Por Braz
Preferi narrar esse começo de episódio pra não deixar meu alemão falar sobre sua rotina contábil maçante, chata e que só contador se interessa ou se identifica. Vamos combinar, nós o povo que não trabalha em contabilidade, que é um porre ler sobre o assunto. Só espero que Túlio não leia isso e que ninguém conte a ele né. A paz tá reinando aqui, então só desejo que permaneça, por favor. Obrigado.
Nem os mercados, problemas dos mercados, gente que entra e gente que pede a conta, é assunto para esse momento, porque o momento é para falar sobre o frio que tem congelado os catarinenses até os ossos.
Enfim a gente fez campanha pra recolher agasalhos para doação, fizemos parcerias bacanas, recolhemos alimentos, troco solidário e com orgulho pudemos ajudar o asilo e o abrigo dos menores da cidade. Isso é algo que sempre fazemos ano a ano, mas esse em especial foi ainda mais bonito pela quantidade de coisas arrecadadas. Uma corrente do bem. Isso prova que ainda há muita luz nas pessoas e a bondade nos dá uma esperança de dias melhores.
E essa semana começou para mim com um sabor especial (gelado), iluminado e tranquilo e por quê?
Porque meu alemão dos olhos verdes passou aqueles raios de declarações anuais, promoveu outro colaborador para auxiliar o Davi e com isso, tá mais tranquilo, levemente, porque não se deve elogiar muito. Estou quase "cochichando" isso... senão ele ouve.
Se ouvir, já imagine, ele toca a falar sem freio sobre qualquer merdinha... aiai, calma Braz Joaquim. Melhor acalmar mesmo senão parecerei neurótico.
— Túlio... — ele entra na minha sala e fica em silêncio perto da janela. São dezenove horas e vinte minutos. — Vamos jantar? Vamos treinar? O que tu manda?
— Tanto faz... eu falhei bastante no treino nessas últimas semanas, porque...
— Não, não, não! Vamos embora e comer. Se criar barriga, nós corremos juntos na praia, dobramos o treino e vamos tomar shake na herbalife, mas nem fala de contabilidade, sério. Hoje não. Assunto proibido a partir de agora até segunda ordem.
— E vou falar do quê?
— Oooopa... pode falar sobre o clima.
Ele revira os olhos.
— Quero ir pra casa.
— Ei, o Raul mandou mensagem. Sabe o que ele me contou?
— Hum?
— O Marcelo tá namorando o João. Aquele contador galego.
— O barbudo?
— Esse mesmo. Mas tu nem sonha o que o Raul me disse agora à pouco. — tô parecendo repórter de programa de fofoca. É hilário isso. — Ele se arrependeu de terminar com o Marcelo. Só que agora não vai se meter lá... porque ele é quase irmão do contador. Mas acho que o arrependimento bateu porque o Marcelo não ficou correndo atrás e ele não esperava isso pelo que imagino.
— É... me admiro em ouvir isso. Raul falou horrores do ex e no final da relação dava só patada no outro.
— Marcelo era bem grossinho, merecia.
— Os dois, né. Não alivie só porque Raul é seu best friend. E outra, lembra do vídeo que o Raul gravou transando com Marcelo? Lembra da confusão que deu? Marcelo foi o último a saber que todos amigos tinham visto ele fodendo com o namorado. Pra não perder o Raul na época ele ficou quieto, mas quando aconteceu aquela briga feia dos dois lá naquele sítio do dentista, Raul excluiu o vídeo porque percebeu que ia se incomodar.
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Ativo e Passivo 2 - Rotina não contábil
RomanceBônus! Não é romance novo! São momentos rotineiros de casal, do casal Túlio e Braz. Cada capítulo é independente, pois conta sobre um momento aleatório, envolvendo as rotinas do empresário Braz com a do contador Túlio. Livro Aberto. Não tem começo...