Capítulo 38

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Um tiro soou. Alana elevou os olhos em direção do som e viu Jeff cair, seu sangue respingou pela parede clara e um furo em sua cabeça criava uma poça vermelha ao seu redor.

A Doutora sacou a arma em reflexo.

Rupert, desarmado e com o coração a mil, correu até o amigo, ciente de que não poderia ampará-lo.

Isabela sacou a arma de sua cintura, mas, antes que pudesse destravá-la, levou também um tiro na testa. Caiu no chão de peito para baixo, ensopando o rosto e os cabelos com a mistura de sangue e chuva.

Ian caminhou para fora da sala escura em direção a Rupert, deixando a chuva lavar o sangue dos machucados em seu rosto. Ele sorriu maleficamente para o ruivo, sentindo a alegria de finalmente dá-lo o que merece.

— Não atire. - Disse Alana, alto o suficiente para que ele a ouvisse sobre o som da chuva, apontando a arma a ele.

Ian virou sua mira para a Doutora assim que se viu sobre seu foco, ela estava mesmo apontando uma arma para ele? Ela mesma quem consertaria o estrago que fizesse, de qualquer maneira. A encarou desacreditado e permaneceu em silêncio por alguns segundos, enquanto ouvia Rupert sair correndo, entrar no carro, dar a partida e correr como um covarde.

— Atire. - Ele soou, abaixando a arma e se aproximando. - Vamos. Tem certeza de que é para mim que essa arma deveria estar apontada?

— Você acabou de matar Isabela. - Sua voz soou tremida, chorosa. - Na minha frente.

— Tem noção do que ela fez? - Hesitou por um instante. - Ela ameaçou minha filha. - Vociferou.

O grito a assustou, a fazendo endireitar a postura e firmar a arma em suas mãos. Ele se aproximou ainda mais e tocou o peito na boca da pistola, atiçando, como se não soubesse que ela não ousaria atirar, assim como ele não atiraria no pai dela se tivesse a chance. Ian tirou o cabelo molhado que atrapalhava sua vista do rosto e a observou nervosa ao segurar uma pistola que aparentemente tinha uma igualzinha em casa, se aquela não fosse a sua.

— Atire, Alana. Você sabe que não sou o alvo certo. - Levantou a voz ainda mais. - Se tem coragem de apontar a arma para mim, então atire.

Ele suspeitou de que ela chorava, mas, com a chuva, não conseguiu diferenciar. Ian não queria pensar em si naquele momento, mas, da mesma forma que Alana se sentia segurando um revólver, Ian também a enxergava, durona, no controle, como sempre, e essa confiança, por mais que ela titubeasse e não soubesse usar uma arma, o provocou.

— Se acha muito corajosa com uma arma na mão, não é? - Jogou sua pistola no chão e voltou seus olhos para o cano da arma na mão da Doutora. - Largue isso e venha me encarar.

Esperou alguns segundos pela reação da moça, mas ela estava paralisada. Então Ian juntou toda raiva que estava sentindo por ela lhe apontar uma arma após tudo o que passaram, arrancou o revólver de suas mão, jogou para perto da sua, puxou-a pela cintura, um tanto quanto feroz, entrelaçou os dedos nos cabelos molhados da moça e selou seus lábios em um beijo sedento.

Ele não tinha gosto de cigarro, tinha de sangue, mas algo a impediu de separar suas bocas, como se interiormente quisesse isso por muito tempo. Algo nele era a mais do que os outros. Não seria mais tão fácil aparecer com outro cara no dia seguinte, sentia uma estranha vontade de acordar no dia seguinte aguardando apenas o momento em que ele a beijaria daquela forma novamente.

A boca doce da Doutora deixou um gosto delicioso em sua língua, apagando aos poucos o gosto de ferro. Ela agarrou seus cabelos, permitindo-se envolver de corpo inteiro. Evitou tanto o rapaz, mas, naquele momento, não quis mais que ele parasse.

O Fim Do InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora