Por Braz...
Apaixonado.
Muito.
Não é segredo, nem novidade.
É possível permanecer apaixonado por uma pessoa por nove anos? Quinze, vinte, trinta?
Onde a rotina faz morada, ainda é possível sentir o mesmo que sentíamos no início?
Bom, tem amor de todo jeito, não dá pra se comparar com outras pessoas, pois o que eu aceito de boa, outras pessoas já teriam "pedido a conta" e da mesma maneira é com meu companheiro. Eu sei de coisas que ele detesta e que me atura com elas, acho que já escancaramos tudo sobre nossa vida, não é mesmo?
Mas sempre vai ter alguma coisa nova, porque é na rotina estabelecida que os atentos pegam os detalhes e sentem o quanto aquilo já é tão familiar. Como exemplo, você sabe o que vai irritar o outro, mesmo assim se arrisca. E uma coisa que irrita o alemão, muito, é manda-lo fazer algo.
Para um ser sistemático (o autor) que tem tudo programado, funcionando igual a um robozinho que só sai da rotina por conta própria porque tem certeza de que vai dar conta do que já é costumeiro, mandar esse ser fazer algo que já tem dentro de sua programação, é pedir pra tomar uma olhada fuzilante.
— Túlio, hoje tu vai sair às cinco horas. — Ele primeiro finge que não me escuta. E isso porque, nós tínhamos combinado que ele sairia comigo às cinco, SE DESSE. Corajosamente eu o lembrei e como ele se fez de surdo, eu reforcei. — Ouviu? Dezessete horas.
— Aham. — Responde, mas sem me olhar na cara. Fica vermelho. Eu devia fazer minhas coisas, deixar o homem na dele, tudo certo, né. Mas o que eu faço, meio sem querer, é claro, é comentar sobre as ECD, uma porra que coisa contábil que o faz ficar mais azedo do que já é.
— Terminou aqueles SPEDs né? É até dia 31 de maio...
Cara, eu tô falando com um contador, falando sobre uma declaração e prazo, tô metendo o bedelho na área dele, lógico que ele não reage muito positivamente.
— Tá me cobrando? Olha, vou te mostrar o recibo de entrega, senta aí... — Túlio não é de falar: "eu sei", ah "eu sei", "tô sabendo" ou eu sabia que o sabiá sabia assobiar... ele fica com a cara amarrada. E não importa se passaram dois anos, quatro, nove ou quinze, a gente adora o companheiro mesmo com essa, como eu posso chamar, essa particularidade, essa "arroganciazinha".
— Só fiz uma pergunta. Poxa, tu ficou dias nisso... — eu recebo um olhar daqueles que faz cachorro sair gritando — e eu só queria saber se terminou. Pode parar com essa cara feia.
— Não tenho outra.
Ohoho, olha a brabeza encarnada num corpo!
— Amorzão do Braz, o papai não tá te cobrando. Ei volta a sorrir.
— Eu sou sério.
Ai meu São Jorge! Eu sei que ele tá caladão já fazem dez dias ou mais ainda, mas como (sempre) a brabeza dá e passa sozinha, eu deixo meio quieto.
Daí minha própria mãe me chama atenção para o fato que é fato de que Túlio pode estar sentindo saudade de sua mãe, porque passou o dia das mães meio quieto e de lá pra cá, tá difícil de arrancar meia dúzia de coisas dele.
Tipo, no domingo dia 12 de maio...
Hoje o alemão tá muito sério. Imagino o motivo. Não é nenhuma birra, mas por um motivo que o deixa sempre reflexivo no dia das mães. A falta que a sua lhe faz. Ele se reserva ainda mais.
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Ativo e Passivo 2 - Rotina não contábil
Storie d'amoreBônus! Não é romance novo! São momentos rotineiros de casal, do casal Túlio e Braz. Cada capítulo é independente, pois conta sobre um momento aleatório, envolvendo as rotinas do empresário Braz com a do contador Túlio. Livro Aberto. Não tem começo...