Capítulo 4

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 — Suas mãos estão suadas. Ian, acalme-se.

— Eu não vou me acalmar. Ele afastou de mim todas as pessoas com quem me relacionei toda a minha vida. Se ele me afastar de você... Se me afastar do nosso filho...

— Ficar nervoso assim não vai ajudar em nada. Transmita confiança.

Ian e Keira esperavam por Vincent na sala de estar da casa. Ouviram o som de seus passos se aproximando, sempre pontual. Desceu as escadas com um sorriso de orelha a orelha - Para Keira, simpático. Para seu filho, assustador.

— Keira. - Ele pegou a mão da menina e deu um beijo. - É um prazer conhecê-la.

— Igualmente, senhor. - Ela escondia a mão frenética de Ian em suas costas. - Tem uma bela casa.

Quase uma mansão. Ele não parecia o tipo de homem trabalhador. Aquele dinheiro todo parecia ilegal aos olhos de Keira.

— Nós conquistamos o que merecemos. Espero que meu filho não tenha feito a minha caveira para seus ouvidos.

"Que o senhor o tortura todos os dias e não o deixa ter uma vida? Sim, ele comentou.".

— De forma alguma. Ian sempre falou muito bem do senhor.

— Está servida de um café?

Ela hesitou, mas Ian assentiu com um sorriso nervoso.

— Descafeinado, por favor.

Depois de uma tarde agradável com Keira, Vincent voltou ao escritório de Daniel. Nada feliz, com ira pulsando das palmas de suas mãos.

— Você me ofereceu um favor e irei aceitá-lo. - Ele começou.

Daniel acendeu um cigarro com olhos interessados no que Vincent tinha a dizer.

— Há uma garota! - Deduziu.

— Sim. E ela está grávida.

Vincent era alguns anos mais velho do que Daniel, mas o poder que ele possuía naquele lugar era bem maior do que o de Vincent.

— Sinto muito, então. Isso não estava no contrato.

— Como assim? Você disse que a tiraria do meu caminho. Estou no último estágio do processo. Preciso que ele foque nos treinos.

— Faremos o seguinte, - Ajeitou-se em sua cadeira presidencial e deu uma longa tragada. - Apagarei a garota, mas apenas após o nascimento da criança.

— Que brincadeira é essa, Dan?

— Eu não tiro a vida de crianças, amigo. Se quiser... Tire você.

Eles fecharam acordo, mesmo sabendo que também não teria coragem de tirar a vida de seu neto. A criança seria uma distração, mas ele faria de tudo para que Ian permanecesse com sua mente centrada em sua vingança.

É difícil tirar algo da cabeça de alguém quando a pessoa cresce acreditando naquilo. Ian completaria aquela missão, mesmo não querendo, mesmo não achando certo, mesmo tendo motivo para se voltar contra o pai.

Ian ficou ainda mais nervoso quando fora conhecer os pais da menina. Surpreendeu-se quando recebeu apenas gentileza. Afinal, estavam tão felizes por ele fazer sua filha feliz.

— Mas terá que largar esse hábito terrível quando o bebê nascer, rapaz. - O pai de Keira o repreendeu assim que levou um cigarro aos lábios. - Já foi difícil o suficiente convencer Keira a parar com esse vício.

— Não se preocupe, senhor. - Pegou o cigarro e voltou para o bolso antes de acendê-lo, não o jogaria fora, fumaria após uma aula em que seu pai o forçasse a lutar contra ele novamente, junto a mais outros cinco cigarros.

O Fim Do InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora