Capítulo 3

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Um ano e meio se passou e Ian continuava saindo aos domingos para vê-la. Sempre escondido do pai.

Seu treino ficava cada vez mais pesado, por mais profissional que se sentisse, e as idas até Keira ficavam cada vez mais suspeitas. A menina já finalizava seu segundo ano de faculdade, faltando apenas mais um para se formar. Estava disposta a fugir com o namorado para escapar de Vincent e da vida árdua que ele levava.

O aniversário de 21 anos de Ian caiu em um sábado. Vincent o liberou o dia inteiro, querendo agradá-lo. Ele agarrou a cabeça do pai e deu-lhe um beijo de felicidade na testa. Pegou um táxi até o centro, sempre checando se não estava sendo seguido. Ligou para Keira do carro, mas ela não estava em casa. Chegou, tocou a campainha, esperou, ligou mais uma vez, e nada.

— Droga.

Sentou-se encostado na porta e ali esperou até que ela chegasse. Mas ela não chegava, o tempo passava lento demais e aquela tortura era pior do que a física que sofria com seu pai. Olhou para o relógio, já eram 15:30. Fumou um, dois, três cigarros e nada, 17:30 e ele andava pelo corredor esperando que o tempo passasse mais rápido. Quatro, cinco, seis cigarros. E então ela chegou.

— Ian! O que faz aqui?

Ele a abraçou apertado, dando um beijo longo e resmungando pela demora. A ajudou com várias sacolas pesadas para dentro do apartamento, deixando-a livre para fechar a porta.

— Meu pai me liberou para o meu aniversário.

— Meu Deus. É hoje. Me perdoe, eu não poderia ter esquecido.

— Não importa. O importante é que estamos aqui.

A agarrou inesperadamente e, sem se soltar de um beijo, ela o despiu de sua camisa. Ian gostava de seu toque suave, sempre o virava do avesso, gostava do que ela vestia sobre as roupas, gostava de como o olhava apaixonada. Quando estavam separados, não havia um momento sequer em que ele não desejasse sua boca, seus lábios eram mais viciante que o cigarro.

Keira pulou com as pernas lhe agarrando a cintura e ele a sustentou com facilidade até a cama, sentindo seu coração pulsar forte no peito. Ela saboreava cada movimento como se fosse demorar para se repetir. Ambos se afogaram nos edredons macios, trilharam seus corpos como se não se conhecessem, causando faíscas como se o fogo já não estivesse alastrado.

Ainda ofegante, ficaram debaixo das cobertas trocando beijos por longos minutos. Ian deixava beijos por seu corpo, pele que amava tocar.

— Na verdade, lhe comprei um presente há uns dias. - Keira resmungou, brincando com os fios compridos de seus cabelos que necessitavam de um corte.

Ele se animou, não queria que ela gastasse dinheiro consigo, mas nem de seu pai era comum receber presentes. Seus olhos brilharam como os de uma criança. Ela se levantou, nua e bela, não perdendo a deixa de provocá-lo, e foi buscar pelo presente. Voltou com uma pequena caixinha cinza com um pequeno laço em sua tampa.

— É para você usar quando seu pai não estiver olhando. - Debochou.

Ele abriu a caixinha e retirou dois colares, ambos carregavam uma metade de coração.

— Keira, isso é ouro? - Tinha olhos muito bons para joias, sabia a resposta. - Você não deveria ter gastado tanto.

— Aceite. Nunca lhe dou presentes. - Apanhou sua metade, já colocando em seu pescoço e o ajudando a fazer o mesmo em seguida. - É meu coração, o nosso. Somos um só. - Sussurrou, deixando um beijo terno em seus lábios.

Keira já havia dito tantas vezes as três palavras preciosas, ambos sabiam que era recíproco, ele a amava, mas Ian nunca pronunciava as palavras em voz alta. Finalmente sentiu que deveria.

O Fim Do InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora