Narrado pelo Davi***
Ainda têm pessoas muito corretas no mundo, aquele tipo, para quem dois mais dois ainda é quatro. Que prefere ser honesto do que amado por todos nesse mundo onde muita gente gosta de ter suas futilidades exaltadas.
Se falar de Big Brother perto dele, que eu particularmente curto dar uma olhada, ele me responde simplesmente:
— Não sei Davi quem sai, que temporada que está e qual o objetivo daquilo. Nunca parei pra ver essa merda.
Música, ele geralmente mantém na Antena 1 durante o dia que é pra não nos desconcentrar. Num geral se falar de música brasileira e eu comentar sobre a Pabllo como cantora, ele não alivia:
— Como que pode nessa terra de Elba Ramalho, Ed Motta, Benito, Jorge Vercillo, Marisa Monte, Alceu, Djavan, alguém eleger essa "peça" como melhor cantor. Olha, se for o caso, Liniker é perfeito, voz perfeita e canta divinamente.
Meu chefe é bastante parecido com o Adri, meu marido é curto e grosso, embora se cuide às vezes como que fala com as pessoas. Porém o jeito direto é coisa deles e não mudam porque desagradam pessoas, apenas tentam segurar a acidez, se tornando mais fechados.
Mas ainda assim o Adri é um pouco mais maleável que o meu chefe.
Túlio me conta que quando entrou no mercado a convite do Braz para fazer internamente a parte contábil, teve alguns desentendimentos com pessoas de outros setores: a respeito do lançamento de notas sem pegar um item de cada pra ver se o código batia e o produto não sair da sala do faturamento sem cadastro. Passou a pegar no pé para não esquecerem de recolher guia de imposto na entrada da carne e depois ter juros e o Braz ficar puto como todo mundo. Com relação a saída dos produtos que deveriam ser passados individualmente pelo código de barras pra não "furar" estoque. Chamou a atenção das funcionárias da limpeza que pegavam produtos sem dar baixa, as da cozinha que levavam alimentos sem baixar também. Segundo o patrão mesmo, Túlio arrumou encrenca com quase todo mundo para organizar e padronizar as coisas onde antes alguns encarregados afrouxavam.
— Já me apelidaram de Menguele, coronel Hans Landa e general da Gestapo pelas costas... essas coisas. Até teve um funcionário que tomou suspensão porque no refeitório na frente de um monte de colegas, me comparou com Hitler.
— Ai que horror. Porque isso?
— Não sei, mas foi algo que realmente me ofendeu. Quem é minimamente instruído sobre fatos da história da humanidade, sabe o que Hitler e Menguele representam. Agora, porque sou de origem germânica tenho que aceitar isso?
— Muita gente não liga para as coisas disciplinadas infelizmente e depois reclama dos outros.
— Bem isso. Sempre fui assim. Pra mim ou faz certo ou nem faz. Depois foi o Braz que me deu liberdade, chamou todos os encarregados e disse qual seria minha função. Tive que mostrar que tudo tinha que funcionar 100% pro meu trabalho ser correto. Até hoje tem gente que não gosta de mim.
— Ai... Túlio, não diz isso. — fico com dó dele.
— Mas é verdade e eu não ligo. Ninguém é obrigado a gostar de mim e eu não sou obrigado a agradar todo mundo. Não vou mudar, ficar dando risadinha pra ser considerado amigão... ou dando liberdade.
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Ativo e Passivo 2 - Rotina não contábil
RomanceBônus! Não é romance novo! São momentos rotineiros de casal, do casal Túlio e Braz. Cada capítulo é independente, pois conta sobre um momento aleatório, envolvendo as rotinas do empresário Braz com a do contador Túlio. Livro Aberto. Não tem começo...