela se ajoelhou ao meu lado, suas mãos estavam frias e tremulas.

-Sam... – Ela disse alto. Sua voz estava falha por conta do choro. – Você precisa conseguir. – Ela gaguejou.

-Vai você... – Eu estava sentindo meu corpo pesado. Minha visão estava embaçada e meus lábios arroxeados. – Vai no vizinho e pede ajuda.

-Não vou te deixar aqui sozinha.

-Então fica me assistindo morrer? – Cedi completamente e deitei de barriga para cima na areia. – Foi idiotice... – Ela segurou dos dois lados do meu rosto, olhando em meus olhos. – Você estava aqui de fora...

-Acha que eu ficaria te assistindo pegar fogo e sangrar? – Ela limpou rapidamente o rosto e selou os lábios nos meus. – Casa comigo?

-Não. – Virei de lado e comecei a tossir. Um gosto terrível de sangue havia se instalado na minha boca.

-Casa comigo? – Ela gaguejou novamente.

-Vai chamar ajuda garota. – Eu disse fraco. – Vai chamar ajuda, se eu sobreviver a gente casa...

-Se ela voltar? – Ela limpou meu rosto. – Levanta, vamos até o vizinho...Você vai ficar viva...

-Não tem ninguém lá. – A senti me obrigando a sentar, respirar era doloroso.

-Acionamos o alarme, então os policiais chegam em segundos. – Me apoiei em Billie e finalmente consegui me levantar. Eu não sabia que conseguiria sentir tanta dor junta. – Por favor... Vamos...

-Vai você. – Eu desisti completamente, sentindo meu corpo ceder e cair com tudo no chão. 

O azul dos teus olhos - pt. 2 - Billie EilishOnde histórias criam vida. Descubra agora