Por Braz...
Bate a saudade e a gente sempre volta.
Bem no litoral chuvoso de SC, coisa mais amada e mais quirida do papaizão aqui, meu alemão tomou aquela bronca na sexta e recentemente me tirou do castigo.
Já comentei, né, ter companheiro (a) de gênio forte é dose. Não dá pra falar qualquer coisa porque essas pessoas jamais aceitam que estão erradas e revertem as coisas para que nós, pobres coitados fiquemos com o fardo da culpa.
Nem deixei o alemão narrar isso daqui porque anda mais inspirado do que Benito di Paula quando compôs Retalhos de Cetim, pra falar do assunto com a letra C. e hoje, recém feito as pazes com beijos e uma manha dele, eu não quero arriscar uma briga.
Semana tem que começar bem. Alto astral. Temos os pesos que são necessários e adicionados dia a dia, não dá pra colocar tudo de uma vez, eu penso assim. E pra casa a gente traz a própria alma aliviada disso tudo para pelo menos ali, recarregar as baterias, sabendo que nossos cônjuges, namorados, companheiros, num geral, às vezes vêm para casa para descarregar tudo isso.
— Mas chegou o carnaval e ela não desfilou, eu chorei, na avenida eu chorei, não pensei que mentia a cabrocha que eu tanto amei. Coisa linda né? Não sai da cabeça, meu pai gosta de samba, entre seus fados alegres. Ouvi em casa ontem quando almocei com eles.
— Meu pai já gostava de música sertaneja e bandinhas alemãs. Nunca aprendi gostar de nada disso. Tinha um pouco de aversão pelas coisas dele e na música eu tinha uma queda por aquelas que para ele eram "coisa errada". Por isso que gostava tanto de rock brasileiro, especialmente o Legião. Dava impressão que Renato falava comigo. Eu era meio isolado...
— Eu gosto de tudo um pouco e rock para mim, em particular é Elvis. Tem muita coisa boa depois dele, claro, mas Elvis é de um nível, Túlio, que só fã entende. Ei, dona Maria, portuguesa com certeza, convida os dois gajos para jantar. — Forço o sotaque e ele acha graça.
— Eu tô morrendo de preguiça. — meu gato esticado no sofá da sala é uma tentação. Ainda mais depois de dois dias sem muito carinho e truculências "deliciosas", ele volta a amansar.
Mesmo assim, tomamos um banho e ele tenta me convencer a não sair de casa com alguma safadeza, mas está com preguiça até para isso. Ai. Mereço mesmo.
Jantarzinho italiano em lar luso-brasileiro?
Porque não?
Brasil é o país das misturas. Aqui somos de muitas culturas e resultado disso é a comida também, opá!
Itália tem folga nos finais de semana, mas é só minha mãe "passar um fio" pra vecchia que correndo ela aparece para cozinhar. E cozinha bem essa benedetta. Inventaram de fazer um tipo de sopa de pastelzinho, ops, agnoline. São Jorge me defenda dela se me ouvir falando sopa de pastelzinho.
— Gente que saudade da minha nona, ela era filha de imigrantes que aportaram no Rio Grande do Sul, eu já contei a história?
— Já. — Todo mundo calado sem coragem de cortar a emocionada mulher e meu alemão larga os pés no peito da sensibilidade.
— E tua mãe Túlio, verdade que a família dela era de poloneses que fugiram da Segunda Guerra?
— Não. Eles chegaram na década de vinte ou trinta, pelo que lembro que ela contou. Não lembro não. Do meu pai, eram alemães mesmo, mas vieram em mil, oitocentos e alguma coisa. Minha oma não aprendeu o português, mesmo tendo nascido no Brasil.
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Ativo e Passivo 2 - Rotina não contábil
RomanceBônus! Não é romance novo! São momentos rotineiros de casal, do casal Túlio e Braz. Cada capítulo é independente, pois conta sobre um momento aleatório, envolvendo as rotinas do empresário Braz com a do contador Túlio. Livro Aberto. Não tem começo...