Capítulo 4 - Memories

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Any

- ... os dois foram atingidos e não resistiram.

Eu não sei mais o que dizer, nem mais o que fazer.

Ela deve estar brincando comigo, talvez se eu esperar mais um pouquinho eu vou ouvir a voz brincalhona de Jonah dizendo: "Brincadeira! Eu to bem. Te assustei não é?"

Mas tudo o que ouço é o chiado do telefone e o silêncio do outro lado da linha.

- Sinto muito Any - ouço a voz rouca da Sra Harris no telefone.

Não, não pode ser. Jonah continua vivo, com seus olhos verdes cor de floresta Amazônica brilhando, sua risada contagiante e seu jeito de mostrar carinho tão discreto e delicado, arrepiando todo meu corpo.

Ele ainda está vivo. Ele não me abandonaria, não deixaria todos os nossos planos de lado.

Não teria deixado um homem mascarado e sem noção matar ele.

Claro que teria, ele é um humano como qualquer outro, que morre quando leva um tiro, que não consegue fugir ou se proteger de tudo de ruim que acontece com ele.

Eu deixo o telefone cair, mas não ouço o som dele batendo no chão.

Minha mãe deve ter ouvido o barulho e voltou da cozinha.

Vejo que ela começou a chorar, mas não consigo mais ver os detalhes do rosto dela, é como se o mundo ao meu redor virou um grande borrão.

Tudo o que faço é ficar parada. Minha mãe me abraça, mas eu não sinto o toque dela no meu corpo. Não sinto mais nada.

Ficando parada talvez eu possa fazer com que isso não seja verdade, que está tudo bem.

{...}

Na primeira vez que eu o vi, era o primeiro dia de aula e eu não conhecia praticamente ninguém.

Ele estava andando pelo corredor com seus amigos e conversando alto com eles.

Eu geralmente não noto os meninos, mas ele era diferente dos outros. Ele tinha um brilho naqueles olhos verdes que eu nunca tinha visto em mais ninguém.

Quando ele passou por mim eu reparei que o estava observando.

Foi então que ele olhou pra mim e sorriu. Foi a primeira vez que um garoto fez minhas bochechas corarem.

{...}

Mas aquela não foi a primeira vez que ele me fez corar.

Quando nosso grupo de amigos resolveu ir ao cinema, depois de assistir ao filme, nós fomos na lanchonete mais próxima pra comer sorvete, o Croomi's.

Enquanto comíamos e conversávamos, ouvi um dos amigos de Jonah dizendo que Jonah estava apaixonado.

Eu comecei a rir baixinho por causa do tom de brincadeira na voz do amigo dele, mas então ele olhou pra mim, como se estivesse estudando os detalhes do meu rosto e disse:

- É, acho que estou mesmo.

Então minhas bochechas ficaram rosadas e não consegui disfarçar meu sorriso.

{...}

Depois de três semanas conversando todo dia nas redes sociais desde aquele dia depois do cinema, um dia, quando já estava escuro ele me manda mensagem.

          Jonah: preciso urgente falar com você
          Jonah: vem aqui no parque

     Any: mas já está escuro

Acho que ele não ligou para o fato de já estar escuro pois ele não me respondeu.

Eu fiquei com medo do que poderia ser, mas lá estava eu indo para o parque no escuro. Eu fui a pé, o parque é bem perto da minha casa.

Quando cheguei não vi ninguém por perto. Já estava tão escuro que quase que não dava pra ver um metro na minha frente.

A iluminação nessa cidade não é muito bem distribuída.

Nota da autora: deixem a música "A Whole New World" do Mena Massoud e Naomi Scott tocando ao fundo até essa parte acabar. Fica mais emocionante.


O único brilho que dava pra ver era uma luz fraca lá longe, acompanhada pelo som de uma música.

     Any: onde vc tá?
         
          Jonah: vá até a luz

Com muito medo eu fui até onde estava a luz, guiando meu caminho com a lanterna do celular.

Chegando lá eu vi que a luz vinha de velas que estavam acesas sobre uma pequena mesa desmontável. No chão havia vários corações vermelhos de papel espalhados ao redor da mesa.

Percebi que a música que eu tinha ouvido de longe era  "Um Mundo Ideal" da Disney em inglês no fundo. Ele sabia que essa era uma das minhas músicas preferidas.

Olhei em volta procurando Jonah e vi que tem alguém atrás da árvore que estava do lado da mesinha.

- Oi? Jonah? - eu perguntei tentando olhar através da escuridão, pois já tinha desligado a lanterna do celular e esqueci de ligar novamente.

O Jonah sai detrás da árvore e fica me encarando, é como se estivesse estudando cada detalhe do meu rosto pra não esquecer mais de como ele é.

- Para que tudo isso? - eu pergunto mas ele não responde.

Ele vai até a mesa, pega a rosa que estava sobre a mesma junto com as velas e se ajoelha na minha frente estendendo a rosa pra mim.

- Quer namorar comigo?

- Sim, sim, sim. Mil vezes sim! - eu pego a rosa da mão dele e o abraço bem forte assim que ele levanta.

Depois do abraço ele olhou nos meus olhos e se aproximou devagar.

Eu me aproximei também, tirando todo o espaço que ainda havia entre nós.

Nós selamos os nossos lábios num beijo lento e necessário, como se precisássemos disso fazia muito tempo.

{...}

Agora só restam as lembranças.
Tínhamos muitos planos juntos para o futuro, mas agora não temos mais nada.

Essas lembranças me faziam sorrir e me deixavam mais sonhadora, me faziam acreditar mais no amor.

Agora me fazem sorrir, mas de um jeito totalmente diferente e me deixando sem esperanças para a minha felicidade no futuro.

Não quero mais nada agora, não quero ninguém tentando me consolar.

Eu quero ele, quero mais uma conversa, mais um abraço, mais um beijo, um toque.

Mais um momento com ele, só isso.

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