Amigo tijucano, o Raul
Braz e eu nos conhecemos desde sempre, posso afirmar.
Nasci em Tijucas e ele em São José, mas como me criei na Palhoça, cidade onde a família dele iniciou o negócio de comércio varejista nos anos 70, nos tornamos muito amigos.
Estudamos as séries iniciais juntos, depois, o ensino fundamental completo. Então ele foi embora pra Itajaí quando seu pai abriu o primeiro supermercado da rede, antes apenas armazéns.
Ocorreu todo o distanciamento entre nós, mas nunca nos afastamos de verdade. Fizemos muitas farras juntos. Nosso grupo logo se definiu e separou dos demais amigos de outrora. O grupo dos homens que saíam com os caras e não com as moças. Muito comum isso.
O que falar sobre meu amigo...
Um cara nota mil. Nunca nos estranhamos e por isso não conheço o lado B do Braz. Já fui afim de um primo seu, que é hétero e casado atualmente, o Duarte. E pra vocês verem como o universo conspira, já tive um relacionamento com Vasco, outro primo do Braz, que mora hoje em dia em Portugal. Um gajo leonino daqueles que a gente odeia e ama ao mesmo tempo. Vasco, Vasco... Deixa ele nas memórias, porque tô saindo com o Marcelo.
Depois do Vasco veio o Paulo, depois o Gustavo que hoje namora o Fabrício e agora o Marcelo que é, eu acho, muito parecido comigo, muito parceiro e o tipo de macho que gosto, sem frescura.
Falar em fresco, lembrei do Túlio, gente, pelo amor de Deus, eu não tô falando mal do homem, é que ele se destaca entre nós. Digamos dessa maneira, que é pra não haver um estresses.
Na última reunião que foi na casa do casal em Itajaí, pedimos comida pelo telefone (ou ifood, não lembro)...
Eu só observo:
— Amor — ush, já namorei um paulista que falava parecido com Túlio, tipo, o ex dizia: "amorrr", "você". Mas que no caso dos paranaenses é diferente: o que termina em E, termina em E mesmo: leitE, gentE, paranaensE, é bonitinho. — pede pra trocar essa pizza que tem cebola demais.
— Túlio, o telefone tá na tua frente, rapaz.
— Foi você quem pediu.
— Ah São Jorge. — com a maior paciência, que eu não teria, o Braz liga pra pizzaria e pede outro sabor. Elogia, sim, porque Braz é desses e agradece. — Ok. certinho, meu querido.
Marcelo, eu, João, Carlos, Davi e Adriano não nos preocupamos em atacar as outras pizzas ou os petiscos que solicitamos, mas o Túlio só vai comer quando Braz terminar de reclamar e desligar o telefone. Aí sim, o alemão senta entre nós e sorri de canto, parecendo Jude Law.
Braz calmamente não reclama, mas tá com uma ruga na testa, sinal de quem tá pra explodir e se acalma o quanto dá. E porque ele faz isso? Porque ama o meu amigão dos olhos verdes.
*
*
Por Eliseu (com Abi e Cley), antes de conhecer Marçal
Nunca escondi de ninguém que já arrastei a asa pra cima do Túlio e sinceramente, não fosse eu ter meu Marçal atualmente, eu ainda estaria ali na disputa, porque me acho muito mais interessante que aquele português peludo. Quando eu era solteiro perguntei ao meu amigo:
(eu ainda não tava casadooooo, entendeu?)
— O que o Túlio viu nele, Abi?
— Além dos anéis caríssimos, relógio MARA, aquele cabelo preto com dois três frios grisalhos, barba cerrada, muitos pelos, cheiro de macho, perfume caro, cara de malvado e olhar de tesão à queima roupa? Não sei, mana.
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Ativo e Passivo 2 - Rotina não contábil
RomanceBônus! Não é romance novo! São momentos rotineiros de casal, do casal Túlio e Braz. Cada capítulo é independente, pois conta sobre um momento aleatório, envolvendo as rotinas do empresário Braz com a do contador Túlio. Livro Aberto. Não tem começo...