Capítulo 9

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 "Preciso me preparar espiritualmente quando acordo sabendo que vou matar alguém?". Ian não queria se levantar da cama, mas juntou toda a vontade de botar seu treino de anos em prática e levantou com um pulo. Desceu as escadas até o porão e abriu seu arsenal, pegou sua pistola de estimação, a Taurus 92 de 17 tiros, uma faca militar, sua bainha, o coldre de tornozelo e munição reserva, "Só para garantir.". Levou tudo para o carro e colocou debaixo do banco passageiro dentro de uma mala.

Enquanto levava Angelina para a escola, o rapaz não parava de pensar nas câmeras do hospital e nas pessoas que poderiam vê-lo. Poderia pedir que Nolan desativasse as câmeras, mas, se alguém visse seu rosto... já era. Após deixar a filha, foi direto para uma loja de fantasias. Resmungou pela dificuldade de encontrar por uma. Entrou analisando as máscaras de super-heróis, mas isso chamaria muita atenção. "O que não chamaria atenção, o que não chamaria atenção...". Seus olhos brilharam quando encontrou uma barba lenhador e não pensou duas vezes. Comprou a barba e um tapa-olho, que obviamente não seria de bom uso.

Vestiu a jaqueta dupla face que estava no banco traseiro de seu carro - com a cor preta para fora e a laranja para dentro -, vestiu o coldre e encaixou a pistola na canela. Prendeu a faca com sua bainha por dentro da jeans que vestia. Colou a barba, "Perfeito", uma touca e óculos de sol para completar. Respirou fundo e seguiu para o hospital.

Antes de descer do carro, trocou uma palavrinha rápida com Deus enquanto fumava um cigarro. Se ele o entendia? Talvez um dia tivesse a resposta, mas naquele momento só estava torcendo para tudo dar certo. Justiça teria que ser feita. Aqueles homens atiraram em seu pai e mataram sua mãe. Ele estava ali para fazê-lo pagar.

Mandou a mensagem para Nolan, que não demorou a responder.

- Desative as câmeras do Hospital Acer.

E não deixe que as ativem até o meu sinal. Ok?

- Ok!!!

Entrou discretamente no hospital. Sentou-se na sala de espera junto a alguns idosos, esperando seu coração desacelerar. "Não importa quantos morrem tentando protegê-lo. Você precisa tirar a vida dele. Justiça, meu filho. Justiça", lembrou-se das palavras do pai.

Observou o movimento. Shaw estava em sua sala e não sairia tão cedo. O pronto-socorro estava lotado, dava para ver pelas paredes de vidro do outro lado do hospital. Alguns seguranças andavam para lá e pra cá. As médicas - aparentemente todas muito novas para tal cargo – vez ou outra chamavam os pacientes. A recepcionista parecia desconfiar, mas Ian manteve os olhos no celular para não cruzar olhares inconvenientes com ninguém. Ela eventualmente deixou o rapaz de lado.

Quando deu por si, já estava esperando há duas horas, então resolveu se levantar. Caminhou até o elevador, ao lado de algumas pessoas. As portas se abriram e duas mulheres desceram. Junto a ele entraram mais sete pessoas. Ele apertou o último andar e aguardou. Quando atingiu o quinto e último andar, já estava sozinho. Desceu com as mãos nos bolsos, procurando pela sala do chefe. Inconfundivelmente, cercada por três seguranças, lá estava ela ao lado esquerdo do ambiente.

Ele foi seco com a mão na maçaneta, mas estava preparado pelo que aconteceria. Um dos seguranças o barrou e o empurrou para longe, mas, antes de ser levado por outro, virou com um chute no rosto daquele que o barrou primeiramente e o empurrou para cima do segundo. Mandou um soco de direita no estômago do terceiro, que estava prestes a sacar sua arma, e imobilizou seu braço para trás, deixando-o de cara no chão. O segundo se levantou, sacou a arma e atirou, mas Ian usou o terceiro como escudo e nocauteou o segundo com um chute. O primeiro ameaçou se levantar, mas continuou no chão quando notou que seria derrotado. Ian aproveitou a janela e entrou na sala de Shaw, que já estava armado, esperando seja lá o que fosse que estava causando aquele tumulto na porta de seu escritório.

O Fim Do InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora