Capítulo 24

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Ainda narrado por Caio:

Enquanto estava ali beijando ela era como se o mundo tivesse se desligado para mim, eu não sabia o que estava fazendo já que não era ela que eu amava. Ela começou a subir a mão por minha barriga entrando por baixo de minha blusa, estava começando a me sentir quente e com tesão quando ela chegou ao meu peito, era eu novamente seguindo meu instinto, era eu novamente sentindo prazer em trair, mas se servia de consolo a mim ou quem quer que fosse, fiz algo que nunca havia feito antes, eu parei, eu parei antes que não tivesse volta, segurei em sua mão a impedindo de avançar e com a outra afastei seu peito do meu, nossos lábios se desgrudaram em um estralado molhado. Imediatamente senti meu mundo desabar e de meus olhos lágrimas cair ao notar a burrada que eu havia feito.

– Você não é ele – digo.

– Claro que não, eu sou muito melhor que ele – diz avançando novamente pra me beijar, mas a impedi dessa vez.

– Eu o amo, eu não vou fazer isso com ele.

– Você já fez ao me beijar, um a mais ou um a menos não faz mais diferença – novamente tentou me beijar e novamente a impedi – porra Caio, o que há contigo além de ter se tornado viado? Decidiu agir também como a madre Teresa de Calcutá agora? Você sempre me traiu mesmo me amando.

– Eu nunca te amei Teresa, eu apenas pensei te amar, no máximo uma paixão que já acabou – digo.

Ela parou um pouco e me analisou seriamente.

– Você mente Caio, você me ama, eu sei disso, se não me amasse não teria me beijado.

– Eu beijei por pena.

Logo após ter falado isso, me arrependi. Por mais safada que ela tinha sido, sentia que ela não merecia ouvir algo tão agressivo como aquilo.

Sua face mudou completamente e de seus olhos escorreram lágrimas, fui duro demais com ela ao deferir aquelas palavras.

– EU TE ODEIO – ela gritou antes de começar a socar meu peito. Eu deixei, deixei com que extravasasse sua raiva até não ter mais forças. Ela gritava e chorava ao mesmo tempo em que me socava.

Minutos depois sentia meu peito arder, ela de quatro a minha frente chorava compulsivamente por raiva e talvez por magoa, enquanto eu chorava baixinho por sentir medo, por não saber o que fazer, por está presenciando aquela cena. Aproximei-me dela e a ergui do chão até fica ajoelhada, lhe envolvi em um abraço apertado, ela não mostrou resistência e me abraçou forte deixando as lágrimas caírem.

– Eu te amo Caio, por favor, volta pra mim, meu mundo não tem mais sentindo – dizia ela. Ouvir aquilo me cortava o coração – Vamos criar nosso filho juntos, o sinto crescer em minha barriga, mas não me sinto feliz pelo simples fato de você não está aqui pra acompanhar essa evolução.

Ela falou muito mais antes de adormecer ali no chão, abraçada comigo. Eu não falei nada, até porque não sabia o que falar pra ela, ela também não exigiu que eu falasse, talvez pelo simples fato de só querer desabafar. A levantei do chão num esforço tremendo pra não me desequilibrar e cair, a coloquei na cama de barriga pra cima, então, pude respirar mais aliviado. Já tinha passado.

Sentado na beirada da cama, ao lado dela, a vejo dormir, fiquei sem saber o que fazer até me lembrar de que eu iria ser pai, isso mesmo, pai. Minha ficha ainda não havia caído. Fixei meus olhos na barriga dela, onde nosso filho se desenvolvia, procurei algo de diferente que evidenciasse que ele realmente estivesse ali, mas não percebi nada. Fui mas além e coloquei minha mão direita sobre a barriga, por cima do vestido simples que ela trajava. Assim como no olhar esperei não senti nada, mas eu senti, eu não sei explicar com palavras, mas era como se naquele exato momento existisse uma espécie de vidro nos separando e a sua pequena mãozinha estivesse ali contra o vidro em cima da minha. Foi a primeira vez que me senti pai, e pode-se dizer que foi uma das melhores sensações que já tive. Eu, um garoto de apenas 18 anos, já responsável por um ser tão pequeno. Eu não sabia, mas foi a partir dali que eu comecei a amar aquela criança. Meu filho.

Louco Amor (Lipe "Anjo Apaixonado" CDC)Onde histórias criam vida. Descubra agora