Irritação/tesão/paixão/alemão

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Por Braz  

Quando a rotina penetra no ser... é igual para qualquer casal

Depois de tantos meses achei legal fazer o retrospecto dos acontecimentos que se deram entre eu e o alemão que chamo de meu. Enquanto o doce contador carequinha reescreve o conto original, que por mim nem precisava, afinal teimar com ele é só para se estressar, eu narro as ocorrências de cá. 

Vamos então ao que passamos...

Em início do ano de 2020 ouvíamos que COVID-19 era coisa que estava se alastrando lá no exterior, em março atividades foram suspensas no Brasil, ônibus, comércio fechado, meia dúzia de casos e ainda assim discussões acaloradas sobre os pesos sobre a balança, pandemia versus economia, temas delicadíssimos de se discutir na minha humilde opinião. Muitas vezes dentro de nosso lar mesmo, comentamos que estávamos nos protegendo, imaginando que não seríamos contaminados ou supondo que não seria pior que uma gripe forte, Túlio trabalhou com acesso remoto boa parte desses meses, Davi também e estranhei muito quando meu belo marido começou a apresentar sintomas parecidos com os da doença.

Suas queixas iniciaram pelo cansaço, dores no corpo e na cabeça, depois passou a tossir bastante, se queixava de dor nas costas e por isso não o permiti colocar o pé fora de casa, somente dali para o hospital. Em dez anos com ele, nunca o vi sofrer tanto. Túlio sempre, repito, sempre teve problemas resultantes de imunidade baixa, cistite, conjuntivite, gripes fortes, que nem por isso o mantinham em casa, só ficava porque eu metia a bronca e dizia que ia transmitir (no caso da gripe e conjuntivite) para os colegas, raro ele ficar de cama mais de um ou dois dias, dessa vez, ele ficou pelo menos dez dias amoado, tadinho, todo maleixo que dava dó.

Não comia porque não tinha fome e porque não sentia o gosto de nada, chorou porque não conseguia trabalhar, tinha medo de me passar a doença, já que também me afastei até sair nossos resultados e por fim só ele deu positivo. Mas passou, GRAÇAS à Deus.

Já estamos de volta à empresa, ele surta trezentas vezes por dia porque está com tudo atrasado, fica vendo vídeo de cursinho e essas coisas no celular enquanto eu tô colado cheirando seu pescoço e rola bronca pra largar do serviço.

Gente que pessoa teimosa!

Teimoso... eu dou risada quando alguém diz que taurinos são teimosos, porque eu sou sim, sou obstinado, ok, mas no nível dele, é coisa de louco. Com ele é o porquê do "por que", porque o Túlio fuça até descobrir o cerne das questões e nem sempre eu tenho disposição pra aturar. Mas já exaurimos os contos com essas nossas picuinhas, e pelo meu cansaço, pelo que aturo, até porque amo a minha peste de origem germânica, deixo o jovem teimar à vontade porque eu dou conta.

Já na chatice, eu levo na brincadeira quase sempre, mas dou umas "pauladas" quando enche o saco. Há um tempo atrás, assistíamos um canal (LGBT) de youtube aleatório quando uns menino gays falaram a palavra chuca na brincadeira. O alemão só revirou os olhos e disse:

— Que desagradável ouvir essas coisas, isso é uma coisa íntima. 

— Tu não faz também? Eu já fiz. Como o próprio rapaz disse: é coisa do dia a dia. 

— Braz! Isso detona o romantismo, tá. — exaltado comigo, engrossa como seu eu o tivesse pego com o chuveirinho enfiado .  

— Nossa, como se nós fossemos muito românticos...

— Eu sou sim... Você que é tarado, me pega de qualquer jeito e fala um monte de coisas vulgares.

— Que te deixam de pau duro. 

Ativo e Passivo 2 - Rotina não contábilOnde histórias criam vida. Descubra agora