Capítulo 18

249 25 2
                                    





Entrei no carro e pude ver melhor seu estado, ele olhava pra mim agora, um olhar meio perdido, seu rosto estava com alguns hematomas bem inchados e roxos além de manchas de sangue e sua camisa de cor preta justa ao corpo estava toda molhada do que suspeitei também sendo sangue. Levei minha mão até sua camisa e a elevei.

– Meu Deus, Quem fez isso Caio? – lhe perguntei me segurando pra não chorar ali, o buraco da bala estava bastante aberto, o que significava que os pontos haviam arrebentado, de alguma forma o sangue havia estancado, o que era bom mas sua barriga estava bastante machucada, sua pele morena não estava tão morena assim agora, parecia que havia saído de uma briga mas com quem? E por quê?

Poderia ser idiotice da minha parte mas eu sentia uma conexão com ele, ele estava sofrendo e naquele momento também passei a sofrer, a sentir a dor que ele sentia.

– Me leva pra sua casa – me pediu ignorando minha pergunta.

– Nesse estado você precisa de um hospital.

– Eu não quero hospital... por favor me leva pra sua casa, eu estou bem – insistiu.

– Tudo bem! – falei saindo do carro e acenei pra que Fagner viesse até mim.

– Como ele está?

– Péssimo, vamos ter que leva-lo a algum hospital, os pontos arrebentaram, está todo cheio de hematomas, me ajuda a tira-lo do carro?

– Claro.

Abri a porta do motorista e com muito sacrifício, passei seu braço por cima de meu ombro, Fagner o pegou do outro lado.

– Eu falei que era só você – ele falou olhando pra mim enquanto o colocava no banco de trás do passageiro.

– Eu precisava de ajuda – disse. Sentei ao seu lado enquanto Fagner dava partida – Quem fez isso contigo?

– Ninguém – respondeu de forma seca.

– Como assim ninguém?

– Ninguém, EU JÁ DISSE QUE NINGUÉM – gritou me pegando de surpresa por tal reação inesperada, Fagner me olhou de relance pelo retrovisor e voltou a olhar pra frente enquanto eu fiquei esperando um pedido de desculpas que não veio, ele apenas deixou a cabeça cair para o lado e fechou os olhos enquanto segurava o peito, vez ou outra deixando uma expressão de dor transparecer.

Ninguém falou nada durante todo percurso, minha cabeça fervilhava de duvidas de o porquê dele ter agido daquela maneira e o principal: quem e porque fizeram aquilo com ele. Pelo incrível que pareça não estava com raiva dele, no máximo chateado por tal atitude.

Assim como pedi, Fagner deu entrada em um hospital estadual da cidade.

O sacrifício veio quando ele percebeu que estava no hospital, não quis de jeito algum sair do carro, parecia que tinha voltado a ser criança em apenas algumas horas.

– JÁ CHEGA CAIO, O que está acontecendo contigo em? Para de agir como uma criança mimada, tu precisa levar alguns pontos nesse ferimento filho da puta, esse caralho vai infeccionar, SE QUER MORRE, BELEZA, PRA MIM JÁ CHEGA, FICA AÍ SOZINHO.

Ele olhava fixo pra frente com uma expressão de raiva no rosto enquanto eu falava. Dei as costas pra ele e fui falar com Fagner que observava tudo de longe, não muito longe.

Não pensei que fosse gritar com ele, ou até mesmo xinga-lo antes mesmo dos 10 anos de relacionamento, mas depois de vários concelhos para que ele saísse do carro fracassadas e ainda tendo que aturar um segurança buzinando em meu ouvido dizendo que eu estava ocupando um espaço onde a qualquer momento poderia chegar uma emergência, difícil seria manter a paciência.

Louco Amor (Lipe "Anjo Apaixonado" CDC)Onde histórias criam vida. Descubra agora