Entrei no elevador e me sentei no chão antes que eu caísse. Não sei o que eu deveria sentir, felicidade? É, pode ser, eu beijei o cara que eu amava mas em contrapartida traí minha melhor amiga e não sei se ele gostou, ele agiu tão indiferente depois do que aconteceu. Ele era estranho e imprevisível e eu um cara totalmente sem noção.
Já estava chegando perto de casa quando avistei um caminhão de mudanças na casa ao lado, duas vezes maior que a minha e com certeza quem quer fosse morar ali tinha bastante grana. Entrei em casa e mais uma vez recebi um sermão da minha mãe por chegar em casa tarde quando ela havia me colocado de castigo mas graças a Deus ela não duplicou esse castigo por causa de meu pai que era mais de boa com a vida e soube me defender bem.
Subi para o meu quarto, arranquei aquele casaco insuportavelmente quente e mesmo em meio a toda confusão me permiti sorrir por alguns minutos.
Mas dois minutos após eu notei o quanto estava errado, o quanto estava sendo um filho da puta de um amigo, conhecia a Teresa desde a primeira série, até chegamos a ficar mas não deu certo, o que sentíamos um pelo outro era apenas um sentimento de amizade, contávamos tudo um ao outro ou quase tudo, o único fato de ela não saber que eu era gay, era porque não achava isso importante, estava decido até alguns dias atrás a levar esse segredo ao tumulo, pensava em levar uma vida “normal”, casar, ter filho, não estava pronto até o momento de levar o peso do preconceito da sociedade nas costas.
Como não tinha nada de muito interessante naquele dia empolgante de castigo para se fazer, fui estudar um pouco, e depois ver TV até a hora de dormir...
No outro dia acabei levantando bem mais cedo que o habitual, tipo umas 2horas antes da escola abrir mas mesmo assim me arrumei como se estivesse totalmente atrasado. A verdade é que estava muito ansioso para velo de novo depois do que aconteceu. Comi qualquer coisa lá em cima da mesa mesmo sobre os protestos de minha mãe para eu me alimentar melhor e blá blá blá mas ignorei, saí de casa e me sentei na calçada, eu sabia que a qualquer momento ele iria passar. Faltava 40minutos. Com o nervosismo eu acabava roendo as unhas, estralando os dedos, me levantava e sentava a cada 2minutos, andava de um lado a outro, e ficava atento é claro na esquina onde ele iria aparecer a qualquer segundo.
- Oi, está tudo bem? – falou uma voz atrás de mim me fazendo virar em um sobressalto.
Não era o Caio, mas era tão bonito quanto, era lindo, olhos azuis, loirinho, cabelo que caia aos olhos, barba por fazer apesar de ter uma cara de moleque de no máximo 16 anos, era um pouco fortinho, era da minha altura e provavelmente e infelizmente tinha algum tipo de câncer, sei lá, não entendia muito bem mas ele tinha uma cânula com um cilindro de oxigênio ao seu lado como aquele que Hazel Grace em “A culpa é das estrelas” usava.
- Está sim – falei tentando forçar a voz o mais natural possível.
- Eu sou seu novo vizinho, me mudei ontem. Fagner, prazer – falou me estendendo a mão na qual apertei prontamente, era muito macia.
Então era dele aquela casa – pensei
- Lucas. Seja bem-vindo ao bairro – falei sorrindo.
- Obrigado, estava lá no meu quarto – apontou para um cômodo no segundo andar de sua casa – aí vi você para lá e para cá tipo nervoso, está esperando alguém especial? – falou sorrindo me fazendo gelar por dentro.
- Ah não – falei rindo.
Menti
- Vai para escola também? – perguntou e só aí notei que ele estava com a farda da escola em que eu estudava.
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Louco Amor (Lipe "Anjo Apaixonado" CDC)
Romance(+)18 🍃LIVRO UM 🍃 Um sentimento de repudio e imensa tristeza me inundava naquele momento, nem mesmo a água gélida que escorria pelo meu corpo me deixava melhor, as lembranças vivas na minha mente do que havia acontecido há pouco me atormentavam...