Capítulo 03

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Qualquer coisa? – pensei. Iria dizer que estava tudo bem, que eu também havia errado mas diante daquilo me sentir tentado a pedir algo que de proposito deixei escapar da minha boca:

- Eu quero um beijo.

Sua expressão depois daquela minha proposta ficou indecifrável e 100% da coragem que me fez pedi aquilo se esvaiu totalmente e só aí me dei conta do que eu havia falado. Eu era louco, só podia.

- Ah... esquece o que eu falei por favor – e me virei para sair dali o mais rápido possível mas ele me deteve segurando meu braço.

- Calma. É serio isso? Você quer um beijo meu?

- Ah... foi apenas uma brincadeira, já te disse, esquece, eu preciso ir – estava morrendo de vergonha pela minha atitude no mínimo ridícula e sem lógica e com certeza enfiaria minha cabeça no primeiro buraco que eu visse pela frente.

- Que pena, estava pensando em te dar esse beijo. Que mal há nisso? É apenas um beijo não é?

Meu mundo por um estante parou de girar e realmente não sabia o que pensar, não sabia se deveria confiar em meus ouvidos. Ele só podia estar brincando, não é possível isso.

- Terra chamando – falou ele rindo me tirando do transe – e antes que me pergunte se é uma brincadeira eu te respondo, não, não é.

- Já te disseram que você é meio estranho?

- É, mas não fui eu que te pedi o beijo – disparou ele com aquele sorriso FDP dele que tanto me encantava me deixando totalmente sem palavras – se quiser o beijo é só me acompanhar.

E começou a andar e eu fiquei naquele empasse de ir ou não ir, será que ele só queria pregar uma peça em mim? Nunca me sentir tão indeciso em toda minha vida. Vi seu corpo desaparecer virando a esquina a direita. Meu coração batia em ritmo acelerado, minha perna tremia e eu suava frio, estava em ponto de ter um treco a qualquer momento. Olhava de um lado a outro procurando uma resposta ou um sinal de que eu devia ou não segui-lo.

- Dane-se – Falei e aprecei o passo o acompanhado já bem distante de onde estava, ele olhou para mim, sorriu e falou:

- Pensei que não viria – comentou e seguimos adiante em total silencio até chegar em seu apartamento.

- Quer alguma coisa para beber?

- Não, estou legal.

- Pode colocar sua mochila aí em cima do sofá. Vou tomar um banho e já volto, fica à vontis (vontade). – falou e seguiu o corredor entrando numa porta no final da mesma.

Me sentei em um sofá de frente a uma TV LCD gigantesca, seu apartamento não era tão pequeno mas também não era enorme, era até bem ajeitado para um homem que morava sozinho. Passei a vista na parede ao meu lado e vi alguns retratos, um com seus pais que moravam em outro bairro, outros com seus amigos de handebol e outro com a... Teresa, os dois pareciam estar felizes e se beijavam. Meu nervosismo passou para uma total tristeza e vazio dentro de mim, eu não poderia fazer aquilo com ela. Queria poder sair dali antes que ele chegasse mas meus pés não se moviam, uma parte de mim queria aquele beijo, a outra nem tanto. A verdade é que eu não sabia o que queria, minha indecisão me corroia por dentro a cada segundo que ele passava dentro daquele banheiro.

15 minutos após, ouço o barulho da porta se abrindo e sinto seus passos se aproximando, olhei para a entrada do corredor e o avistei vindo só de T-O-A-L-H-A, meu cérebro deu uma guinada naquela hora e rapidamente desviei meu olhar, que peitoral era aquele? Nossa. Agora sim eu tenho um treco.

Louco Amor (Lipe "Anjo Apaixonado" CDC)Onde histórias criam vida. Descubra agora