Capítulo 22

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 — Filho, entre. Quero trocar uma palavrinha contigo antes de ir. - Vincent tirou o menino do carro e o fez entrar, sentar e tomar um café. Ian nunca negaria um café.

Ian já estava planejando como faria para arrombar o pequeno armário do pai e ver quem eram as outras pessoas que teria de matar. Essa agonia o matava, principalmente agora com Alana insistindo que não matasse seu pai. O rapaz se perguntava se aqueles registros estavam atualizados, pois se lembrava de ela dizer que o pai já tinha feito muita coisa errada na vida, mas hoje era um homem bom e não merecia morrer.

Vincent não deixou a sala nem por um instante. Ele teria que planejar com antecedência se quisesse roubar aqueles arquivos, entretanto, hesitava sequer pensar em roubar algo do próprio pai.

— Eu lhe daria a pasta de Logan, mas, como já a tem... Só estou autorizando a missão. - Encarou o menino com o que não conseguiu definir se era medo ou ansiedade. - Tome cuidado, Ian. Sei que lhe coloquei nessa missão, mas saiba que prezo pela sua vida, meu filho. Você é o que tenho de mais precioso.

— Fique tranquilo, pai. Você me treinou bem.

Um olhar duvidoso emanou dos olhos de Ian, e Vincent não aguentou a curiosidade.

— Algum problema? - Repousou a mão no ombro do filho.

— Não, ahn... Só queria saber se pode me dar a próxima pasta. - Disse quase gaguejando, um sorriso acanhado no rosto.

— Ora, mas para que essa pressa toda? Não me decepcione, Ian. Darei no momento certo.

Alana entrou no laboratório de microbiologia procurando por uma de suas melhores amigas, checando os corredores para garantir que ninguém a seguia. Fechou a porta quando a encontrou trabalhando em um exame. O bater da porta chamou a atenção da médica concentrada, quando olhou para Alana, a moça chorava descontrolada, sentada no chão com as mãos cobrindo o rosto.

— Meu Deus, Lana. O que houve? - Perguntou a amiga, largando o trabalho e correndo em direção a ela.

— Não sei. - Soluçou. - Quando cheguei em casa hoje, Simon me ligou, disse que eu estava demorando tanto que... - As lágrimas não a deixaram concluir a frase.

— Onde você passou a noite?

— Eu não podia voltar, Lucy. Às vezes ele me entedia e fica agressivo.

— Ele bateu em você?

— Não. Não é louco.

— Conte-me direito o que está acontecendo, por favor.

— Eu não sei. Eu estava com esse cara que é um perfeito imbecil, mas ele até que não é tão imbecil, só que passar algumas horas com ele... - Pausou em seu pensamento, optando por omitir a parte em que estava drogada. - fez Simon parecer ainda mais entediante e eu não consigo mais passar sequer um minuto ao lado dele.

— Não sabia que estava tão apaixonada por ele para chorar dessa maneira.

— Eu não estou. Ele é um saco.

— Porque não termina com ele?

— Eu terminei. Quando ele me ligou hoje.

— Terminou por telefone? Por isso está chorando.

— Não.

— Então... Por quê?

— Eu não sei. É tudo tão depressiante.

— "Depreciativo", você quis dizer? - Corrigiu.

— Eu nem sei falar. - Mais lágrimas caíram.

O Fim Do InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora