— Suas mãos estão suadas. Ian, acalme-se.
— Eu não vou me acalmar. Ele afastou de mim todas as pessoas com quem me relacionei toda a minha vida. Se ele me afastar de você... Se me afastar do nosso filho...
— Ficar nervoso assim não vai ajudar em nada. Transmita confiança.
Ian e Keira esperavam por Vincent na sala de estar da casa. Ouviram o som de seus passos se aproximando, sempre pontual. Desceu as escadas com um sorriso de orelha a orelha - Para Keira, simpático. Para seu filho, assustador.
— Keira. - Ele pegou a mão da menina e deu um beijo. - É um prazer conhecê-la.
— Igualmente, senhor. - Ela escondia a mão frenética de Ian em suas costas. - Tem uma bela casa.
Quase uma mansão. Ele não parecia o tipo de homem trabalhador. Aquele dinheiro todo parecia ilegal aos olhos de Keira.
— Nós conquistamos o que merecemos. Espero que meu filho não tenha feito a minha caveira para seus ouvidos.
"Que o senhor o tortura todos os dias e não o deixa ter uma vida? Sim, ele comentou.".
— De forma alguma. Ian sempre falou muito bem do senhor.
— Está servida de um café?
Ela hesitou, mas Ian assentiu com um sorriso nervoso.
— Descafeinado, por favor.
Depois de uma tarde agradável com Keira, Vincent voltou ao escritório de Daniel. Nada feliz, com ira pulsando das palmas de suas mãos.
— Você me ofereceu um favor e irei aceitá-lo. - Ele começou.
Daniel acendeu um cigarro com olhos interessados no que Vincent tinha a dizer.
— Há uma garota! - Deduziu.
— Sim. E ela está grávida.
Vincent era alguns anos mais velho do que Daniel, mas o poder que ele possuía naquele lugar era bem maior do que o de Vincent.
— Sinto muito, então. Isso não estava no contrato.
— Como assim? Você disse que a tiraria do meu caminho. Estou no último estágio do processo. Preciso que ele foque nos treinos.
— Faremos o seguinte, - Ajeitou-se em sua cadeira presidencial e deu uma longa tragada. - Apagarei a garota, mas apenas após o nascimento da criança.
— Que brincadeira é essa, Dan?
— Eu não tiro a vida de crianças, amigo. Se quiser... Tire você.
Eles fecharam acordo, mesmo sabendo que também não teria coragem de tirar a vida de seu neto. A criança seria uma distração, mas ele faria de tudo para que Ian permanecesse com sua mente centrada em sua vingança.
É difícil tirar algo da cabeça de alguém quando a pessoa cresce acreditando naquilo. Ian completaria aquela missão, mesmo não querendo, mesmo não achando certo, mesmo tendo motivo para se voltar contra o pai.
Ian ficou ainda mais nervoso quando fora conhecer os pais da menina. Surpreendeu-se quando recebeu apenas gentileza. Afinal, estavam tão felizes por ele fazer sua filha feliz.
— Mas terá que largar esse hábito terrível quando o bebê nascer, rapaz. - O pai de Keira o repreendeu assim que levou um cigarro aos lábios. - Já foi difícil o suficiente convencer Keira a parar com esse vício.
— Não se preocupe, senhor. - Pegou o cigarro e voltou para o bolso antes de acendê-lo, não o jogaria fora, fumaria após uma aula em que seu pai o forçasse a lutar contra ele novamente, junto a mais outros cinco cigarros.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Fim Do Inverno
RomanceRoubado na maternidade, Ian é treinado para matar o próprio pai em busca de vingança. Mesmo sem saber a realidade, ele acredita em seu destino e precisa completar a missão que lhe foi dada. Mal pode esperar para se livrar das torturas que é submetid...