We're gonna save our daughter.

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Capítulo 14

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Capítulo 14.
Nós vamos salvar nossa filha.
BETTY COOPER

- Sentem-se, por favor. - pediu a médica, enquanto ela mesma puxava uma das três cadeiras para si. - Vou lhes explicar o que é a doença e os procedimentos.

Jughead puxou uma das cadeiras e me sentou na mesma, e ficou em pé atrás de mim, apertando os dedos em meus ombros em uma massagem suave. Respirei fundo tentando cessar as lágrimas sem sucesso e fixei minha atenção na jovem médica a minha frente.

- Bom, paizinhos, nós sabemos que a Leucemia não é uma doença fácil, mas ela tem cura. O tipo de Leucemia que a filha de vocês tem é a leucemia mielomonocítica crônica, LMMC, é um tipo de câncer que começa nas células formadoras do sangue da medula óssea. - explica ela, da maneira mais calma possível. - Basicamente, os pacientes com LMMC apresentam um elevado número de monócitos no sangue, em geral, existe a presença de células anormais na medula óssea.

- O que fazemos para que ela fique boa logo? - indago, engolindo em seco.

- Bom, nós vamos entrar com quimioterapia, antibióticos para prevenir infecções. O uso de azacitidina ou decitabina também são uma opção de tratamento. - explica, olhando-nos nos olhos constantemente. - Porém, o transplante de células tronco, as células do cordão umbilical, é o único tratamento que pode curar a leucemia mielomonocítica crônica.

- Como isso funciona? - Jughead questiona, e eu o olho brevemente. Ele estava tão acabado como eu devia estar.

- Inicialmente o paciente recebe uma dose elevada de quimioterapia, em combinação com radioterapia de corpo inteiro para destruir todas as células da medula óssea. Em seguida, o paciente recebe as novas células tronco que formam o sangue. - ela suspira e umedece os lábios, ajeitando os papéis em seu colo. - Existem dois tipos de transplante, alogênico e autólogo, mas, no caso de Brianna, só poderíamos utilizar o alogênico.

A encaramos por alguns segundos, e ela se dá conta de que não entendemos termos médicos, e começa a explicar:

- No transplante alogênico, o paciente recebe as células tronco de um doador. Os melhores resultados são obtidos quando as células do doador são compatíveis com as do paciente, geralmente de um irmão.

- Mas não temos outros filhos... - sussurro, encolhendo os ombros.

- Essas células, são aquelas que são retiradas do cordão umbilical, certo? - Jughead questiona, e a médica assente. - Então, se tivéssemos um filho, quando nascesse a cura da doença da Brianna estaria no cordão umbilical?

- Exatamente.

Jughead e eu nos entreolhamos.

Minha cabeça está girando e parece que nada do que a médica falou fora absorvido para o meu cérebro corretamente. Meu estômago dói e eu estou enjoada.

- Você está dizendo que para salvar a nossa filha teríamos que ter outro filho? - pergunto quase sem voz.

- Nós podemos tentar outros métodos, mas, é o método mais eficaz e o único que tem cem por cento de sucesso.

Ouço Jughead andar de um lado para o outro atrás da nossa cadeira, e tenho certeza de que ele estava a ponto de arrancar os fios de cabelo de sua cabeça.

- Mas, mesmo que eu engravidasse hoje, ainda seriam nove meses com ela sofrendo dessa maneira! - grunho, começando a sentir meus olhos marejarem novamente.

- As sessões de quimio e radioterapia amenizam os sintomas. - Dr. Sabrina coloca-se de pé e nos lança um sorriso de apoio. - Vou deixar que vocês conversem por uns instantes, volto em uma hora para conversarmos sobre o início do tratamento.

Assim que ouvi o barulho da porta sendo fechada, afundei o rosto em minhas mãos e deixei o choro irromper por minha garganta. Segundos depois, senti Jughead ajoelhar-se na minha frente, abraçando-me apertando. O envolvi em meus braços e apoiei a bochecha no topo de sua cabeça, ouvindo-o chorar baixinho.

- O que nós vamos fazer agora? - sussurrei em meio a um soluço.

- Nós vamos salvar nossa filha, Betty. - ele disse firme, levantando o olhar para o meu rosto.

- Nós não podemos ter outro filho, Jug... Isso não seria certo. Não estamos mais juntos, você e a Veronica... Não dá. - digo baixo, sentindo meu rosto ficar cada vez mais molhado pelas lágrimas.

- Betty, eu não quero saber de nada além da saúde da nossa filha. Se a única maneira de salvar a Brianna é nós termos outro bebê, eu estou dentro, e quero muito ouvir de você que também está. - ele pede, seus olhos cansados suplicando pela minha resposta.

- Você acha que a Veronica vai concordar com isso? - pergunto baixo.

- Eu não estou mais com a Veronica, Betty, e mesmo que eu tivesse, nossa filha vem em primeiro lugar.

- Você acha que depois de tanto tempo vamos conseguir...? Acha que... - deixo a frase morrer, sentindo a vergonha fazer meu rosto esquentar.

- Garota, eu nunca deixei de desejar você. - ele sussurra, olhando em meus olhos, e por mais que isso não fosse o que eu realmente queria ouvir, sinto um friozinho na barriga. - Nós vamos conseguir.

Assinto com a cabeça sem conseguir dizer nada. O medo, a preocupação, constrangimento, a tristeza, todas aquelas sensações estavam em numa névoa grossa sobre a minha cabeça. Me permiti ser abraçada e consolada por Jughead enquanto esperávamos a médica, pensando no que seria das nossas vidas dali pra frente.

Observando nossa filha dormindo naquela cama de hospital, tive certeza de que faria qualquer coisa por ela. Teria um filho até com o Chuck se aquilo fosse salvar a vida dela.

Senti os braços de Jughead voltarem a envolver meu corpo, e seus lábios tocaram suavemente o topo da minha cabeça.

- Vai dar tudo certo. - ele sussurrou contra os meus cabelos.

Me viro para Jughead e seguro seu rosto em minhas mãos, olhando-o nos olhos. Eu engulo em seco, tomando coragem para falar o que eu queria.

A descoberta recente da doença de nossa filha fez com que minha cabeça ficasse tão embaralhada a ponto de eu conseguir ver as coisas mais claramente.

A vida é curta demais... Não sabemos quando vamos nos despedir de alguém que amamos, não sabemos quando não vamos mais acordar de manhã. Eu não queria mais desperdiçar meu tempo com brigas, com mágoas do passado, e por mais que eu soubesse que as coisas seriam muito difíceis dali para frente, eu queria fazer as coisas se encaixarem e se acertarem.

Eu amo Jughead. Independente de todas as mágoas, medos, decepções. Nunca, nenhum dia sequer da minha vida eu deixei de amá-lo, e no fundo, eu sabia que ele ainda sentia o mesmo por mim.

Olhando-o nos olhos, com as mãos em sua face macia, eu o beijei. Um beijo de saudade, de agradecimento por cuidar da nossa filha, de medo por não saber o que viria pela frente, de raiva e mágoa por ter ficado tanto tempo sem ele, mas, o mais importante, um beijo de amor, de amor de verdade e puro, que eu sabia que nunca, jamais acabaria.

- Eu te amo. - confessei, ainda de olhos fechados, com a testa repousada no nariz dele. - Eu jurei para mim mesma que eu nunca te diria isso outra vez e que nunca deixaria você entrar na minha vida de novo, mas não vale a pena, Jug. - engoli em seco e o olhei nos olhos novamente. - A vida é curta demais para ficarmos dificultando as coisas tanto assim... Eu perdoo você, e quero te pedir que me perdoe também.

O sorriso de Jughead, mesmo triste, é largo e amoroso. Ele me beija novamente. Naquele beijo tinha todas as respostas que eu precisava, toda a segurança de que faríamos tudo dar certo e que salvaríamos a nossa filha.

- Eu nunca vou deixar de te amar. - sussurrou ele, pela primeira vez, com todas as paredes no chão.

ʟɪғᴇ ʀɪᴅᴇ 彡 ᵇᵘᵍʰᵉᵃᵈOnde histórias criam vida. Descubra agora