Por Túlio...
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Dia 02 de maio meu ursão tá de aniversário marcando 4.4 com todo o seu poder. Um homenzarrão que dispensa apresentações. Um macho que me irrita e me acalma ao mesmo tempo. Quem me atura e quem eu aturo. Quem me atrai, me ama, me cuida, abraça, aconselha e dá bronca. Esse marido é tudo: amigo, pai, amante e além disso meu patrão, vê só.
É simplesmente o amor da minha vida. O mesmo homem que me seduziu é aquele que me forçou a derrubar obstáculos e vencer meus próprios preconceitos. Hoje sou mais um LGBT e com orgulho do que sou: um ser humano.
Dia 30/04 perto do meio dia estive conversando com Davi sobre o assunto:
— Você vê só, eu passei pelo corredor pra pegar uma erva-mate e uma funcionária tava falando de mim, chamou de biba, claro que ela não me viu, tava no corredor ao lado.
— Tu ouvisse??? — ele se espanta — Que louca!
Começo a rir ao imaginar a cara da mulher se eu aparecesse na sua frente.
— Sabe que no começo era uma das coisas que mais me dava medo, ser chamado de gay, baitola, viado ou de bicha.
— Eu não ligo. Desde menino já sabia que era, cresci com escudo. Pra ti era diferente porque tinha um conceito formado.
— Hoje realmente não ligo. Que venham as pedradas. Não dá pra querer só a parte boa das coisas. Abracei a causa todinha, ela é minha também. — olho para o monitor e ouço o Davi fungar — Tá chorando, Davi? Meu Deus.
Eu rio, mas não por indelicadeza. Davi é emotivo.
— É fofo te ouvir dizendo isso. Mozão tá de aniversário no sábado?
— Aham. Hoje à tarde já vamos começar nosso feriadão.
— Isso mesmo. Aproveita, namora muito, faz todas as vontade dele. O Braz merece né?
— Merece sim. Vou mimar esse meu maridão até ele reclamar que não se aguenta nas pernas.
— Jesus! hahaha...
— Sério, Davi. O urso adora dormir bem, comer bem e sexo.
— Quem não gosta?
— Mas pra ele é prioridade, sabe. Desde que brigamos por causa do Raul, tá meio devagar. Tem hora que ele fala tanta besteira que nossa... quase subo na parede, mas ainda tô dando um gelinho.
— E o Raul.
— Bloqueei no celular. É uma coisa a menos pra dar confusão. Ele deve ter percebido porque foi questionar o Braz sobre isso.
— Mentira!?!?
— Nada. O Braz ainda veio perguntar porque eu fiz isso. Voltou pro castigo na hora.
— Gente! Ele não vai mandar o Raul tomar naquele lugar?
— Falei pra ele que se eu ouvir mais uma besteira, uma merda em tom de desconfiança por causa desse cara, eu me separo.
— Túlio! Não fala isso nem brincando. Ai...
— Davi, não chora... Já te contei tudo, tudo mesmo né, eu nunca olhei pra homem nenhum fora do casamento. Nunca. Eu respeito o Braz até em pensamento. Quando ele fala essas coisas, me dá nojo porque não dou motivo mesmo.
— Mas é que ele te ama tanto que não quer nem pensar na possibilidade de outra pessoa te olhar com a mesma paixão. Ele confia sim. Só que ciumentos são assim. Jura que nunca mais vai falar aquela palavra feia.
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Ativo e Passivo 2 - Rotina não contábil
Roman d'amourBônus! Não é romance novo! São momentos rotineiros de casal, do casal Túlio e Braz. Cada capítulo é independente, pois conta sobre um momento aleatório, envolvendo as rotinas do empresário Braz com a do contador Túlio. Livro Aberto. Não tem começo...